31 - Mármore

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Salvador, Bahia

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Salvador, Bahia

Desligo o telefone com um suspiro pesado, guardando-o no bolso enquanto me aproximo de Lia e das crianças. Manu dormia tranquila nos braços dela, a cabeça descansando no ombro como se estivesse protegida do mundo inteiro.

Rafa, já mais acordado, se espreguiçava ao lado, esfregando os olhos com a palma das mãos.

Quando Lia me contou que o Alemão estava nos vigiando no restaurante, quase surtei de raiva. Falei com o coronel no mesmo instante, e, depois de muito discutir, decidimos que seria melhor sair de cena por alguns dias. Deixar a poeira baixar, dar um tempo para eu esfriar a cabeça, porque, se fosse por mim, já teria subido aquele maldito morro e acabado com essa palhaçada de uma vez.

Agora, estávamos, em Salvador, recém-chegados ao aeroporto enquanto o relógio ainda marcava 04:00 da manhã. A cidade dormia, mas meu sangue parecia ferver por dentro.

– Vamos? – perguntas em voz baixa, tentando não acordar Manu, e pego as malas enquanto Lia dá um leve aceno com a cabeça.

As portas automáticas de vidro se abrem à nossa frente, e o ar quente da Bahia nos envolve como um abraço inesperado. Sinto meu corpo estremecer quando a brisa salgada toca minha pele. Algo no vento me faz lembrar que, por mais longe que eu estivesse, o perigo ainda rondava. 

Olho para Lia de relança; ela estava cansada, com olhos que denunciavam as noites mal dormidas, mas me oferece um sorriso que, de alguma forma, consegue me acalmar, mesmo que por um instante.

Dou um passo à frente, seguido de outro, evitando afastar o peso da tensão. Mas cada vez que piso fora daquele aeroporto, a ideia de voltar ao morro para resolver tudo com minhas próprias mãos fica mais tentadora.

O carro alugado já estava à nossa espera no estacionamento, reluzindo sob a luz suave do fim de tarde. Abro as portas com um movimento fluido, deixando que Lia ajeitasse Manuela na cadeirinha no banco de trás. 

Manu, sonolenta e com as bochechas rosadas, murmurava algo incompreensível enquanto Lia ajustava o cinto de segurança ao redor do corpinho dela. 

Caminho até o porta-malas e coloco as malas, garantindo que tudo estava bem acomodado para a viagem. O clique suave ao fechar o compartimento soa quase como o ponto final de uma longa jornada.

Entro no carro e ligo o motor, sentindo o ronco firme e potente do veículo. Dirigimos em direção à casa onde ficaríamos hospedados, uma propriedade imensa, com uma piscina que refletia o céu noturno e cercada por segurança de ponta. 

Apenas aqueles com as digitais cadastradas tinham acesso, e o portão eletrônico estava integrado ao meu celular, uma camada adicional de proteção que me fazia sentir no controle.

Ao chegar, as luzes automáticas se acendem conforme o portão se abre lentamente. O caminho até a entrada é ladeado por jardins bem cuidados e cercas discretas, mas robustas.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora