Capítulo 01

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Eduardo

Viver pro trabalho é minha especialidade. Minha mãe antes já pegava no pé sobre minha vida amorosa e agora que Augusto está casado,  com filhos, dona Luiza aumentou ainda mais a pressão para que eu me case também, mas estou muito bem solteiro, não quero me envolver com alguém agora e nem mesmo me vejo em um relacionamento mais pra frente.

Bom, Augusto também não queria estar em um relacionamento, Carmem o deixou quebrado, mas quem não ficaria também, depois do que ela fez? Ela não tem coração e escrúpulos. Ela com certeza é uma sem salvação. Mas olha só onde está meu irmão agora, casado, com filhos e muito feliz.

Admiro muito essa família que meu irmão conquistou, amo minha cunhada e meus sobrinhos, às vezes até me pego sonhando com um casamento e um filho. Mas logo trato de tirar essa ideia da cabeça. Não é porque aconteceu de meu irmão encontrar o amor e ser feliz que isso irá acontecer comigo também.

Comigo não vai ser assim, não é possível e nem acredito que eu conheça alguém que me chame atenção. Me apaixonar está fora de cogitação.

— Senhor, está tudo fechado. — Júlio um dos meus funcionários me avisa.

— Obrigado Júlio, eu já vou também. — Ele sai e pego minhas coisas, sigo para o estacionamento. Agora é só ir pra casa e descansar, bem era isso que planejava, mas parece que não quero colaborar com meus planos. — Não acredito, por quê está tudo parado?

Pergunto a mim mesmo ao ver que os carros estão parados, ninguém vai e nem vem. Suspiro, odeio quando isso acontece, ainda bem que sou um cara calmo no trânsito, ou melhor tive que me tornar assim.

Eu nunca me arrependi tanto, nunca me culpei tanto, eu me odeio por ter tirado a vida daquele casal de idosos. Minha família não sabe desse acidente, não fui capaz de contar, me sinto mal de lembrar, me sinto envergonhado, desde então vivo também para obedecer metodicamente todas as leis de trânsito. Não excedo limite de velocidade, não furo sinais, olho bem antes de virar, certificando sempre as setas, cinto de segurança não ando sem e quem me acompanha eu faço colocar, celular só vejo se estou parado, caso contrário só em casa, nunca bebo se preciso dirigir.

Assim cuido da minha vida e da de outros, não quero nunca mais ser o responsável por um acidente fatal. Ainda tenho pesadelos com aquela noite, não consigo esquecer.

Em questão de meia hora não ando nem um quilômetro, isso me deixa um tanto estressado queria chegar logo em casa e descansar, mas pelo visto não vou chegar tão cedo.

Logo entendo o porque de estar esse caos todo, aconteceu um acidente, metade da via está interditada, os policiais liberam o acesso pouco a pouco.

— Não olhe, Eduardo, não olhe. — Tento desviar minha atenção, mas é impossível, dois carros se envolveram em uma batida, isso me lembra tanto o que passei a alguns anos atrás.

Será que houve alguma morte? Ou estão gravemente feridos? Odeio ver acidentes, não consigo lembrar da batida que me envolve a uns anos, eu matei um casal de idosos por pura inconsequência minha, por isso prometi a mim mesmo nunca mais beber se tivesse que dirigir, e sempre seguir todas, absolutamente todas as regras de trânsito, me tornei um paranóico? Talvez sim, mas assim poupo a minha vida e de outras pessoas.

Por mais que me dissesse que o casal estava na contra mão, pois o motorista dormiu no volante, mesmo assim me sinto culpado, eu estava envolvido e ainda tinha ingerido bebidas alcoólicas.

— Senhor? Pode passar! — Olho para o policial, ele faz sinal mostrando que devo seguir caminho e obedecer, quanto antes sair daqui melhor, lembranças do passado estão invadindo minha mente e não gosto dessas memórias.

Trilogia Irmãos Guerra - Liberte-seOnde histórias criam vida. Descubra agora