20 - Orgulho

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Esse capitulo não tem intenção de ofender nenhuma religião, todos as referencias trazidas aqui são baseadas em pesquisas sobre o tema

Esse capitulo não tem intenção de ofender nenhuma religião, todos as referencias trazidas aqui são baseadas em pesquisas sobre o tema

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Me aproximo devagar do Exú que está conversando com Beto, mantendo as mãos para trás em uma tentativa de esconder a tensão que sinto. Meus ombros estão rígidos, e faço um leve movimento para relaxá-los.

A energia ao redor é pesada, densa, mas ao mesmo tempo carrega a seriedade necessária para o que está prestes a acontecer.

— De frente pra ele — a voz de Exú ressoa, autoritária, sem margem para questionamentos.

Obedeço imediatamente, me posicionando de frente para Beto. Nossos olhares se encontram, e um nó se forma no meu estômago. Mordo o lábio, nervosa. Sei o que está por vir, e o peso desse momento é quase insuportável.

Exú é implacável quando se trata de trazer à tona o que precisa ser dito e resolvido. Não há espaço para mentiras ou meias verdades na presença dele.

— Tira o sapato — Exú ordena, olhando para Beto com firmeza. — Tem que ter respeito pela casa do outo.

Beto, sem hesitar, se abaixa para tirar os tênis, obedecendo prontamente. Eu observo em silêncio, engolindo seco. O olhar de Exú agora está fixo em mim.

Ele fuma seu cigarro com calma, quase como se estivesse saboreando cada trago, e dá um gole na cachaça que segura.

— Bonito... — ele começa, sua voz grossa e cheia de significado. — Os dois fazendo a estrelinha do mar sofrer. E por quê? Orgulho?

As palavras dele cortam o ar como lâminas afiadas, atingindo tanto a mim quanto a Beto. O peso da verdade é sufocante, mas não posso fugir. Exú não está apenas falando, ele está desvendando tudo aquilo que evitamos enfrentar.

Manuela, nossa pequena "estrelinha do mar", está no centro disso, e a dor dela reflete a nossa incapacidade de lidar com os próprios sentimentos e orgulho.

— A moça quer dizer alguma coisa? — Exú pergunta, me encarando com olhos que parecem ver além da superfície.

Minha boca se abre, mas as palavras se recusam a sair. Engulo em seco e balanço a cabeça.

— Não, senhor — respondo baixo, quase um sussurro, sem conseguir sustentar o olhar dele por muito tempo.

— Agora não tem nada pra dizer? — Ele dá mais um gole na bebida, balançando a cabeça como se estivesse desapontado. — Bonito...

Sinto o peso da reprovação dele cair sobre mim, mas ao mesmo tempo, há uma oportunidade ali, uma chance de redimir o que foi quebrado. Exú se vira para Beto, seus olhos penetrantes.

— E o moço? Tem algo pra dizer?

Beto, visivelmente desconfortável, apenas balança a cabeça, negando com um gesto simples. A tensão no ar parece aumentar, cada respiração mais pesada que a anterior.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora