Capítulo 37

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Grayson

Quando me tornei tão idiota?

Essa é a pergunta que tem rodado em minha cabeça.

Sabe, as pessoas me consideram um homem frio, fechado e antipático, mas essa idealização só foi criada porque não viram a situação que me encontro hoje. Se não, minha reputação de um empresário respeitado e até mesmo de um assassino, iriam por água baixo.

E a responsável pelo meu nome virar chacota seria Luna. Sim, uma garota de dezessete anos e que tem metade de minha altura.

Eu poderia ser a porra do dono do mundo, mas para a garota isso não importa, no momento eu não passo de um livro de colorir.

- Qual cor? - Luna mostra duas opções de cores, azul e amarelo.

- Amarelo. - Ela retira a tampa da canetinha e passa em minha pele.

Por que eu aceitei isso?

- Vai ficar muito lindinho.

Se essa frase tivesse saído da boca de outra pessoa, eu acreditaria que ela estaria sendo irônica.

- O que vai fazer?

- Um lacinho rosa.

- Na caveira?

- É. - Diz plena.

Luna já pintou várias das minhas tatuagens do braço, mas não foi o suficiente, agora ela segura minha mão para pintar enquanto tem sua cabeça deitada em meu colo.

Eu planejava deixar Luna brincar no gramado, mas o dia amanheceu ensolarado e quente, até demais. Então decidi esperar sol abaixar um pouco enquanto eu assisto o jornal. Foi aí que Luna teve a ideia de pintar minhas tatuagens e por razão desconhecida eu deixei.

- Pur que você fez tanto desenho?

- Não sei, estava entediado.

- Fez dodói?

- Em algumas partes do corpo doeu mais que outras, mas é suportável.

Luna ouve tudo enquanto decora a pequena caveira em minha mão. Ao terminar de pintar ela sopra e dá leves batidinhas com o dedo para ter certeza que secou.

- Você tem um favoli-rito?

- Acho que o anjo nas costas, a aranha eu também gosto bastante. - Digo após pensar uns segundos.

Luna levanta a cabeça do meu colo, mas se mantém perto, perto até demais quando ela senta na minha perna direita e levanta minha regata.

- Luna gosta dessa. - Ela contorna o desenho com seus dedinhos em minha barriga. - É bem bonitinho.

- Luna não se faz isso. - Chamo sua atenção. - Você fica levantando a camisa de todo mundo que conhece?

A garota recolhe as mãos e abaixa a cabeça. Sei que fez na inocência, mas tenho que corrigi-la, não quero vê-la levantando a camisa de homens por aí.

- Deculpa.

- Não estou brigando com você. - Levanto seu queixo com uma mão e com a outra coloco uma mexa de cabelo para trás de sua orelha.

- Não vou fazer mais, Anjinho.

Luna deita sua cabeça no meu ombro, mas ao ouvir o barulho da chuva, ela rapidamente a levanta.

- Ah não... Eu queria brincar lá fora.

Sigo seu olhar até a porta de vidro. O tempo mudou, uma chuva leve cai do lado de fora ao mesmo tempo que o sol permanece aberto. É apenas uma chuva de verão, para refrescar o clima.

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora