Capítulo 2

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Grayson

Eu já havia chegado em casa com a desconhecida, o médico está cuidando da garota no quarto de hóspedes enquanto estou no meu escritório.

- Senhor posso mandá-lo entrar? - George meu segurança pergunta ao entrar no escritório.

Sem muita paciência eu apenas confirmo com a cabeça, tomo mais um gole do meu whisky para que eu não perca o resto da paciência que tenho e mate o incompetente que entra no escritório em seguida.

- Me chamou senhor Grayson.

- Qual era sua função no caso?

Eu pergunto sem rodeios indo direto ao ponto, Adam que é um homem alto e musculoso pode assustar de primeira, mas eu só vejo uma criança toda encolhida depois que fez merda e está sendo colocada de castigo.

- Vigiar a vida de David.

- E por que a garota não foi mencionada em nenhuma parte do relatório que foi entregue para mim?

- Ele passava a maior parte de seus dias fora de casa, não tinha como eu saber dela.

Eu solto uma risada sem humor e incrédulo com a sua coragem de dizer uma desculpa esfarrapada tão merda quanto ele.

- Se eu mando você me dar os detalhes da vida de alguém, eu quero até a porra da hora que ele vai ao banheiro!

Com minha paciência esgotada, eu aperto o copo em minha mão e jogo o copo em sua direção, sendo mais exato, em seu rosto. Pela sua reação eu tenho certeza que foi pego de surpresa, pois nem tentou proteger seu rosto.

O vidro cortou sua pele, o sangue se mistura com o resto de bebida que havia no copo e escorre até cair na sua roupa e no chão.

- Está demitido Adam e espero que se lembre do que farei com você caso falar do nosso trabalho para alguém. - A falsa esperança é uma das melhores coisas de se fazer com alguém estúpido como ele. Era obvio que sua incompetência não resultaria só na sua demissão. - Saia logo daqui! Seu sangue podre está sujando o chão do meu escritório.

Adam não espera nem um segundo a mais e rapidamente sai da sala, em seguida George entra na sala esperando meu comando.

- De uma amostra do inferno que ele viverá se falar sobre nós e mande alguém limpar esse chão rápido.

- Sim senhor.

Agora sozinho em meu escritório começo a pensar nas situações que ocorreram e na que eu e me encontro.

Duas semanas atrás John me deu um nome de um homem, David. O homem realmente havia acreditado que conseguiria ser mais inteligente e a frente de meu chefe. Ele tentou entregar John e todo seus esquemas de trabalhos sujos para a polícia, porém, David não contava que meu chefe tem a maioria dos policiais em seu bolso, pronto para usá-los quando e onde ele quiser.

John queria o cara morto de qualquer forma, um traidor nunca viveria por aí como se nada tivesse acontecido. E como fui treinado e criado para matar por meu chefe, John deixou eu e seus outros brinquedos na responsabilidade de matar o cara.

George iria pesquisar a vida de David, Adam vigiaria a vida dele e eu o mataria. Tem sido assim por um bom tempo e nunca deu errado, até a noite de hoje.

Pela incompetência de um eu quase coloquei meu trabalho e de todos os envolvidos em risco, além de deixar uma pessoa como testemunha do meu crime. Se meu chefe descobrir sobre a garota, ela estará morta assim como eu, ela por ser uma testemunha e eu por ter deixado a garota viva.

Pode não parecer, mas ainda tenho um pouco de humanidade em mim, bem lá no fundo, mas eu tenho. E essa pouca humanidade diz que não seria certo eu deixar a garota morrer por erro de outra pessoa.

Um pouco atordoado eu saio do escritório e vou em direção ao quarto de hóspedes da casa, por mais que o quarto exista, ele nunca foi usado. Nunca ninguém dormiu aqui, nem mesmo meus amigos. Então ter uma pessoa desconhecida usando esse quarto é esquisito para mim, a garota mal chegou e já fez coisas que ninguém fez.

- Senhor Grayson, todos os ferimentos foram devidamente cuidados, recomendo que mantenha os cortes limpos e secos para a cicatrização mais rápido.

- Ela teve algum problema com a fumaça inalada?

- Não, as tosses e o desmaio é uma reação esperada nesses casos. Ela deve acordar em poucas horas.

Eu afirmo com a cabeça e encaro a garota que está mais apresentável agora, ela está limpa e com um cheiro melhor.

Seu cabelo castanho escuro está espalhado no travesseiro branco e alguns fios caem no seu rosto, o rosto angelical da garota agora está sereno enquanto dorme, se algum desconhecido visse ela agora nem imaginaria que a garota havia lutado pela sua vida horas atrás.

Seu pequeno corpo está encolhido na cama e ainda segura aquele pelúcia estranha.

- Um dos seguranças irá levá-lo para casa. Agradeço pelo trabalho.

O médico assente e sai do quarto, a garota continua dormindo tranquila na cama. Sinceramente espero que não demore para acordar, não posso parar todos meus afazeres para dar uma atenção especial para a desconhecida.

Mesmo eu tendo outras coisas para resolver, eu não vou embora, por algum motivo não consigo tirar os olhos da garota, não posso negar que ela atiçou minha curiosidade além do normal ou sobre algo relacionado ao trabalho. E isso está me deixando confuso e na defensiva, pois a garota não fez nada e estou me sentindo assim.

Eu apago a luz do quarto, mas deixo a iluminaria do lado da cama acesa, o ar condicionado está na temperatura certa, ela não passará frio nem calor, poderá dormir por horas sem se preocupar.

Não irei conseguir dormir nem tão cedo, toda essa situação me deixou alarmado e fez meus pensamentos despertarem, se já sou perturbado normalmente, agora fiquei ainda pior.

Então me sento na poltrona na outra ponta do quarto, de onde eu consigo ter uma boa visão da desconhecida e poderei notar até mesmo se sua respiração mudar.

[...]

Depois de algumas horas, quando o sol já começou a aparecer e iluminar o quarto, a garota finalmente começa a se mexer.

Um resmungo vem dela e no mesmo instante me levanto para chegar um mais perto dela, mas ainda continuo mantendo uma distância boa.

Seu rosto contorce em agonia assim como seu pequeno corpo, um bico se forma nos lábios dela, como se ela fosse a começar a chorar a qualquer instante. Ela agarra mais forte seu coelho em seus braços e finalmente acorda.

Suas pálpebras se abrem e me permitem ver suas íris azuis, eu nunca havia visto o tom de azul igual dos seus olhos, eles são escuros, mas há um brilho estranho neles.

A garota me encara assustada, seu nariz fica vermelho e seus olhos se enchem de lágrimas, não se passa um segundo até ela começar a chorar.

Seu choro é agudo, escandaloso e muito feio.

Eu esperava que ela acordasse e aí iríamos conversar passificamente, talvez uns métodos de tortura caso ela decida não cooperar, mas nada de além do limite e do que já estou acostumado.

Porém ela acordou chorando.

Como devo lidar com alguém chorando? Ainda mais sendo uma total estranha para mim? O que eu devo fazer agora?

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora