Capítulo 36

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Grayson

Já passei por várias situações em minha vida, desde jogos de basquete até matanças. Vivências bem diversificadas eu diria.

Só não esperava que dentro dessas experiências eu teria que cuidar de uma criança no corpo de uma adolescente.

Por conta da hora que fomos dormir ontem a noite, não acordamos no horário de costume, então pulamos a refeição da manhã para ir direto pro almoço.

Para o almoço fiz macarrão ao molho branco, é simples e prático de se fazer, além de não ter a probabilidade de Luna não querer comer.

- Você quer mais?

- Quer. - Ela afirma lambendo os lábios sujos com o molho.

Cuidar da garota está sendo mais fácil do que eu imaginava, apenas tenho que mantê-la alimentada, longe de perigos e entretida.

Recolho seu prato e coloco mais uma concha de macarrão.

- Anjinho, pode mais esse? - A garota aponta para seu copo de suco que agora está vazio.

- Não sou anjinho, Luna. - Devolvo seu prato e coloco mais suco em seu copo.

Ela ainda insiste em me chamar assim, desde que acordamos ela só me referiu a "Anjinho".

O único anjo que eu chego a ser semelhante é Lúcifer, o anjo caído.

Mas aos olhos da Luna, eu ter olhos azuis e ser loiro como seu desenho, é o suficiente para eu ser considerado um anjo.

Não consigo entender como sou um anjo aos olhos dela.

Sou uma pessoa que não tem paciência para coisas simples, alguém que não consegue ser cuidadoso porque a primeira opção é a agressão e a grosseria.

Enquanto ela é o total oposto de mim.

Luna se preocupa com os pequenos detalhes, ela é prestativa e gentil até com pessoas que não deveriam receber esse seu lado. Sua sensibilidade para muitos é algo negativo, mas para mim, é algo que deve ser admirado.

E é essa pessoa que me chama de Anjinho.

[...]

- Não é assim. - Luna me corrige pela milésima vez.

- Eu estou fazendo exatamente como você está mostrando.

Minha paciência - que não é muita - está por um fio.

A garota insistiu que eu deveria desenhar com ela, cheguei a alertar como era uma péssima ideia, mas ela não deu ouvidos. Agora ela está irritada porque meus desenhos não estão saindo como ela quer, sendo que foi ideia dela eu desenhar.

- Não tenho culpa se não sei desenhar tão bem como você. - Largo o lápis na mesa.

- Mas a Luna tá ensinado a fazer florzinha. - Bufa frustrada.

Ser carinhoso, delicado e a acolher. As palavras de Benjamin voltam em minha cabeça.

- Não fique triste. - Suspiro e chego mais perto da garota, sentando ao seu lado. - Me ensine fazer outro desenho, talvez esse saia melhor.

Luna muda seu semblante, ela se anima novamente e pega folhas novas para nós.

- Aqui. - Ela devolve meu lápis e me entrega uma folha em branco.

Passamos boa parte da tarde desenhando, mais ela do que eu, a não ser que meus rabiscos possam ser considerados desenho.

Uma coisa não posso negar, Luna tem talento para a arte, ela consegue transformar dois traços em uma obra de arte. Conseguiu até salvar meus desenhos horríveis ao mudar uma coisa e outra.

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora