Capítulo 10

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Mariana

Eu só posso ter problemas, é sério. Onde uma pessoa normal e com amor a própria vida, faria o que eu fiz. Chamar um estranho de um apelido ridículo.

Mas bem feito, ele disse que o banco estava ocupado, e só tinha ele ali. Ou seja, não queria me dar espaço para sentar, ou a bunda dele é enorme para ocupar todo espaço?

Eu e minha mente brilhante, demos um apelido a ele, "bumbum guloso". Eu não tenho solução, agora estou rindo sozinha,  algumas pessoas me encaram de maneira estranha. Devem me achar louca.

Mas que ele foi um idiota ele foi, qual o problema dele, tem medo de mulher? Casado? O que pode ser? Será que aqueles caras me ouviram dizendo o apelido dele? Tomara, e pior ainda, espero que eles o atormenta com esse apelido lindo que dei.

Quem saiba ele aprende, a nunca mais ser ignorante. Mas que o homem é bonito ele é, um pedaço inteiro de mal caminho. Mas dona Mariana isso não é pra você, nada disso, seu foco agora é seu filho e a loja. Isso aí, foco em sua vida.

Nada de se envolver em problemas tão cedo assim. De problema já basta Pedro, que foi uma das piores escolhas. Mas quem imaginaria que ele seria assim, tão degradável. 

O quão cego uma pessoa apaixonada pode ser. Às vezes acho que nem era paixão ou amor, era mais comodidade mesmo. Eu me acostumei com ele, com sua presença ou a falta dela.

Pedro no começo foi bom, carinhoso, mas com o tempo as coisas foram mudando, até achei que o problema estava em mim, quando na verdade estava nele. Não acredito que aquela fingida se fez de minha amiga e vivia se oferecendo para o podre do Pedro.

Mas agora eles não importam mais. Estou livre, nunca mais irei vê-los.

Quando chego em casa me sinto tonta, mas deve ser por conta da gravidez, tenho que procurar um médico para fazer o acompanhamento da minha gestação. Tomo um copo d'água e respondo algumas mensagens de Andréia.

Não quero comer minha comida, então decido ir até um restaurante aqui perto. Talvez eu consiga uma mesa. Tomara que não esteja cheio.

Corro-me arrumar, enquanto tomo banho sinto uma dorzinha no pé da barriga. Esfrego o local e termino de me banhar.  Depois de pronta,  pego minhas coisas e chamo um Uber para me levar, prefiro não dirigir.

Quando desço na frente do restaurante respiro fundo. Não conheço ninguém aqui, não tenho amigos, e se eu ficar em casa enfurnada o dia inteiro, não irei fazer amigos, bem que sempre aparece umas pessoas legais na loja, mas eles não têm cara de que querem fazer amizades.

— Olá, boa noite. Posso ajudar? — O garçom me cumprimenta assim que entro.

— Olá, boa noite. Mesa para um por favor. 

— A senhora fez reserva? — Droga, deveria ter ligado antes e reservado.

— Eu não reservei, não tive tempo. — Digo sorrindo amarelo.

— Estamos lotados, não sei se tem mesa disponível.  Irei verificar. — Ele diz torço para que encontre uma mesa. Quando ele vai falar algo, a garota que esteve na loja aparece sorrindo.

— Pablo, pode deixar, eu cuido dela, é uma amiga. — Ela diz sorrindo e ele se retira. agradeço mentalmente, meus pés doem. — Vem, vou arrumar uma mesa para você.

— Obrigada, eu estava pronta para pedir uma cadeira, nem que fosse pra comer na beira da calçada. — Digo e ela sorri.

— Jamais iria deixar isso acontecer. — Ela me leva até uma mesa. — Aqui está o cardápio, o que vai pedir? 

— Eu quero uma lasanha, com muito queijo, mas é com muito queijo mesmo. E um suco de laranja.

— OK. Uma lasanha com muito queijo. Algo mais?

— Não. Eu só quero uma lasanha com muito queijo.

- OK. E para sobremesa o que vai pedir?

— Uma torta de chocolate.

— Certo! É só aguardar, seu pedido já vem. Eu me chamo Amanda, se precisar de alguma coisa, é só me chamar. 

— Eu me chamo Mariana, mas pode me chamar de Mari. Obrigada, qualquer coisa te chamo.

Ela se retira, depois de alguns minutos minha comida chega, bem rápido. Decidi focar na minha lasanha, que por sinal está muito bem coberta de queijo, eu já amava queijo, e com a gravidez, eu passei a amar mais ainda.

Assim que termino minha lasanha, um garçom vem com minha torta. Vejo Amanda vir em minha direção, ela se sentar na cadeira a minha frente.

— Então, já fez muitos amigos? Conheceu Belo Horizonte?

— Na verdade algumas pessoas aqui me dão medo só de olhar para o rosto delas, não me parecem muito amigáveis. — Digo e ela sorri . — E não, eu não fiz muitos passeios, pois eu não conheço a cidade e ninguém que possa me levar para fazer um passeio.

— Pronto, agora você tem. Eu vou te levar para um tour por BH. Vou te levar em umas baladas bem legais, para conhecer uns gatinhos.

— Ok, mas nada de balada viu, no momento eu só quero cuidar do meu bebê, viver para mim e para ele, ficar longe do sexo masculino. — Ela começa a rir e chama a atenção de algumas pessoas.

Termino minha torta, peço a conta, pego o número de telefone da Amanda, e passo o meu, me despeço dela, chamo um Uber e vou direto para casa.

Chego em casa, tomo um banho para dormir, me deito e fico pensando em tudo que aconteceu comigo. Se Pedro não tivesse me traído, se tudo o que aconteceu não passasse de um sonho, e a qualquer momento iria acordar .

Mas agora eu aqui sozinha, só eu, e o meu bebê, vejo que foi melhor assim, agora eu vejo que posso ter uma vida de verdade, pois antes eu não tinha contato com muitas pessoas, só com Andreia, eu não tinha muitos amigos, só saia com Pedro.

Eu não tinha uma vida, eu tinha uma rotina bem de merda, que agora olhando vejo que era muito chata, todos os dias eu fazia a mesma coisa, acordava, ia para o trabalho, almoçava sozinha, voltava para casa e esperava o Pedro . 

Eu era praticamente um robô, fazia todos os dias as mesmas coisas, eu não tinha tempo para mim, o tempo que eu tinha, era sugado por um embuste que não me deu valor, e a culpa não é só dele, eu tenho uma parcela nisso , se eu tivesse acordado para a vida antes, não teria perdido tanto tempo da minha vida, como uma pessoa sem escrúpulos, sem caráter.

No começo eu fiquei muito mal, mas agora, eu vejo que não o amava, não era como no começo do nosso relacionamento, eu me acomodei com a presença dele, e com a falta dela também, eu estava tão acostumada com tudo aquilo, que nem prestei atenção que estava sendo corna.

Eu pensei que era amor, estava tão cega, que nem percebi que estava aceitando migalhas de um babaca. Eu não mereço uma pessoa pela metade, eu sou incrível, não preciso disso.

Mas agora tudo será diferente, não vou aceitar menos que mereço. Eu vou esperar, um dia conheço a pessoa certa que vai me amar e aceitar o meu bebê, enquanto isso vou viver para mim e para ele. Não quero pensar em mais nada além do meu bem estar e do meu filho.

Trilogia Irmãos Guerra - Liberte-seOnde histórias criam vida. Descubra agora