Grayson
Estou com o carro estacionado na garagem de casa faz alguns minutos, ainda não entramos em casa pelo simples fato que Luna pegou no sono durante o trajeto e não quero acordá-la.
Então, como solução, a pego no colo pela axilas, em um ato inconsciente, seus braços se apertam em volta do meu pescoço.
A carrego enquanto ela continua dormindo pacificamente, nos meus braços ela parece ser ainda mais pequena do que é.
Estando com seu corpo colado ao meu, é impossível controlar meus olhos de descerem do seu rosto e irem até seu busto.
Por que esse vestido está decotado? E como não notei isso antes de sairmos?
Faço uma anotação mental que devo comprar outras roupas para Luna, de preferência aquelas menos decotadas e curtas.
Consigo sentir o cheiro de baunilha vindo do seu cabelo e sua respiração lenta no meu pescoço, o que quase me causa um leve arrepio pelo meu corpo.
Já senti o cheiro de baunilha em vários momentos da minha vida, mas nenhum pareceu tanto atrativo como agora.
Na mesma rapidez que este pensamento veio, eu tento expulsá-lo da minha cabeça. Esse pensamento não pode voltar a acontecer.
Deixo a garota o mais confortável que consigo em sua cama, a deixo dormindo e vou a meu quarto para também descansar.
[...]
Ouço passos pela escada e não demora muito para uma silhueta de uma garota aparecer em minha frente.
Luna está com a cara amassada e mal tem os olhos abertos, seu cabelo está bagunçado no estilo de ter levado um choque.
- Bom dia, Luna.
Ela procura por minha voz e quando reconhece de onde estou falando, ela vem ao meu encontro, se sentando ao lado do meu lugar na mesa.
- Bom dia. - Sonolenta, Luna deita sua cabeça na mesa.
- Está tudo bem?
- Sim, Luna só está com soninho.
- Se não tivesse falado eu não teria percebido. - A provoco e não recebo nenhum resposta dela, ela está com tanto sono que nem me retrucou.
Quando termino de misturar o achocolatado dela, eu levo a sua caneca a ela. A garota levanta a cabeça e ajeita a postura, finalmente vejo seus olhos quando ela os abre totalmente.
Luna murmura um obrigada e eu apenas aceno com a cabeça me virando para preparar meu café.
- Eu não lembro de ter ido para a cama ontem.
- Você dormiu no carro e eu te carreguei até seu quarto.
- Gray, poderia ter me acordado, aí não precisaria me carregar.
- Eu sei. - Finjo indiferença.
Não irei dar uma explicação do porquê eu preferi carregá-la em vez de acordá-la, não quando nem eu mesmo estou entendendo minhas atitudes recentes, principalmente aquelas de quando estou ao lado da garota.
Ainda estava divagando quando fui pegar minha caneca e por um erro ela escapou de minha mão, indo de encontro para o chão.
O barulho estridente faz Luna se assustar, me xingo de diversas maneiras quando vejo os destroços da caneca espalhado pelo chão.
- Gray! - Luna me encara com seus olhos arregalados.
- Não saia da cadeira.
Me agacho para juntar os destroços, mas me corto com um pedaço que eu não havia visto.
- Merda! - Xingo ao sentir a ardência do pequeno ferimento em minha mão.
- Gray, você se machucou? - Pelo tom da voz da garota, ela me parece preocupada.
Ligo a torneira para deixar o machucado sobre a água corrente.
Sinto uma pequena mão em meu braço, olho para Luna que não seguiu o que mandei e veio para meu lado.
- Eu disse para você ficar na cadeira. - Ela não parece nem me ouvir, ela apenas desliga a torneira e pressiona uma pequena toalha em minha mão. - O que está fazendo?
- Cuidado aonde pisa. - A garota me ignora enquanto me puxa até a sala. - Senta ali, fica quietinho, eu já volto.
Ela corre para o lavabo de baixo, confuso fico estático no lugar onde ela me deixou com a toalha enrolada na minha mão.
Luna volta para a sala com algo em mãos e com uma expressão nada boa.
- Gray, eu disse para ficar sentado. - Ela bufa. - Senta aqui, por favor.
A garota dá batidinhas no sofá ao lado de onde está sentada. Atônito eu me sento ao seu lado, assim consegui ver o que estava em sua mão. Ela desenrola e puxa minha mão para observar de perto.
- Ainda bem que não machucou muito, teve sorte. - Ela limpa o sangue com um algodão que provavelmente está com álcool, pois sinto uma ardência no local. - Tem que ter cuidado, Gray.
Fala em um tom doce e delicado enquanto abre um band-aid e o coloca aonde está o ferimento.
- Prontinho.
Sua mão macia ainda está em contato com a minha, ela faz um leve carinho com seus pequenos dedos, acredito que Luna não percebeu o que está fazendo.
- Não precisava fazer isso. - Mantenho minha mão entre as suas.
- Você cuidou dos meus dodóis, então posso cuidar do seu. - Infelizmente Luna retira sua mão ao se levantar. - Agora você vai ficar aí descansando enquanto limpo os...
- Não irá limpar nada. - Não deixo ela sequer terminar a frase.
- Eu posso limpar, Gray, não tem problema. - Barro ela de continuar o caminho até a cozinha. - Meu pai fazia bastante bagunça, então já limpei bastante vidro quebrado. Acredita que eu aprendi a limpar tudo sem me machucar?
Como é a história?
A garota fala com tanta naturalidade e como se fosse uma coisa boa ela ter aprendido a não se machucar, sendo que ela nunca deveria ter se acostumado a limpar restos de vidros quebrados.
Luna não fala muito sobre seu pai, porém, toda vez que ela menciona algum acontecimento com ele, eu tenho vontade de voltar no tempo e ter feito ele sofrer mais antes de morrer.
- Essa não é a casa que você costumava morar e eu não irei fazer você de minha empregada, Luna. Me ouviu bem?
Digo bastante sério para não houver brechas de ela não me compreender.
- Sim...
- Ótimo. Deixe com que eu limpe a minha bagunça depois.
Luna se mantém estática em minha frente, posso jurar que seus olhos parecem mais brilhantes e o tom do azul de seus olhos mais intensos. Não estavam assim antes, ou talvez eles sempre foram assim e só estou percebendo agora.
É uma agradável visão para mim observar o brilho dos seus olhos azuis.
Eu poderia observá-los para sempre que não me cansaria da vista e isso me preocupa seriamente.
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Olhos Azuis
RomanceGrayson estava vivendo sua vida monótona como todos seu dias, ele estava acostumado com essa vida e não pretendia mudá-la. Mas quando sua vida se cruza com uma pequena garota em uma situação nada comum, ele se vê perdido e com o bônus de ter que ma...