Capítulo 43

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Eduardo

Odeio o que estou fazendo. Me dói a alma ignorar ela. Eu quero desesperadamente ir até ela, abraçar ela bem apertado, nunca mais soltar. Eu me odeio, por estar sendo tão idiota e frio com ela.

Eu não queria ignorar ela, eu não queria me afastar. Mas meu medo de perder ela está sendo maior, sei que ela vai me deixar assim que souber que eu sou o culpado pela morte de seus avós, a única família que ela tinha.

Eu nunca deveria ter saído aquele dia. Eu não deveria ter olhado no celular, se eu tivesse ignorado meu celular tocando, eu poderia ter evitado que o carro da frente batesse no meu.

— O quê você tem? Anda sumido. — Álvaro e Augusto entra no escritório.

— Você está horrível. — Eu sei como estou, noites sem dormir. Pensando em como contar a ela sobre tudo.

— O quê vocês querem aqui. — Digo a eles que me olham feio.

— Me diz, cadê Mariana? Nunca mais vi vocês juntos. — Álvaro diz e suspiro.

— Verdade, vocês estão bem? — Augusto pergunta e nego.

— Eu estraguei tudo. Eu sou um idiota. — Digo a eles. Eu sou um bastardo.

— Eduardo eu vou te capar se você estiver brincando com Mariana. — Augusto diz vindo até mim. — Eu juro que acabo com você.

— Não vai me dizer que você anda de coisa com outra? — Álvaro diz e nego. — O quê você fez?

— Eu fiz merda, eu não mereço ela.

— Já se cansou dela? Não me diz que é um bastardo dos piores. — Augusto diz.

— Eu amo ela, jamais vou me cansar dela. Mas eu fiz algo anos atrás.

— Cara, o que houve? Somos família pode confiar em nós. — Álvaro diz. Talvez se eu desabafar com eles me ajuda.

— Alguns anos atrás eu vinha de uma festa, eu tinha bebido, não muito, não estava bêbado. — Digo a eles que se sentam a minha frente. — Era madrugada, no caminho meu celular tocou, quando eu fui ver quem era pra atender, não deu tempo, um carro que vinha na frente bateu no meu, foi horrível.

— Acidente? Você sofreu acidente e não nos contou nada. — Augusto grita comigo. — Por que nunca nos contou? Qual seu problema? Somos família, por isso andou um tempo sumido e quando apareceu inventou um monte de mentira.

— Eu não queria preocupar vocês.

— Eduardo deveria ter nos contado, somos seus irmãos. — Álvaro diz e suspiro.

— Eu queria contar, mas tinha medo, de me achar um irresponsável.

— Você perdeu o controle do carro? — Augusto pergunta e nego.

— Não, já no hospital me disseram que o casal que estava no carro o homem tinha sofrido um infarto, o que resultou na perda do controle do carro.

— Então não foi sua culpa, você não é o culpado. — Álvaro diz e suspiro.

— Por isso que age assim no trânsito, por isso evita beber. — Augusto pergunta e suspiro afirmando. — Você não tem culpa de nada Eduardo.

— Mas se eu tivesse prestado atenção teria evitado.

— Eles teria morrido do mesmo jeito, podeira ter batido em outro carro, sabe o que podeira ter acontecido. — Augusto diz. — Mas me diz, o que Mariana tem a ver com isso?

— Ela é neta dos senhores que estavam no carro.

— A Mariana? — Álvaro pergunta.

— Sim. Ela é neta deles, eu descobri isso quando estávamos na casa dos nossos pais, ela mostrou a foto deles, e eu levei um choque ao ver que eram eles. — Digo a eles. — Ela vai me odiar.

— Você contou a ela? — Augusto pergunta e nego.

— Não, eu ignorei ela. Na verdade eu me afastei.

— Como? Qual o seu problema Eduardo? — Álvaro pergunta. — Como você acha que ela está agora?

— Eu sei que errei, mas eu não vou saber lidar com a rejeição dela.

— Você nem ao menos conversou com ela. — Augusto diz.

— Como Augusto, como eu vou dizer pra ela. — Grito e logo as coisas da mesa com raiva. Como vou dizer que eu tenho culpa.

— Mariana precisa saber a verdade. — Augusto diz. — Tem que contar a ela.

— Claro, é fácil, chegar nela e dizer que ela é neta dos meus pesadelos. — Digo a ele. Eu odeio tudo o que está acontecendo.

— Não foi sua culpa o acidente. — Augusto diz.

— Mas eu estava lá, foi no meu carro que os avós dela bateu, eu poderia ter evitado. — Digo a eles. Álvaro vem e me abraça. Retribuo seu abraço. Choro abraçado meu irmão, a última vez que chorei foi no dia do acidente.

— Você não tem culpa Eduardo. Não se culpa por algo que você não fez. — Ele diz. Augusto vem e me abraça. Odeio ficar venerável.

— Sabe que nós te amamos, jamais vamos te condenar. Não foi sua culpa. — Ele diz. — Mas precisa falar com ela, resolver tudo, como um homem. — Quando ele termina de falar, a porta se abre com tudo.

Amanda está parada. Ela me olha tão feio, que se olhar matasse eu estaria morto. O que ela está fazendo aqui, é folga dela.

— Eu vou matar você. — Ela grita e aponta pra mim. — Você é um bastardo, um sem vergonha.

— O quê? Abaixa o tom de voz. — Digo a ela. Gosto de Amanda, mas não permitirei que grite comigo.

— O quê você falou pra minha amiga. — Ela diz vindo na minha direção.

— Eu não fiz nada.

— Não fez. — Ela ri, mas uma risada forçada. — Fez sim, sabe o que você fez, fez ela pensar que ela é a pior pessoa do mundo, ela está achando que o ex tem razão, que ela nunca vai ter alguém que a ame de verdade, que ela nunca vai ter uma família. Você está fazendo ela sofrer, está fazendo ela se sentir um lixo. — Ela grita. Quando ela vai pegar a cadeira pra tacar em mim, Álvaro é mais rápido e segura ela. — Me solta.

— Eu não fiz nada. Eu não vejo Mariana a uma semana. — Digo a ela.

— Jura, então por que ela saiu daqui chorando? — Ela pergunta e olho pros meus irmãos. Mariana esteve aqui.

— Ela estava aqui? Na onde?

— Ela estava mal, então veio aqui falar com você, mas ela saiu correndo chorando, não se faça de bobo, você está sendo o motivo da tristeza e lágrimas dela. — Ela diz. E fico sem chão, ela deve ter ouvido tudo. Olho pra Augusto.

— Ela deve ter ouvido tudo Eduardo, você precisa agora mais do que nunca falar com ela. — Ele diz e não sei o que fazer. Ela me odeia, agora não somente por ter sido um idiota com ela, mas por ter sido eu o dono do outro carro que estava envolvido no acidente.

— Tira ela daqui. Preciso ficar sozinho. — Digo a eles.

— Eu não tô nem aí pro meu emprego, mas eu te mato se minha amiga continuar a chorar. — Amanda grita saindo. Meus irmãos vão junto e eu fico aqui, sozinho pensando em como vou falar pra ela.

Saio do restaurante e vou até a casa dela. Preciso falar com ela, preciso que ela me ouça. Tenho que me redimir, quero seu perdão e seu amor. Quero ela pra sempre comigo.

Desço do carro e corro até a casa dela. Toco a campainha, mas ela não atende. Tento ligar pra ela, mas está desligado. Grito por ela, mas ela não sai. Eu ferrei tudo, mereço tudo isso, fui um idiota com ela. O que eu faço? Não posso perder ela.

Trilogia Irmãos Guerra - Liberte-seOnde histórias criam vida. Descubra agora