Capítulo 29

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Grayson

Estou com o carro estacionado na garagem de casa faz alguns minutos, ainda não entramos em casa pelo simples fato que Luna pegou no sono durante o trajeto e não quero acordá-la.

Então, como solução, a pego no colo pela axilas, em um ato inconsciente, seus braços se apertam em volta do meu pescoço.

A carrego enquanto ela continua dormindo pacificamente, nos meus braços ela parece ser ainda mais pequena do que é.

Estando com seu corpo colado ao meu, é impossível controlar meus olhos de descerem do seu rosto e irem até seu busto.

Por que esse vestido está decotado? E como não notei isso antes de sairmos?

Faço uma anotação mental que devo comprar outras roupas para Luna, de preferência aquelas menos decotadas e curtas.

Consigo sentir o cheiro de baunilha vindo do seu cabelo e sua respiração lenta no meu pescoço, o que quase me causa um leve arrepio pelo meu corpo.

Já senti o cheiro de baunilha em vários momentos da minha vida, mas nenhum pareceu tanto atrativo como agora.

Na mesma rapidez que este pensamento veio, eu tento expulsá-lo da minha cabeça. Esse pensamento não pode voltar a acontecer.

Deixo a garota o mais confortável que consigo em sua cama, a deixo dormindo e vou a meu quarto para também descansar.

[...]

Ouço passos pela escada e não demora muito para uma silhueta de uma garota aparecer em minha frente.

Luna está com a cara amassada e mal tem os olhos abertos, seu cabelo está bagunçado no estilo de ter levado um choque.

- Bom dia, Luna.

Ela procura por minha voz e quando reconhece de onde estou falando, ela vem ao meu encontro, se sentando ao lado do meu lugar na mesa.

- Bom dia. - Sonolenta, Luna deita sua cabeça na mesa.

- Está tudo bem?

- Sim, Luna só está com soninho.

- Se não tivesse falado eu não teria percebido. - A provoco e não recebo nenhum resposta dela, ela está com tanto sono que nem me retrucou.

Quando termino de misturar o achocolatado dela, eu levo a sua caneca a ela. A garota levanta a cabeça e ajeita a postura, finalmente vejo seus olhos quando ela os abre totalmente.

Luna murmura um obrigada e eu apenas aceno com a cabeça me virando para preparar meu café.

- Eu não lembro de ter ido para a cama ontem.

- Você dormiu no carro e eu te carreguei até seu quarto.

- Gray, poderia ter me acordado, aí não precisaria me carregar.

- Eu sei. - Finjo indiferença.

Não irei dar uma explicação do porquê eu preferi carregá-la em vez de acordá-la, não quando nem eu mesmo estou entendendo minhas atitudes recentes, principalmente aquelas de quando estou ao lado da garota.

Ainda estava divagando quando fui pegar minha caneca e por um erro ela escapou de minha mão, indo de encontro para o chão.

O barulho estridente faz Luna se assustar, me xingo de diversas maneiras quando vejo os destroços da caneca espalhado pelo chão.

- Gray! - Luna me encara com seus olhos arregalados.

- Não saia da cadeira.

Me agacho para juntar os destroços, mas me corto com um pedaço que eu não havia visto.

- Merda! - Xingo ao sentir a ardência do pequeno ferimento em minha mão.

- Gray, você se machucou? - Pelo tom da voz da garota, ela me parece preocupada.

Ligo a torneira para deixar o machucado sobre a água corrente.

Sinto uma pequena mão em meu braço, olho para Luna que não seguiu o que mandei e veio para meu lado.

- Eu disse para você ficar na cadeira. - Ela não parece nem me ouvir, ela apenas desliga a torneira e pressiona uma pequena toalha em minha mão. - O que está fazendo?

- Cuidado aonde pisa. - A garota me ignora enquanto me puxa até a sala. - Senta ali, fica quietinho, eu já volto.

Ela corre para o lavabo de baixo, confuso fico estático no lugar onde ela me deixou com a toalha enrolada na minha mão.

Luna volta para a sala com algo em mãos e com uma expressão nada boa.

- Gray, eu disse para ficar sentado. - Ela bufa. - Senta aqui, por favor.

A garota dá batidinhas no sofá ao lado de onde está sentada. Atônito eu me sento ao seu lado, assim consegui ver o que estava em sua mão. Ela desenrola e puxa minha mão para observar de perto.

- Ainda bem que não machucou muito, teve sorte. - Ela limpa o sangue com um algodão que provavelmente está com álcool, pois sinto uma ardência no local. - Tem que ter cuidado, Gray.

Fala em um tom doce e delicado enquanto abre um band-aid e o coloca aonde está o ferimento.

- Prontinho.

Sua mão macia ainda está em contato com a minha, ela faz um leve carinho com seus pequenos dedos, acredito que Luna não percebeu o que está fazendo.

- Não precisava fazer isso. - Mantenho minha mão entre as suas.

- Você cuidou dos meus dodóis, então posso cuidar do seu. - Infelizmente Luna retira sua mão ao se levantar. - Agora você vai ficar aí descansando enquanto limpo os...

- Não irá limpar nada. - Não deixo ela sequer terminar a frase.

- Eu posso limpar, Gray, não tem problema. - Barro ela de continuar o caminho até a cozinha. - Meu pai fazia bastante bagunça, então já limpei bastante vidro quebrado. Acredita que eu aprendi a limpar tudo sem me machucar?

Como é a história?

A garota fala com tanta naturalidade e como se fosse uma coisa boa ela ter aprendido a não se machucar, sendo que ela nunca deveria ter se acostumado a limpar restos de vidros quebrados.

Luna não fala muito sobre seu pai, porém, toda vez que ela menciona algum acontecimento com ele, eu tenho vontade de voltar no tempo e ter feito ele sofrer mais antes de morrer.

- Essa não é a casa que você costumava morar e eu não irei fazer você de minha empregada, Luna. Me ouviu bem?

Digo bastante sério para não houver brechas de ela não me compreender.

- Sim...

- Ótimo. Deixe com que eu limpe a minha bagunça depois.

Luna se mantém estática em minha frente, posso jurar que seus olhos parecem mais brilhantes e o tom do azul de seus olhos mais intensos. Não estavam assim antes, ou talvez eles sempre foram assim e só estou percebendo agora.

É uma agradável visão para mim observar o brilho dos seus olhos azuis.

Eu poderia observá-los para sempre que não me cansaria da vista e isso me preocupa seriamente.

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora