Mariana
Já tem um mês que estou em Belo Horizonte, no começo foi difícil ficar na casa onde meus avós viveram por tanto tempo, me traz tantas lembranças, mas decidi focar nas coisas boas que eles viveram ali e que eu também vivi, não vou deixar a tristeza me dominar e me abater.
Essa é a oportunidade que a vida está me dando de recomeçar, é isso que estou fazendo, preciso recomeçar minha vida, ter um novo recomeço por mim e pelo meu filho.
A loja e a casa estavam em uma situação deplorável, anos abandonadas, tive que fazer algumas reformas para poder ficar na casa e inaugurar a loja. Não consegui conter a emoção quando vi tudo pronto, vovó amava sua casa e sua loja, cuidava com tanto carinho do local, eu vou fazer isso por ela agora e por mim. Me sinto mal por ter deixado esse lugar tão especial abandonado por tanto tempo.
Balanço a cabeça para espantar os pensamentos negativos que querem surgir. Andréia e as crianças fazem falta, fiz Lucas prometer que viriam me visitar sempre, todo dia falo com minha amiga e meus sobrinhos, que só sabem falar do meu bebê. Vai ser tão bom tê-los por perto quando eu for ganhar meu bebê, Andréia prometeu que estará aqui e eu fico até mais tranquila de saber que não vou ficar tão sozinha.
Ainda não fiz bons amigos por aqui, quando cheguei muitos na vizinhança vieram estender as boas vindas, mas sei que era pura curiosidade, queriam saber quem estava ocupando a casa dos Perez. A inauguração da loja me trouxe alguns clientes assíduos, porém não fiz amizades com estes. Então estou completamente sozinha nessa cidade.
Às vezes é deprimente, mas também é bom, não é muito diferente de como eu vivia no Rio. Gosto de como minha vida está tranquila e em paz, não tenho preocupações e posso cuidar de meu bebê. Meu filho é tudo que me importa no momento, vou viver para ele, para dar tudo que ele precisar, não quero que Pedro tenha participação alguma, não quero nada dele, embora eu tenha certeza que ele não se importa e nem vai oferecer ajuda, melhor assim.
— Oi? Moça? — Saio de meus pensamentos e vejo uma mulher muito bonita parada em minha frente acenando a mão de um lado para o outro, acho que ela quer se certificar que estou a vendo e escutando.
— Olá, bom dia, em que posso ajudar?
— Finalmente, achei que ia ficar te chamando eternamente, estava feito uma estátua parada e olhando para o nada, fiquei até com medo de estar vendo espíritos. — Ela para bruscamente de falar arregala os olhos e põe a mão na boca, só me resta rir dessa figura. — Desculpe, eu normalmente não penso no que vou falar e desembesto a dizer um monte de bobeira, desculpe.
— Está tudo bem. Em que posso te ajudar?
— Calça, eu vim ver umas.
— Ok, qual sua numeração? Social ou jeans?
— Jeans, eu visto 38. — Eu ajudo a moça a escolher suas peças, ela é engraçada e falante, gostei dela, espero poder vê-la novamente.
No meio da manhã começo a sentir uma dorzinha no pé da barriga e resolvo fechar a loja e ir deitar um pouco, fico muito de pé e por isso tenho essas dores, ao menos acho que é isso. Eu ainda não tive tempo de procurar um médico obstetra para continuar o acompanhamento de meu bebê, mas amanhã sem falta vou atrás de uma consulta.
Pelas minhas contas devo estar de três meses, Andréia brigou comigo disse que preciso ir ao médico urgentemente, porém esse mês foi tão corrido, não tive tempo mesmo.
Peço comida de um restaurante por aí, almoço e vou me deitar. Consigo dormir um pouco pela tarde, porém a dor continua e agora para melhorar a situação me sinto enjoada. Tomo um banho e decido dar uma volta, hoje não abro mais a loja. Eu ainda não tive tempo de passear pela cidade, conheço poucos lugares, mas sei que aqui perto tem uma praça, é para lá que vou.
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Trilogia Irmãos Guerra - Liberte-se
RomanceEduardo Guerra e Mariana Perez são duas almas marcadas por cicatrizes do passado. Após uma tragédia que mudou a vida de Eduardo, ele se vê lutando contra fantasmas internos enquanto esconde sua verdadeira essência por trás de uma fachada de seriedad...