45 - Dor Física

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Cinco anos antes, Complexo do Alemão

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Cinco anos antes, Complexo do Alemão...

Os tiros cessam, deixando um silêncio sepulcral que logo é preenchido pelo lamento angustiado de mães, esposas e filhas. O eco do sofrimento ressoa pelos becos, contrastando com o silêncio mortal ao redor. 

Seus filhos, maridos e pais já não estão mais aqui — estão estirados no chão, sem vida, vítimas da violência.

Respiro fundo, sentindo o peso do momento, mas não posso parar. Com um movimento rápido, estendo a mão para ajudar Pimenta a se levantar. 

Ele se apoia em mim, e por um breve instante nossos olhares se encontram, ambos compartilhando a dor silenciosa que ecoa por todo o morro. Sem dizer uma palavra, corro em direção à saída da casa, o coração acelerado e o corpo em alerta.

Cada passo no caminho de volta ao morro é uma batalha contra o tempo. Meus olhos percorrem as vielas, atentos a qualquer sinal de perigo, mas minha mente está focada em um único objetivo: Clara e Marina. 

Elas são a única coisa que importa agora. Meu sangue corre quente pelas veias, a adrenalina dominando meus sentidos, mas uma parte de mim já sente o frio do medo se aproximando.

Quando chego à porta de casa, a cena me atinge como um soco no estômago. Ícaro está sentado no chão, as mãos sobre a cabeça, os olhos marejados, cheio de lágrimas que ele tenta, em vão, segurar. 

Seu desespero é palpável, mas não posso me deter. Com o coração na garganta, empurro a porta, entrando apressado.

O som do choro de Marina me atinge antes que eu a veja. A arma escorrega da minha mão, batendo surdamente no chão enquanto o meu corpo gela. 

Meus olhos percorrem a sala, absorvendo o horror diante de mim. Há sangue. Muito sangue. Espalhado pelo chão, pelas paredes, tingindo tudo com uma cor macabra.

Marina está ajoelhada ao lado do corpo de Clara, sua pequena mão trêmula acariciando o rosto inerte da mãe. O rosto de Clara, antes vibrante e cheio de vida, agora está pálido, gelado, uma máscara de serenidade mórbida. 

Ela está deitada no chão, imóvel, e o contraste entre o calor das lágrimas de Marina e a frieza da pele de Clara me rasga por dentro.

Minha visão fica turva, o som do meu coração batendo nos ouvidos, e tudo ao meu redor parece perder o sentido.

Minha menina está morta. Minha filha está morta. 

*** 
Atualmente...

Minha visão se tinge de vermelho. O mundo ao meu redor parece desaparecer, consumido pela fúria que me cega. Tudo o que sinto é ódio, puro e implacável, queimando dentro de mim como um incêndio descontrolado. 

Não há mais lógica, não há mais razão — só a promessa de vingança. Vou matar aquele capitãozinho de merda.

Desde o momento em que soube que a bala que tirou a vida da minha menina veio da arma dele, algo se quebrou dentro de mim. Ele olhou nos olhos dela. Ele viu sua inocência. E, mesmo assim, apertou o gatilho. 

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora