Olhos Azuis

Capítulo 34

Grayson

Luna caminha até mim segurando seus três coelhos no braço esquerdo.

— Você vai demorar?

— Não sei, mas de qualquer forma, não é para me esperar acordada, depois que o filme acabar é para ir pra cama.

A garota desvia do meu olhar fingindo que não ouviu o que eu disse.

— Estou falando sério, quero você dormindo quando eu voltar, ouviu? — Ela continua fingindo que não me ouviu com sua cara de paisagem. — Luna, estou falando com você.

A garota bufa derrotada e finalmente me encara.

— Tá bom... — Sua fala arrastada me tira um riso sincero. — Até amanhã.

Sou pego desprevenido quando ela se aproxima para me dar um abraço de lado. Ainda não acostumei com as demonstrações de afeto dela, principalmente aquelas que não estou esperando.

— Até. — Afago seu cabelo por poucos segundos e saio da casa. Dou a volta pela casa a caminho do porão.

Olhando por fora, essa parte da casa é só mais uma área comum, onde fica a parte da encenação da casa. Porém, ao entrar no local e ir mais a fundo, você encontra uma sala fechada a prova de sons.

Normalmente não costumo usá-las, apenas em casos isolados como o de hoje.

A desconhecida está amarrada em uma cadeira enquanto está em supervisão de três dos meus seguranças. Antes de eu começar meu trabalho, eu chego perto de Marcos.

— Garanta que Luna vá para a cama depois de terminar de assistir o filme. — Ele dá um breve aceno com a cabeça e sai por onde eu entrei.

Marcos é o único segurança que permito chegar perto de Luna ao ponto deles terem uma intimidade. Além de ser o melhor de meus homens, ele também tem minha confiança assim como conquistou a da garota.

— O que está acontecendo!? Por que estou aqui!?

Meus pensamentos são interrompidos pela gritaria da ruiva em minha frente.

— Não há necessidade de gritar, ninguém fora dessa sala irá escutar suas súplicas. — Minha fala só desespera mais a mulher.

A sala está quente por conta da única saída de ar ser a porta, e é por isso que o cabelo ruivo gruda no rosto mulher com a ajuda de seu suor.

— Não gosto de papo furado e se eu fosse você, abriria a boca. Vai por mim, você não vai querer me enrolar. — Tenho a impressão que a cada minuto que passa a aflição dela aumenta. — Como conhece Luna?

— Eu não conheço...

— Tem certeza que vai querer mentir para mim senhorita Brandão? — Retiro a proteção de minha faca e admiro seu cabo personalizado com ouro.

Julia Brandão, 23 anos e de origem brasileira. Começou a estagiar na empresa após conseguir uma bolsa de estudos aqui no país e onde permaneceu por sete meses.
Essas foram as informações que a empresa tinha sobre ela, nada suspeito, a garota nunca teve problemas durante esse tempo estagiando na empresa.

— Tô falando a verdade... — Ela fecha os olhos e quando os abre novamente estão cheios de água. — Eu não conheço ela. Eu só fiz o que me pediram.

— Quem pediu?

— Dois homens, eles vieram até mim e me ofereceram uma grana, onde eu só teria que falar com uma garota. Eu aceitei, quem não aceitaria? Era um dinheiro fácil.