Prólogo

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Grayson

O cheiro do álcool se impregna quando eu despejo o líquido nos móveis e no chão, deixando apenas um caminho livre para eu sair sem me sujar.

Sigo com o galão de gasolina pelo corredor e paro na primeira porta onde se encontra minha principal vítima. O homem está dormindo na cama, seu ronco é alto e horroroso, a baba escorre da sua boca e seu fedor de cerveja consegue ser mais forte que a gasolina no galão.

Me certifico de deixar nenhuma janela do quarto aberta para caso de escapatória, e sem cerimônia eu jogo o líquido no quarto, o filho da puta dorme tão pesadamente que nem acorda quando eu jogo a gasolina nele também.

Eu pego as chaves do quarto e tranco o maldito no quarto, há outras duas portas no pequeno corredor, porém decido não entrar nos cômodos, pois já joguei a gasolina o suficiente para parecer um acidente. Então, eu apenas jogo o galão no corredor para derramar o resto do líquido.

Já do lado de fora da casa eu acendo meu cigarro e o fumo calmamente, a noite está estranhamente calma hoje, sem acidentes ou qualquer coisa fora do lugar, muito estranho.

Quando o cigarro está mais que a metade consumida, eu jogo o resto dele em direção a casa e instantaneamente consigo ver a pequena chama começar a se formar.

Vou até meu carro e fico encostado nele, a casa fica um pouco longe da civilização e mais perto da floresta, assim consegui deixar o carro escondido de uma forma que consigo observar a casa pegar fogo sem que ninguém me veja.

A tinta velha descascada das paredes pegam uma nova coloração de preto e cinza, a porta de madeira já nem vejo mais, pois foi totalmente consumida pelo fogo. Cada minuto que passa mais a casa pega fogo.

Eu estava satisfeito com mais um de meus trabalhos, ele foi bem feito, nada saiu dos trilhos e principalmente pelo homem estar dentro daquela casa, está morrendo pelo fogo que eu criei especialmente para ele.

Se o filho da puta não tivesse traído a confiança do meu chefe, eu estaria na paz da minha casa e não aqui adiantando sua passagem para o inferno. No fim, é apenas mais um homem que vou encontrar no inferno daqui alguns anos.

Tudo estava saindo como planejado, até eu ouvi um barulho de vidro estourando na lateral da casa e um choro muito alto e desesperado.

É impossível o homem estar vivo a essa altura, mas tendo essa pequena possibilidade eu pego minha arma presa na cintura e vou correndo até o incessante choro.

Para minha surpresa e infelicidade, uma garota estava caída no chão, vários pedaços de vidro estavam nela e o sangue que estava na garota também estava na janela atrás. Ela segurava alguma coisa debaixo dela enquanto tossia e sua respiração aparenta estar bem fraca.

— Merda. — Eu amaldiço em um sussurro.

Ela estar aqui estraga tudo, não deveria ter ninguém além de mim e o homem morto dentro da casa, se meu chefe souber que eu falhei no trabalho ao deixar uma possível testemunha no crime, eu estarei morto pela manhã.

Sem escolha eu pego a pequena garota em meus braços e a levo para dentro do carro, ela suja o banco de couro com seu sangue, grama e com a pelúcia suja que ela não largou em nenhum momento. Eu poderia me incomodar com a sujeira se eu não estivesse tão desesperado para sair o mais rápido daqui, antes de alguma polícia ou bombeiros cheguem.

Enquanto eu dirijo meu celular toca e a tela brilha ao mostrar o nome da última pessoa que eu queria falar agora. Minha sorte – se é que posso chamar assim – é que a garota parou de choramingar e agora está desmaiada.

Coloco o celular no ouvido e ouço a voz que vem me perturbando a dezenove anos.

— Chefe. — Falo como se tudo estivesse perfeitamente normal, e não como se eu estivesse com uma garota desmaiada no banco de trás do meu carro, que ela prova que o meu trabalho foi um fracasso e que ela pode ser a causa da minha morte.

— O trabalho já foi finalizado?

— Sim, senhor.

— Ótimo, o dinheiro será depositado na sua conta ainda hoje. Ligarei caso eu precisar de um próximo trabalho seu.

John desliga o telefone sem nem esperar uma resposta minha, ainda com o celular em mãos eu envio uma mensagem para um seguranças meu, mando ele chamar o médico da minha confiança esperar na minha casa.

A garota precisa de cuidados e eu não vou sujar minha mãos para isso, sinceramente eu nem me importaria em deixá-la para morrer, mas meu ego ferido não aceita que falhei em um trabalho fácil como esse e eu preciso de respostas também. Como ela passou despercebida em todas minhas pesquisas sobre o traidor? O que ela fazia dentro daquela casa? Será uma possível parente?

Essas e mais outras perguntas só saberei as respostas quando a desconhecida acordar.

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora