41. O meu tem bolo

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Nem mesmo os meus gritos foram o suficiente para fazer Otto soltar o Wenyi, o pior era que ele não fala nada e nem mesmo o Druga conseguiu tirar ele de cima, sem escolha procuro o maior vaso que encontro e o entrego ao Druga.

— Acerta com força na cabeça — ele me olhava sem reação e isso me irritou mais — Deixa que eu faço...

Sem pensar, sem respirar e com muita força acerto a cabeça do Otto o deixando um pouco tonto e finalmente ele solta o pescoço do Wenyi que já estava quase desmaiando.

Os seus olhos procuram quem foi que fez aquilo e quando percebe que fui eu, vem na minha direção, ao contrário dos gritos do Itoko para correr eu me mantive parada olhando diretamente nos seus olhos.

— Por que fez isso?

— Única forma que encontrei de te parar.

— Queria me apagar? — nossos corpos estavam colados, mas a sua mão não me tocava.

— Claro que não, apenas te parar, afinal mereço uma explicação.

— Onde aprendeu isso? — como respondo apenas com o seu nome, ele me leva as suas mãos no meu pescoço e o meu corpo reage sozinho o acertando na virilha — Merda Iris, eu quero nomes de quem já tentou te tocar assim — ele dava murros no chão e tenho certeza que não era de dor.

Não vou tocar neste assunto e sim, já tentaram me agarrar a força, sim, mas isso ficou no passado e não quero voltar neste assunto, chamo o Wenyi para o escritório já que ele era o único, não me olhou diferente.

Logo Itoko veio atrás, mas a pergunta do Wenyi me paralisou, afinal ele me perguntou o motivo de estar procurando o pilantra do tio dele, quando estava quase pedindo para ele me explicar a Morrigan entrou no escritório também.

Uragiri e a Morrigan apontam a arma para Wenyi que apenas sorri erguendo a mão, mas assim que eu entro na frente eles abaixam, assim que o olhar deles vai para as telas os dois paralisam também.

— Vocês têm cinco minutos para me contar tudo ou estou indo para o aeroporto e entro no primeiro jato que achar mais interessante.

— O meu tem bolo — Itoko segura a risada enquanto abaixa a cabeça — É sério, tem bolo de chocolate.

Como ninguém se pronunciou, Wenyi começou me contando motivo de afirmar que o tio dele era um pilantra. Ele deixa bem claro que não se lembra, pois nem era nascido, mas Furui era o irmão que não deveria ter nascido já que seu pai o teve fora do casamento com a irmã da noiva.

Cheguei a me sentar, pois quanto mais ele me contava como ele foi cruel com a mãe fez o meu estomago dar voltas da pior maneira. Não se sentindo satisfeito, ele tentou de todas as formas tirar o pai do Wenyi da sucessão.

Seu argumento era que ele por ser o primogênito deveria comandar a tríade, mas a sua crueldade atrelada com a sua índole duvidosa ele foi descartado completamente.

Com isso ele se juntou a organização do Otto, ali ele estava livre para ser o monstro que ele sempre foi, mas a tríade se afastou de todas as negociações, ele terminou a sua fala me perguntando agora quem ele decidiu que iria infernizar, mas antes que eu respondesse a Morrigan foi mais rápida.

— Meu pai, ou melhor, nosso pai — o olhar da Morrigan estava direcionado para mim.

Eles só podem estar brincando comigo, saio do escritório indo em direção ao carro do Otto e antes que conseguisse dar a partida do carro ele entrou olhando para frente.

Não queria companhia, mas também sei que ele não vai desistir de me acompanhar. Antes de entrar na rua dos meus pais eu vejo um carro diferente próximo, então passo direto na entrada.

— De quem é aquele carro?

— Furui — a resposta do Otto era baixa, ele ainda não me olhava nos olhos, freio o carro com tudo o fazendo me olhar enquanto brigava comigo.

— Se não me contar eu vou até o Furui.

— Ele é um membro antigo da organização, ao contrário dos outros ele subiu matando, chantageando e até mesmo abusando de todos que ele encontrou no meio do caminho, Shimazu foi o único que conseguiu colocar um limite nele, mas ainda, sim, ele tem os seus negócios ilícitos ativos.

— Onde eu entro nisso? Ou melhor, onde entra a minha irmã nisso? Onde entra você nisso?

— Eu não sei a resposta para as duas primeiras perguntas, mas a Morrigan sabe e quanto a mim, eu precisava assumir os negócios da família e me neguei a trabalhar para o Furui, com isso procurei famílias que tinham dívidas antigas com a organização e aqui estamos.

— Essa conta não bate, você...

Não consegui terminar de falar já que tiros começaram e em questão de segundos Otto já estava sacando algumas armas que ficavam escondidas no carro, pelo retrovisor vejo o canalha sair da casa dos meus pais e logo a casa é incendiada.

O meu plano de ir tirar satisfação com eles acabou de ser anulado, mas isso apenas deixou claro para mim que ele estava limpando os seus rastros, já que por ordem dele a minha cabeça, ou melhor, o meu corpo foi dado a prêmio a todas as máfias.

— Como ele soube da Rússia? Por que ele ligou perguntando se as minhas malas estavam prontas?

— Você fez reuniões com todas as máfias, temos espiões em todas elas e ele deve ter usado isso para recolher informações, Druga não iria me trair se é isso que está pensando.

— Alguém traiu — olho nos seus olhos e enquanto ele apenas suspira.

— Sei que é muito... — levo a mão na porta do carro, mas ele me puxa, me obrigando a ficar sobre o seu colo — Já disse que não vai fugir de mim, me xinga, me bate, mas não fuja... por favor...

Não consegui responder já que tiros voltaram a ser disparados, mas agora na nossa direção, porém em questão de segundos uma gritaria começou e pelo retrovisor vejo Wenyi em cima de um jeep e uma arma enorme atirando em nossa defesa.

Otto me puxa me abaixando contra banco quando mais quatro carros como do Wenyi passam atirando na mesma direção. O pessoal do Furui sem conseguir revidar teve que fugir, ou quase já que eles foram pegos em uma emboscada.

— Eu disse que iria participar da festa — Wenyi abre a porta sorrindo enquanto olha para mim — Tenho três notícias, uma não cheguei a tempo de salvar seus pais, segundo me diverti para caralho — o seu sorriso era contagiante — E terceiro é que Furui fugiu, o que me faz te questionar neste momento, precisa dele vivo?

— Que ele consiga falar depois, a diversão é toda sua — respondi ciente que iria tocar o terror até o encontrar.

— Além de gostosa, inteligente não me nega diversão — ele fecha a porta do carro no segundo seguinte não permitindo que Otto o responda, mas dentro do carro conseguia escutar os seus gritos que a caçada começou.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora