Morro do Turano, Rio de Janeiro
Coloco a mão na testa, protegendo os olhos do sol enquanto espero Manu sair da escola. O calor é intenso, e o dia está radiante. De repente, vejo minha menina correndo em minha direção, seu rosto iluminado por um sorriso contagiante.
— Minha princesa! — digo, abaixando-me para abraçá-la com todo o carinho. — Como foi a aula?
— Foi boa! — ela responde, ainda sorrindo, seus olhos brilhando de felicidade.
Manuela é linda, e não é apenas porque é minha filha. Graças a Deus, ela se parece muito comigo e não herdou nada do traste do pai dela. Seus cabelos são longos e castanhos, brilhando sob a luz do sol, e seus olhos são um reflexo dos meus, cheios de vida e curiosidade.
Enquanto caminhamos de volta para casa, segurando sua pequena mão na minha, sinto uma onda de gratidão. A cada passo, ela conta animadamente sobre seu dia, descrevendo suas aventuras na escola, as novas amizades e as pequenas descobertas que fez. Seu entusiasmo é contagiante, e não consigo deixar de sorrir.
— Mamãe, hoje fiz um desenho para você! — ela exclama, tirando um papel colorido da mochila e me entregando.
Olho para o desenho, um coração enorme com nossas figuras desenhadas dentro, rodeadas de flores e borboletas. É simples, mas repleto de amor e inocência.
— Está lindo, meu amor. Vou colocar na geladeira quando chegarmos em casa — digo, beijando sua testa.
Ela sorri ainda mais, feliz com meu elogio, e continuamos nosso caminho, aproveitando esses momentos preciosos juntos. Apesar de todas as dificuldades, esses instantes com Manu fazem tudo valer a pena. Ela é minha luz, minha razão de lutar, e cada sorriso seu é um lembrete de que, independentemente das adversidades, estou fazendo algo certo
Enquanto caminhamos para casa, o som alto de um helicóptero sobrevoando o morro chama nossa atenção. Olho para o céu, vendo a aeronave voar em círculos. Manu, fascinada, solta minha mão e corre atrás do helicóptero, esquecendo-se de tudo ao seu redor.
— Manuela! — grito, correndo atrás dela com o coração acelerado.
Quando finalmente a alcanço, vejo que ela está estática, paralisada em frente a um homem fardado que segura a guia de um cão farejador. O homem está abaixado, ficando à altura de Manu, tentando acalmá-la. Aproximo-me rapidamente, vendo que Manu está quase chorando, o medo evidente em seus olhos.
— Manu — chamo com calma, pegando a menina no colo.
O cachorro não parece se importar com nossa presença. O homem se levanta e, quando finalmente vejo seu rosto, percebo um meio sorriso escondido enquanto ele me encara.
Capitão Nascimento, por que ele não se mudava de uma vez pro Turano? Parece que não sai dessa merda de morro.
— Desculpa, senhor, ela saiu correndo — justifico, tentando manter a compostura.
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Ambições Secretas | Capitão Nascimento
FanfictionRoberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...