Luna
Minha cara está grudada no vidro porque eu queria ver melhor, mas não foi uma boa ideia, estou tontinha de olhar a máquina girar.
Coitadinho do senhor coelho, deve estar sendo torturado dentro da máquina de lavar com a água e o sabão. Mas vai ser pro bem dele.
- Quanto tempo ele vai ficar aí?
- Alguns minutos apenas e depois teremos que colocar ele na secadora, aí você pode pegá-lo.
Gray está do meu lado com os braços cruzados. Antes eu estava observando tudo o que ele fazia para lavar a minha pelúcia.
O senhor coelho estava meio sujo, tadinho, é muito ruim ficar sem tomar banho.
Gray percebeu que ele estava sujo, então teve a brilhante ideia de levarmos ele, na verdade não é a gente que esta lavando, é a máquina de lavar e quem apertou os botões mágicos foi o Grayson.
- Será que ele está triste sozinho ali? No meio dessa água e do monte de espuma?
- Não. Ele é uma pelúcia, ele não tem sentimentos.
Tiro minha cara do vidro e olho feio para ele.
- Você é muito insensível! Ele pode ficar magoado se ouvir você falando essas bobagens.
- Ele é um objeto inanimado, Luna.
- Como você sabe? - Cruzo os braços imitando ele. - E se for que nem no Toy Story?
Ele revira seus olhos não ligando para os sentimentos do senhor coelho.
- Então torça para que ele não te mate durante a noite.
Eu arregalei meus olhinhos ao ouvir tamanho absurdo.
- Você só pensa coisa ruim, Grayson! Não pode ser assim, pensando desse jeito só vai atrair coisa ruim.
- Tá bom, Tá bom.
É sempre assim, ele concorda comigo apenas para Luna não falar mais sobre o assunto e ficar quieta.
- Não recomendo você ficar olhando a máquina girar, vai te dar tontura alguma hora. - Ele sai da lavanderia e eu sigo atrás.
Essa semana está sendo muito legal.
Luna não tem mais medo do Gray. Ele não é tão bravo quanto eu pensava, só um pouquinho mal humorado e insensível, mas pode ser legal as vezes.
Ele me houve quando falo e - quando está de bom humor - responde de vez em quando. Evito falar na hora do jantar porque ele parece estar mais cansado depois do trabalho, então só conversamos mais de manhã.
Luna ama os finais de semana porque é quando Gray fica em casa o dia inteirinho, aí eu tenho mais tempo de falar com ele.
- Você vai fazer sobremesa hoje?
- Não.
- Por que?
- Você comeu dois pacotes de doces diabéticos dias atrás e para você eu fiz panquecas de chocolate no café da manhã. - Gray pega os papéis que estava lendo antes e se senta no sofá. - Você já comeu doces o suficiente.
- Mas sempre tem mais espaço para os doces na barriga da Luna.
- Não, não tem.
- É minha barriga, então quando eu digo que tem espaço para mais doce é porque tem. - Fico com bico nos lábios e faço a carinha do gato de botas para tentar convencer ele.
- Sou eu que compro seus doces e faço as sobremesas, então se eu digo que você não vai comer, você não vai.
- Ah Gray...
Eu chego mais pertinho da poltrona dele, mas não o suficiente para invadir seu espaço pessoal.
Luna sabe o que significa espaço pessoal agora, li em um dicionário do Gray que eu encontrei aqui.
Mesmo Grayson estando sentado eu não fico da sua altura, ele é tipo o Gigante do Pé de Feijão e eu o João.
- Não adianta fazer essa cara de criança abandonada.
Ele não precisou tirar sua atenção do seu papel para saber o que eu estava tentando fazer, acho que Gray pode ter algum tipo de super poder. Sério, não é possível ele saber fazer tudo e tudo muito bem sem que ele não tenha superpoderes.
Como a Luna desiste de pedir doce pro Gray, então me jogo de qualquer jeito no sofá ficando de barriga para baixo.
Ainda não está no horário dos meus desenhos animados e nem estou afim de desenhar. Luna não pode ficar sem fazer nada porque se não fica com tédio, nem contando quantos pisos tem no chão esse tédio passa.
[...]
Hoje o Grayson está trabalhando de casa, o que significa que vamos almoçar juntos.
Como sempre, foi o Gray que fez a comida, mas sem sobremesa hoje. A comida está tão boa que nem converso com ele.
- Gostou da comida? - Eu desvio minha atenção do meu prato para ele.
- Muito!
Ele nega com a cabeça e tenho a impressão que ele não acredita que eu gostei.
- Qualquer comida para você é boa, Luna.
- Claro que eu vou gostar, toda comida que você faz é boa.
- Mas deve ter alguma comida, tempero ou ingrediente que você não gosta.
- Não sei, se um dia eu comer e não gostar eu falo, mas acho que isso nunca vai acontecer, Luna come de tudo.
Acho que ele ia falar alguma coisa, porém desiste e só continua a comer.
[...]
Eu estava novamente deitada no sofá, parece que depois do almoço eu fico com uma preguiça que me dá um soninho bom.
Luna estava quase dormindo quando leva um susto ao ver o senhor coelho na minha frente, rapidamente me sento no sofá e ao processar a situação, eu vejo que é o Grayson que está segurando minha pelúcia.
- Ele já está seco.
Não espero mais nenhum segundo e o pego para ficar nos meus braços.
- Ele tá tão cheirosinho! - Abraço meu coelho bem apertado.
- Se essa pelúcia tiver sentimentos como disse, coitado dele, você está matando esse coelho enforcado.
Luna bufa irritada com o Gray, ele sempre fala coisa desse tipo, ele é muito pessimista e só pensa em coisas ruins e muita besteira.
- Por que você tá chato hoje? Está com TPM masculina?
- Eu não tenho TPM, Luna. - Ele revira os olhos e quase vejo um sorriso surgir na sua boca.
- Mas está parecendo que tem.
Dou costas para ele emburrada, se eu olhar muito para o Gray eu vou ficar irritada e eu não gosto de ficar assim com ninguém.
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Olhos Azuis
RomanceGrayson estava vivendo sua vida monótona como todos seu dias, ele estava acostumado com essa vida e não pretendia mudá-la. Mas quando sua vida se cruza com uma pequena garota em uma situação nada comum, ele se vê perdido e com o bônus de ter que ma...