Grayson
Após a visita de Dean, mal tive tempo para focar na corrente, pois John voltou para o local acompanhado de um sorriso no rosto. Porém, os poucos minutos que fiquei sozinho não foram de todo mal, as correntes estão mais fragilizadas que antes e com apenas mais um puxão ela irá se desfazer.
- Deveria ficar grato e se sentir privilegiado, até água na boca recebeu. Um tratamento de princesa.
Minha vontade de revirar os olhos é grande, mas não faço, pois não quero atiçar a ira do homem.
- O que vou utilizar dessa vez? - Ele diz baixo.
John tira uma arma de sua cintura e deixa em cima da mesa, mesa essa que está alguns passos de mim com outros itens na sua superfície. Contém uma faca, uma adaga, o aparelho de choque, um soco inglês, um recipiente que acredito que esteja com álcool e agora sua arma.
- Foi divertido brincar com a adaga, mas suas costas já está preenchida, então vamos de soco inglês.
Pode parecer estranho eu agradecer mentalmente por essa decisão. Se eu ter mais cortes, mais sangue irei perder e mais rápido irei ficar fraco.
John se aproxima de mim enquanto encaixa o soco inglês entre os dedos. Sem aviso prévio, ele desfere dois socos em meu estômago e é impossível eu não soltar um resmungo de dor.
- Mas já está assim? Ainda estamos no primeiro soco.
Fecho meus olhos para não ver por muito tempo seu sorriso irônico.
No terceiro soco estou preparado e não faz o mesmo efeito que os dois anteriores. O quarto soco é acertado no mesmo lugar que o terceiro, pela região ainda estar sensível sinto uma dor mais aguda. O quinto soco chega mais perto da minha garganta e sinto minha respiração falhar. O sexto soco sinto ele perfurar minha pele. Após o sétimo ser acertado em meu estômago, vejo sangue na mão de John. O oitavo e nono soco são dados um atrás do outro.
No décimo soco, John reposiciona o soco inglês em sua outra mão. Eu já estava fechando meus olhos quando um barulho muito alto vem do lado de fora. Abro meus olhos no mesmo instante e me concentro para tentar ouvir mais alguma coisa.
John tem as sobrancelhas franzidas e assim como eu parece perdido, ele vira a cabeça em direção a porta e no mesmo momento outro som explosivo é possível de ouvir.
O que for que esteja acontecendo, John não sabe. Ou seja, a uma grande possibilidade de ser Aaron.
John dá passos para longe de mim e não perco tempo, uso a força que me resta para impulsionar a corrente para baixo, ela estoura fazendo um barulho alto, só não mais alto do que está acontecendo lá fora, por isso que John não percebe que me soltei.
Não tenho tempo para apreciar o alívio que é abaixar os braços, pois tenho que agir rápido. Mesmo com outra corrente nos pés, eu consigo me aproximar o suficiente da mesa, e é nesse momento que percebo o quanto estou fraco e nervoso.
Antes de John abrir a porta eu pego a arma esquecida por ele, mesmo trêmulo eu consigo atirar. O primeiro tiro pega em seu ombro e apenas no segundo tiro - que pega em suas costas - ele se vira para me encarar, o sangue pinga no chão no mesmo momento em que John também começa a cai.
Ainda com a armas em mãos, atiro no cadeado que prende as correntes em meus pés, assim também consigo os livrar da corrente.
- Filho da puta!
John a todo momento me xinga de diversas coisas.
- Arrombado!
Ele tenta arrastar seu corpo em direção a porta, usando suas mãos como suporte. Vendo isso, caminho até ficar em sua frente e sem remorso algum eu atiro em cada mão.
- Estava pensando ir para onde? - Levanto sua cabeça com brutalidade. - Fugir?
- E você? Acha que vai fugir? - John ri com o ódio em seus olhos. - No segundo que você colocar o pé lá fora, você vai morto, Grayson.
- Talvez você esteja certo, porém, você vai morrer antes de mim.
Todo ódio reprimido e dor que meu eu de oito anos toma conta de mim, olho por uma última vez para esse homem nojento e bato a arma em sua cabeça.
Minha vontade era matá-lo aqui mesmo, porém, John não merece uma morte rápida e eu ainda tenho perguntas para serem respondidas.
Agora mais perto da porta, consigo ouvir uma movimentação estranha e barulhos de tiro. Verifico as balas da arma e vejo que ainda restam duas. Definitivamente essa não é a quantidade de balas que vou precisar para usar com os homens lá fora, se é que vou precisar, pois não faço ideia do está acontecendo atrás da porta.
Coloco minha orelha na porta para tentar ter um pouco mais de contexto sobre o que ocorre e é quando ouço uma voz, um pouco abafada, mas reconheço ser de Dean.
- Eles estão lá dentro. Por aqui.
No mesmo segundo me afasto e aponto para porta a arma já engatilhada. Minha respiração está descompensada. Por conta dos movimentos que fiz anteriormente, minhas costas ardem mais, principalmente pelos cortes ainda estarem abertos.
Estrondos e movimentações veem da porta, provavelmente está sofrendo uma tentativa de arrombamento. Após os chutes brutais, a porta é aberta. Abaixo a arma e suspiro aliviado ao ver quem é o responsável por arrombar a porta.
- Desculpa a demora. - Aaron fala após retirar a sua balaclava militar.
Vejo Dean sair de trás dele e caminha até mim junto com Aaron.
- Antes tarde do que nunca. - Olha para o corpo de John no chão. - Está morto?
- Ainda não, não vou deixar morrer fácil assim.
Ambos me ajudam a andar até o lado de fora. Meus olhos ardem ao entrar em contato com a claridade do céu, por isso que não tenho noção exata para onde estão me levando. Apenas abro meus olhos quando sou colocado dentro de uma Van e ao meu lado vários kits médicos e remédios estão no banco.
- São para as dores. - Aaron estende sua mão com alguns remédios.
Sem contestar eu os tomo com ajuda da água também oferecida. Uma outra pessoa pega um kit e começa a limpar meus ferimentos.
- Nem pense em morrer no caminho. - Aaron repreende. - Falei para a garota que iria te levar vivo até ela.
Minha primeira reação é rir e depois de digerir suas palavras eu me pergunto em como ele conheceu Luna.
Mas irei deixar minhas perguntas para depois, apenas quero descansar agora e não há melhor maneira do que pensar em Luna.
Nunca necessitei tanto de uma pessoa, mas com Luna é diferente. Eu necessito dela ao meu lado enquanto me inebria com seu cheiro de baunilha, necessito ouvir especialmente sua voz quando me chama de Anjinho, necessito sentir seu toque carinhoso enquanto tenho seu seio em minha boca.
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Algum palpite sobre o porquê de John não gostar da Luna?
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Olhos Azuis
RomantizmGrayson estava vivendo sua vida monótona como todos seu dias, ele estava acostumado com essa vida e não pretendia mudá-la. Mas quando sua vida se cruza com uma pequena garota em uma situação nada comum, ele se vê perdido e com o bônus de ter que ma...