Capítulo 42

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Mariana

Mais uma vez olho pro meu celular na esperança de que tenha alguma mensagem dele. Desde o dia em que viemos da casa dos pais dele, ele veio somente duas vezes em casa, e nessas vezes ele estava aéreo, falou bem pouco, e mal me beijou.

Será que ele já se cansou de mim. Será que eu era pegajosa? São tantas perguntas em minha cabeça e eu não tenho resposta pra nenhuma delas. Já faz uma semana que ele não vem aqui em casa, mandou ontem uma mensagem dizendo que tem coisas mais importantes pra resolver. Eu fiquei magoada com isso.

— Por que está triste assim? — Cecília sorri da porta da loja. Sorrio pra ela, apesar de meu coração estar chorando. Não sei porque estou assim, talvez seja coisa da minha cabeça e ele esteja ocupado.

— Oi, tudo bem? — Sorrio indo até ela. Abraço e sorrio, procurando as crianças. — Cadê as crianças?

— Estou bem. Estão com a avó. — Diz sorrindo. — Você não me parece bem? Está acontecendo algo?

— Nem eu sei. — Digo indo me sentar em umas das poltronas que coloquei na loja. — Eduardo, ele anda tão diferente.

— Diferente como? — Ela se senta de frente pra mim. Controlo a vontade de chorar.

— Ele mudou, não sei por que, ele já não vem mais aqui e nem fala direito comigo, e ainda mais, ele nem me toca, sabe, nem um beijo. — Desabafo com ela. Ela suspira.

— Eu notei ele sumido, ele costumava ir em casa, ficava falando o quanto você é maravilhosa, mas agora ele sumiu, ninguém vê ele direito. — Ela diz e suspiro. Talvez ele esteja fazendo isso pra ver se eu caio na real de que ele não me quer.

— Oi minhas gatas, estavam com saudades? — Amanda entra sorrindo, mas assim que me vê, ela corre e me abraça. — Por que está com essa carinha? O que houve? Já sei, vocês brigaram, por isso ele está o cão no restaurante. — Ela diz e se senta. Não sei o que está acontecendo com Eduardo.

— Nós não brigamos. Ele simplesmente sumiu.

— Como assim? Vocês estavam tão feliz. — Ela diz e Cecília concorda.

— Sim, até o último dia na casa da mãe dele. — Digo a elas. Sinto uma vontade enorme de vomitar, mas respiro fundo pra tentar controlar a ânsia. — Ele tinha dito que íamos voltar depois do almoço, mas quando foi cedo, ele simplesmente mudou do nada e disse que tinha que voltar.

— Ele não disse o motivo pra voltar? — Cecília pergunta e nego.

— Não, só disse que tinha coisas importantes pra fazer. E no caminho, perguntei a ele, ele disse que não tinha tempo pra perder no sítio, ele está diferente distante. — Sinto minhas bochechas molharem com as lágrimas que estava segurando já faz dias.

— Está tudo bem Mari, não chora. — Amanda diz e suspiro.

— Não está tudo bem, ontem eu mandei uma mensagem pra ele, perguntando se ele viria aqui, por que já tem uma semana que ele não vem, ele simplesmente disse que tinha coisas mais importantes pra fazer. Ou seja, eu atrapalho a vida dele.

— Não atrapalha nada, Eduardo está sendo um idiota, Augusto disse que ia falar com ele hoje, está preocupado porque ele anda sumido. — Cecília diz. — Ele te ama, não deixa pensamento ruins entrar na sua cabeça.

— Ele estava o cão hoje, eu passei lá pra ver se você estava lá, mas ele foi um grosso, aí eu vim aqui. — Amanda diz. — Então o problema não é com você, porque ele está descontando a raiva em todos.

— Eu juro que não fiz nada de errado. — Digo a elas. Meus soluços são ouvidos pela loja. Não queria chorar, prometi a mim que não choraria por um homem novamente. Meu estômago embrulha e saio correndo pro banheiro.

Elas vem atrás de mim, Amanda segura meu cabelo enquanto eu coloco tudo pra fora. Parece que vai sair tudo de dentro de mim.

— Mari, tem certeza que está bem, você está pálida. — Cecília diz me dando papel pra limpar a boca.

— Estou sim. Deve ser estresse.

— Vamos levar você ao médico. — Amanda diz e nego.

— Não precisa, estou bem. — Lavo a boca e o rosto. Suspiro e saio do banheiro indo sentar novamente. Minha cabeça dói.

— Sabe que se continuar vamos te levar ao médico né. — Cecília diz e Amanda concorda.

— Obrigada, mas estou bem.

— Eu vou capar o Eduardo. — Amanda diz e sorrio.

— Talvez meu ex tenha razão, eu não sirvo pra nada, quem iria se interessar por mim, quem iria querer construir uma família comigo? Se nem um filho eu consegui segurar. — Digo querendo chorar. — Olha pra mim, eu não sou nada, não tenho ninguém.

— Você tem a nós, e Eduardo está sendo um idiota, mas precisa conversar com ele. Resolver tudo, tirar tudo a limpo. — Cecília diz. E tomo uma decisão, irei ao restaurante hoje e colocarei tudo pra fora, e exigir uma resposta dele.

— Você tem razão. Eu irei ao restaurante, terei uma conversa com ele e seguirei minha vida.

— Quer que eu vá com você? Eu fico lá fora.

— Eu quero sim. Pretendo não demorar lá também. — Digo em um suspiro.

— Então vamos. Eu acompanho vocês até um pedaço. — Cecília diz e concordo. Pego minhas coisas e seguimos juntas.

Cecília foi até um pedaço do caminho comigo e Amanda. Assim que chegamos na frente do restaurante Amanda segura minha mão. Entramos juntas.

— Eu vou ali falar com uns colegas, mas qualquer coisa me grita. — Ela diz séria e sorrio. — Estou falando sério, eu acabo com ele.

— Pode deixar eu te grito qualquer coisa.

Vou em direção ao escritório, meu coração acelera a cada passo. Será que ele tem outra? Tiro esses pensamentos da minha cabeça e quando vou bater na porta ouço sua voz alterada.

— Como Augusto, como eu vou dizer pra ela. — Ele diz e ouço algo caindo. Fico parada ouvindo.

— Mariana precisa saber a verdade. — Augusto diz a ele. Que verdade? — Tem que contar a ela.

— Claro, é fácil, chegar nela e dizer que ela é neta dos meus pesadelos. — Neta dos pesadelos dele? O que ele está falando.

— Não foi sua culpa o acidente. — Augusto diz pra ele. Meu Deus, não pode ser.

— Mas eu estava lá, foi no meu carro que os avós dela bateu, eu poderia ter evitado. — Como não pensei nisso antes. Ele me disse sobre o acidente que sofreu, mas eu nem imaginei que podia ter sido meus avós os envolvidos no acidente. Infarto, meu avô teve um infarto, como eu não liguei as coisas. E o dia na casa da mãe dele, a foto dos meus avós, foi por isso que ele ficou estranho.

Sem pensar eu saio dali correndo, as lágrimas banham meu rosto. Ouço Amanda me gritar, mas não quero ficar aqui. Saio sem rumo, eu só quero me esconder, só quero ficar em paz.

Trilogia Irmãos Guerra - Liberte-seOnde histórias criam vida. Descubra agora