Capítulo 18

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Grayson

Fecho a despensa depois de anotar mentalmente as comidas que estão faltando.

Enquanto pego minha chave do carro ouço passos rápidos vindo até mim.

- Você disse que não ia trabalhar hoje. - Luna me pergunta em um tom de voz baixo.

- E eu não vou.

- Vai onde então?

- Reabastecer a despensa. - Eu me viro para olhá-la. - Quer algo específico de lá?

Seus olhos azuis chegam a brilhar com minha pergunta.

- Você pode comprar aqueles docinho coloridos? - Ela balança a cabeça animada, mas tenta não ser tanto eufórica. - Se não tiver como não tem pro...

- Só isso?

- Pode ser só isso.

- Volto mais tarde. Se comporte, Marcos não está aqui hoje para te vigiar.

- Eu vou ficar quietinha no sofá te esperando.

Eu dou um aceno com a cabeça e me viro para sair.

[...]

Passo bastante tempo passando por cada corredor do mercado buscando pelos alimentos, produtos de limpeza e de higiene.

Quando estou na seção dos doces procuro pelo que Luna pediu. Seria uma tarefa fácil se não houvesse tantos doces coloridos.

Como podem gostar de tanto doce? Ainda mais sendo os mesmo, a única coisa que muda são os gostos e as aparências, os ingredientes diabéticos são os mesmos.

Vejo pacotes pequenos com algumas gelatinas amarelas em formato de banana, outras são de hambúrgueres, de ovos, dentaduras, outras banhadas no açúcar.

Também há caixas de chiclete, balas, potes de chocolate e outros.

Porém, dois em específico me chama atenção, um com ursinhos ecoloridos e outro com minhocas coloridas.

Será que foi desses doces que ela estava falando?

De qualquer forma é doce e eles são a mesma coisa, ela vai gostar.

Por via das dúvidas peguei os dois. Ela não poderá reclamar que eu não levei os doces.

[...]

Já em casa, quando destranco a porta, Luna estava me esperando na porta da entrada.

Sem dizer nada vou a cozinha colocar as sacolas na mesa e volto para o carro buscar as outras duas. Depois de duas idas e voltas eu tranco a casa e volto para a cozinha para guardar as compras.

- Eu posso te ajudar a guardar?

- Se quiser. - Dou ombros. - Seus doces estão na primeira sacola.

Um som de animação sai de sua boca e rapidamente ela já está mexendo na sacola a procura dos doces.

- Você lembrou de trazer! E ainda foram dois! - Ela olha admirada para os pacotinhos coloridos. - Obrigada, Gray!

Luna vem até mim com os braços abertos no intuito de me abraçar, porém algo parece passar pela sua cabeça e abaixa os braços. Ela se contenta em apenas abrir um grande sorriso e me encarar com brilhos com aqueles olhos azuis.

Não sabia que um simples doce a faria tão feliz.

Luna deixa de canto os doces e volta a mexer nas sacolas.

- Se encontrar as cápsulas de café, deixe-os para fora. - Aviso para Luna e ela assente.

Em todo momento que estamos guardando as coisas ela está com um sorriso no rosto e saltitante.

Depois de me ajudar a guardar ela pega seus doces e rapidamente vai se sentar no sofá para comê-los.

Já eu permaneço na cozinha para fazer meu café. Depois de feito eu faço o mesmo caminho que Luna para a sala, mas me sento na minha poltrona como de costume. Nos finais de semana, meus fins de tarde se resumem em assistir as notícias no jornal com uma caneca de café.

- Por que você gosta de assistir gente séria falando coisa séria? - Luna pergunta e depois coloca outro doce na boca.

Para saber se ainda andam falando sobre os desaparecimentos das pessoas que matei. Para saber sobre o que falam da empresa e dos meninos. Para saber dos passos profissionais de John. Para saber se há algum vestígio de conhecidos da Luna.

Mas é claro que não falo isso para ela.

- Para ficar informado das notícias atuais.

- Não é porque você quer se ver na TV? - Pela primeira vez vejo Luna dar um sorriso travesso.

- Claro que não.

Sinceramente não ligo para o que dizem sobre mim, porém, saber sobre minha imagem de acordo com outros é bom para os negócios.

Algumas vezes, notícias e rumores sobre mim passam na TV, não exclusivamente sobre mim, apenas quando vão falar sobre a empresa e então tocam em meu nome.

Em uma das vezes que estive vendo TV passou uma reportagem sobre a empresa e citaram meu nome, Luna também estava presente com seu coelho e ao ver a reportagem ficou surpresa por eu estar lá.

Possivelmente foi desse dia que ela tirou essa ideia maluca.

- Deve ser legal se ver na televisão...

Luna divaga enquanto se mantém muito ocupada comendo seus doces.

[...]

É madrugada quando acordo com outro pesadelo. Três da manhã marca no meu despertador, se eu não fosse problemático e não tivesse pesadelos, faltariam duas horas para eu acordar e começar meu dia.

A sede se apossa de mim, porém minha garrafa de água está vazia então o que me resta é ir na cozinha.

No andar de baixo encontro com uma cena recorrente nos últimos dias. Luna está esparramada no sofá enquanto dorme, a TV que antes estava passando um filme agora está desligada.

Suas posições para dormir são engraçadas e mesmo com a cama podendo ser facilmente substituída pelo meu sofá, parece ser desconfortável por conta de suas posições.

Após beber água e encher minha garrafa com água gelada dou mais uma olhada em Luna, seu cobertor está todo em sua cara enquanto o resto de seu corpo está descoberto.

Ela poderia facilmente morrer sufocada.

Me aproximo dela e retiro a coberta da sua cara, mesmo estando escuro consigo ver seu rosto amassado e relaxado. Ao colocar direito o cobertor sobre ela percebo que novamente Luna está usando minhas roupas para dormir.

Sei que elas são confortáveis, mas acredito que as delas seriam muito mais por não ficarem folgadas. Então porque insiste em vesti elas?

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Postando dois capítulos para agradecer a vocês que estão curtindo e comentando aqui!
Muito obrigada mesmo, isso me anima bastante para escrever.

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora