Grayson
20 anos atrás:
- Fale logo com ela, precisamos sair desse lugar daqui alguns minutos. - Meu pai me avisa com repulsa ao olhar em sua volta.
Eu aceno e entro no quarto exageradamente branco, no canto do quarto vejo minha mãe mexendo em uma planta enquanto balbucia coisas aleatórias.
- Mamãe?
Ela não se vira para me encontrar, então com passos leves me aproximo até ser possível eu encostar minha mão em seu ombro.
Os olhos castanhos de mamãe me encaram. Olhos que já foram brilhantes um dia, mas hoje o brilho está apagado.
Talvez eu seja tão ruim quanto meu pai, pois muitas vezes penso em causar algum mal a ele. Ele deveria sofrer mais que a mamãe, pois ele foi um dos causadores dela estar assim. Não é justo ela estar assim.
- Bebê...
- Sou eu.
Seus olhos se inundam de água, ela estende sua mão para colocar em meu rosto, mas está relutante. Então eu pego sua mão e coloco em minha bochecha, fazendo um carinho por cima da sua mão.
- Bebê cresceu.
- Eu cresci cinco centímetros desde a última vez que nos vimos. - Eu abro um sorriso para ela, mamãe gosta quando pareço feliz. - Meu professor de educação física disse que eu vou crescer ainda mais, talvez possa até jogar basquete quando for mais velho.
Olho para o relógio na parede e percebo que falta poucos minutos para eu ir embora com meu pai, então me arrisco a perguntar algo a ela.
- Mamãe, você pode me abraçar? Eu não sei quando o pai vai me deixar te ver de novo.
Instantaneamente ela tira sua mão da minha bochecha e se encolhe.
- Não p-pode, n-não... Suja bebê.
Seus olhos arregalados transmitem medo, mas ainda sim, eu insisto.
- Por favor, será rápido. - Mamãe continua a negar e sinto meus olhos ficarem humidos. - Não vai me sujar.
Minha mãe vendo meu olhos marejados coloca suas mãos no meu rosto novamente.
- Não, não chora bebê, não chora.
Eu aproveito sua aproximação e me jogo nos braços de mamãe. Ela não me abraça de imediato, parece ainda estar processando nosso contato.
Sinto um carinho feito em minha cabeça, um pouco desajeitado, mas ainda é um carinho, um carinho vindo da minha mãe.
Não me lembro quando foi a última vez que ela deixou eu abraçá-la, então fico em seus braços o máximo que consigo.
- Vamos embora Grayson, já deu de ficar com essa louca.
Meu pai aparece na porta do quarto me deixando com raiva. Mamãe fica abalada demais para olhá-lo, sei que ela ainda se afeta com esses comentários vindo dele.
Mamãe só se afasta um pouco de mim para olhar em meus olhos.
- Ama o bebê.
- Eu te amo mamãe. Fica bem. - Eu dou um beijo em seu rosto e me afasto mesmo não querendo.
[...]
- Arrume essa camisa! - Meu pai me puxa brutalmente para arrumar a gola da minha camisa. - Se isso der errado por sua culpa, eu te garanto que sua morte finalmente irá chegar.
Meu pai é o primeiro a sair do carro e eu vou logo em seguida para não receber outra bronca dele. Um segurança nos espera em frente a mansão e ele nos acompanha durante todo o caminho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Olhos Azuis
Roman d'amourGrayson estava vivendo sua vida monótona como todos seu dias, ele estava acostumado com essa vida e não pretendia mudá-la. Mas quando sua vida se cruza com uma pequena garota em uma situação nada comum, ele se vê perdido e com o bônus de ter que ma...