Capítulo 27

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Luna

- Grayson? - Bato mais uma vez na porta do seu quarto.

As dores voltaram, não tão fortes como antes, porém dói e Luna não gosta de sentir dor.

Grayson disse que tenho que chamá-lo toda vez que Luna precisar de ajuda, então aqui está Luna chamando ele.

- Gray...

Sou interrompida quando a porta é aberta bruscamente e arregalo meus olhinhos ao ver Gray apenas de roupa íntima de menino.

- Gray! - Tampo meus olhos com as mãos e me viro de costas para ele. - Você está quase pelado!

- O que? - Luna continua com os olhos tampados. - Merda!

Ouço alguns braulhos baixos, sons de movimentos.

- Desculpa, Luna. Havia me esquecido que só estava de cueca.

Me viro novamente para o Gray e retiro minhas mãos dos olhinhos.

Agora Grayson não está quase peladinho, mas não está completamente vestido, ele apenas usa uma calça de moletom, dando visão para suas milhares de tatuagens.

- Por que me chamou? - Minha atenção é tirada do corpo dele quando ele fala.

- Ah, eu tô com dor de novo. - Coloco minha mão onde estou sentindo as pontadas desconfortáveis.

Grayson passa as mãos no rosto ao suspirar, acho que ele estava tirando um cochilo, pois está com a cara amassada e com a voz mais rouquinha.

- Vamos na cozinha para eu pegar o remédio.

Ele sai na frente da Luna e vou seguindo ele pelos degraus abaixo.

Luna não gostava de tomar remédio de comprimido, na verdade, ainda não gosto. Porém, agora eu escostumei e estou tomando tudo bonitinho, sem drama nem nada.

- Luna te acordou da soneca? - Pergunto depois de engolir o remédio.

- Não, eu já estava acordado e só permaneci deitado.

- Desculpa ter te incomodado, pode voltar a ficar deitado, vai lá descansar. - Puxo seu braço para tentar levá-lo até seu quarto, mas ele nem se move, seus pés parecem estar colados no chão.

Ou a Luna é muito fraca ou ele é mais forte que o Hulk. Acho que deve ser a primeira hipótese.

- O que está tentando fazer?

- Te levar pro seu quarto ué.

Gray sai da sua expressão confusa para uma risada anasalada, ele se desvencilha das minhas mãos gentilmente e vai em direção a porta de vidro da sala.

- Não é necessário, aliás, estava na hora de eu me levantar. - Ele abre a porta de vidro e volta para a cozinha, ele está mexendo em algo, mas Luna não presta atenção, pois o lado de fora me parece muito mais atrativo.

- Você abriu a porta de fora. - Falo pensando alto.

Vejo Grayson passar por mim e ir lá para fora alguma vezes. Luna anda pelo mesmo caminho que ele fez, mas paro na porta, não ultrapassando o limite.

O dia está ensolarado, nenhuma nuvem atrapalha o sol de brilhar e de mostrar o céu azul. Consigo ouvir os passarinhos cantando e as folhas se mexendo com o vento.

É um lindo dia.

Uma muralha de músculo e tatuagem tampa a visão da Luna, levanto a cabeça para poder encarar seus olhos.

- Por que está com essa cara de paisagem?

- O que você tá fazendo do lado de fora?

Perguntamos ao mesmo tempo.

Nos dois rimos, mais eu do que ele, mas ele ainda sim deu um sorriso.

- Me responda primeiro que responderei a você.

- Luna estava admirando a natureza. - Dou ombros. - Até você virar uma muralha mais alta que a da China e atrapalhar!

Ele balança a cabeça, mas não faz nada para sair da minha visão.

- O que você tava fazendo lá fora? - Pergunto de novo antes que ele esqueça de responder a Luna.

- Arrumando a mesa para a nossa refeição.

- Mesa!? Para refeição!?

- Sim. - Gray entra novamente na casa e volta com alguns talheres em sua mão esquerda, com a outra ele apoia em meu ombro e me conduz para andar mais a frente.

Meus olhinhos ficam arregalados ao ver uma parte da casa que não tinha reparado antes.

Há uma mesa com dois bancos compridos nas suas laterais, eles estão na sombra por conta do telhadinho de madeira em cima deles. As luminárias estão desligadas por ainda ser cedo e imagino como seria esse lugar a noite.

Um pouco ao lado desse cantinho há uma horta, sei que são vários legumes, mas não consigo especificar cada um deles.

Quando Luna se dá conta, ela já está sentada no banco de frente para o Grayson. Ele serve comida para ele e estende a colher para a Luna.

- Por que viemos comer aqui? - Pergunto confusa.

Quando havia chegado aqui, uma das regras do Gray era não sair para o lado de fora, mas quando seus amigos vieram ele deixou Luna brincar aqui.

Depois desse dia ele nunca mais autorizou, ou será que ele teria deixado se eu tivesse perguntado?

- Você está precisando um pouco de ar fresco, estava quase virando uma vampira dentro de casa.

- Ah... Não ia ser ruim a Luna virar uma vampira. - Sorrio ao imaginar Luna como uma vampirinha, seria muito legal, eu iria querer ser tipo a Draculaura. - Iria colocar medo em todo mundo!

- Com certeza.

Gray faz aquele sorriso no canto da boca que significa que ele está zombando.

Estou aprendendo decifrar suas expressões.

- Luna não lembra dessa parte da casa quando veio brincar com o Ben e a Olivia.

- Você estava muito alvoroçada para perceber qualquer coisa. - Ele come sua comida olhando para mim.

- É que a Luna tava muito feliz. - Me defendo e depois coloco minha última garfada na boca.

Grayson que continua me encarando, se levanta ao ver que terminei de comer.

Será que é para a Luna entrar na casa com ele?

Eu não quero, está tão bom ficar do lado de fora, a grama é gostosinha de ficar sem sapato, o vento refresca e pego até um solzinho.

- Você fez sobremesa! - Falo animada quando vejo Gray trazer dois potinhos com doce.

Eu sei que é doce porque ele já fez outras vezes, o doce tem um creme branco com chocolate por cima, uva verde e uma bolachinha.

É muito gostoso, se o paraíso dos doces tivesse um gosto, seria esse!

Agradeço Grayson quando ele coloca o pote na minha mão. Luna se vira no banco para poder ver o quintal, balanço meus pés já que não alcanço a grama. Gray se senta perto de mim e também encara o quintal.

Ficamos assim até acabar o docinho, quietos e aproveitando a natureza.

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora