Capítulo 39

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Grayson

Dois dias depois:

Coincidentemente, hoje é aniversário de duas pessoas importantes em minha vida, da Luna e de minha mãe.

Minha mãe está completando 49 anos, ainda é nova e poderia estar aproveitando a vida se sua saúde mental estivesse equilibrada.

Como todos os anos, eu faço uma ligação para ela na esperança de encontrar resquícios da mulher que já me chamou de bebê um dia. Mas a única coisa que consigo é a frustração, pois ela não me reconhece, não reconhece próprio filho.

Anos atrás, quando completei a maioridade, meu primeiro dinheiro foi usado para colocar minha mãe em uma clínica que realmente a ajudasse com seus problemas, problemas esses que eu descobrir serem causados intencionalmente pelo meu progenitor.

Meu pai que a adoeceu. Ela nunca teve problemas. Todas suas repetições, esquecimentos e crises na verdade eram efeitos dos remédios manipulados. E quando o dano já tinha sido feito, meu progenitor a internou e se certificou que ela não recebesse o tratamento adequado por anos.

Afetada é um eufemismo em comparação ao estado que minha mãe ficou e se encontra até hoje. Chegou um momento da minha vida que encontrá-la pessoalmente não era uma opção.

Como eu iria a ver se todos os nossos encontros são resumidos em tentativas de eu lembrá-la de quem sou e ela entrando em crise porque não conseguia. Acompanhá-la de longa distância foi a melhor escolha.

Já Luna está completando 18 anos, eu queria fazer algo diferente para a garota, algo que a deixasse alegre. Acredito que presentes, um bolo de aniversário e um café da manhã na cama pode ter esse efeito.

É engraçado pensar que em meu aniversário de dezoito anos eu estava matando uma pessoa pela primeira vez. Agora, Luna estará recebendo um café da manhã na cama e também receberá a presença de seus amigos para comemorar seu dia.

Subo as escadas com a bandeja em mãos. No meu quarto, encontro a garota deitada na cama com meu celular em mãos. Deixá-la assistir desenhos em meu celular foi a única maneira que encontrei de convencê-la a não me seguir enquanto fazia seu café.

Ao entrar no quarto, a atenção dela rapidamente passa para mim.

— Você trouxe café na cama pra Luna!?

— Não se acostume. — Coloco a bandeja em seu colo. — É só pela data especial.

— Data especial? O que tem hoje?

— Seu aniversário. — Respondo tão confuso quanto ela.

— É? Eu não lembrava que era hoje, tava no mundo da Lua. — Luna ri descontraída. — Isso tudo é pra mim?

Não entendo seu espanto. Só fiz panquecas de chocolate, uma salada de frutas com as suas favoritas, pão com pasta de amendoin, uma fatia de torta e como opção de bebida, suco de laranja e Danone.

— Tem mais lá embaixo se você quiser.

— Anjinho! — Ela me repreende. — Eu não vou conseguir comer nem as coisas que tá aqui.

— Dúvido, você tem um monstro dentro desse estômago. — Luna solta sua agradável risada.

A garota começa a comer as panquecas, elas estão boas acredito, ela não tirou o sorriso do rosto até agora.

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora