Fugindo Dele

23. A mimosa fica

Tento correr para o banheiro, mas Otto me puxa contra o seu corpo enquanto sorria, a sua boca desce para o meu pescoço distribuindo beijos enquanto o seu nariz vai deslizando pela minha pele.

A sua voz sussurrada no meu ouvido perguntando novamente me desarmou e quando expliquei que não fazia a menor ideia apenas saiu no naquele momento que de irritação.

Como ele começou a rir, me aproveitei para correr para o banheiro, porém quando olhei as coisas em volta percebi que tudo tinha a cara do Otto. O meu sangue começou a ferver por me lembrar que ele a mimosa já tiveram um passado.

Saio do banheiro colocando o moletom do Otto enquanto evito o seu olhar, ele claro que percebeu que tinha algo errado, mas não falou mais nada quando viu meus olhos cheios de lágrimas.

Ele já me conhecia para saber que essas lágrimas são de raiva, então apena se manteve quieto, apenas olhei para ele e avisei que não fico mais nenhum dia nesta casa.

Uragiri teve o desprazer de aparecer na minha frente tentando me impedir quando já estava na porta, ele só esqueceu novamente da janela e sorrindo eu passei por ela fazendo os dois correrem atrás de mim.

Não posso negar que estava divertido correr pela areia, até que Shimazu apareceu, claro que a Mimosa foi correndo chamar o papai. Recuperei a minha postura após respirar fundo algumas vezes, não ia dar o braço a torcer para os dois.

— Que bom que já estão se sentindo a vontade — ele não estava conseguindo esconder o desprezo na voz.

— Por pouco tempo, já estou indo embora — a mimosa não conteve sorriso da mesma forma que Shimazu fechou os punhos, claro que ele lançou as mãos para trás quando percebeu o meu olhar.

— Não quero ser aquele que transmite noticias ruins, pequena Iris, mas sua cabeça está a prêmio.

— Certamente será melhor do que conviver com a mimosa — ele achou mesmo que poderia me intimidar com o olhar, tadinho se soubesse o que já passei com meus pais, Otto me puxa para trás quando Shimazu dá um passo na minha direção

— Qual o problema com a minha filha?

— Sua presença.

— Isso é fácil de resolver — o olhar dela para o pai era genuíno e senti a dor dela, sei muito bem o que é ser usada como um objeto pelos pais — Rússia está bom? Sem data de retorno.

— Isso seria perfeito — ele sorri vitorioso enquanto a mimosa apenas abaixa a cabeça — Perfeitamente hipócrita, cretino e completamente sem noção, você não tem vergonha, ela é a sua filha, seu velho baba... — não consegui terminar de falar já que Otto tampou a minha boca com as mãos, mas pelos meus resmungos ele conseguiu entender que eu continuava xingando ele.

— Vamos encontrar outro lugar...

— Não precisa Otto, eu vou me retirar — mordo a mão do Otto para ele me soltar assim que a mimosa começou a falar.

— Deixa de ser sonsa — Otto e todos, na verdade, me olhavam como se tivesse crescido cinco cabeças em mim agora — Vem, vamos conversar.

Não esperei ela me responder e apenas quando olhei para trás Shimazu a empurrou na minha direção, meu sangue fervia e eu juro que queria voltar lá e acertar a cara daquele imbecil.

Otto tentou impedir dela vir atrás de mim, mas Uragiri o segurou, sabia que ter ele por perto iria ser de grande ajuda. Antes mesmo dela soltar aquele veneno, eu pedi para era fazer cara de nojo e me escutar com atenção.

No começo ela não entendeu e quando apontei para o seu pai, o olhar dela mudou. Ela não nunca me pareceu uma péssima pessoa, apenas segue a risca as ordens e isso pode ser um grande problema comigo, já que não tenho costume de seguir nenhuma.

Expliquei que estou ciente que entrei na sua vida atrapalhando os seus planos, mas já ressaltei também ela merece muito mais, já que a sua fama era de uma pessoa muito poderosa.

— Onde quer chegar com isso bichinho? — o seu tom curioso me fez sorrir.

— Mimosa, não precisamos ser inimigas, pelo menos não verdadeiramente.

— Já percebi que é bem observadora e até mesmo manipuladora, então por favor fale de uma vez — os seus braços cruzados e a cara de tédio era o necessário para que eles acreditassem que estávamos trocando farpas ainda.

— Acertou, mas não com você — ela tenta se mexer, mas eu nego apenas mexendo com os olhos, ainda bem que ela entendeu e voltou a sua expressão tediosa — Sei como é ser utilizada como moeda de troca e acredite levei a fama de fujona por não aceitar isso.

— Onde quer chegar?

— Tem algo muito podre acontecendo que ainda não descobri, colocaram a minha cabeça a prêmio...

— O Shinigami não vai permitir — ela me interrompe concluindo a minha frase, o que foi ótimo, afinal ela está acompanhando o meu raciocínio — Mas isso vai custar caro para ele.

— Exatamente, acredito que seu pai que colocou o preço na minha cabeça, mas ele ainda está se fazendo de bonzinho e não mude a expressão, ele é um cretino, onde já se viu te mandar para Rússia apenas porque eu pedi, velho imbecil.

Nessa hora ela não conseguiu conter o sorriso e como estávamos de costas me dei o direito de sorrir junto, no fim ela aceitou sem saber ainda no que isso vai dar, mas combinamos trocar algumas farpas na frente de todos para manter as aparências.

Nunca vou admitir que gosto dessa interação e pelo jeito o sentimento é reciproco. Retornamos em silêncio, eu pelo menos, estava pensando em como arrancar a verdade do babaca, espero que ela esteja pensando da mesma forma.

— O que foi tudo isso? — Otto estava preocupado e isso me fez sorrir ainda mais.

— A mimosa fica.

— Nos vemos por aí, bichinho — ela pisca para mim e saí andando sem esperar a resposta.

— Iris... — Shimazu me chama, ou tenta, já que fiz questão de ignorar avisando que estava com fome, irritar pessoas é o que faço de melhor e Shimazu vai entender isso agora.