Roberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...
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Observo Beto sair do banheiro, o som constante do celular quebrando o silêncio do quarto. Ele suspira profundamente, o rosto mostrando uma mistura de frustração e responsabilidade enquanto desliga o aparelho, o olhar fixo na tela por um momento antes de soltá-lo sobre a cômoda.
Ele sobe a calça com movimentos rápidos e eficientes, claramente já acostumado à rotina acelerada do trabalho.
Me deito na cama, deixando o lençol cair até a cintura, o tecido leve se arrastando pela pele nua. Ele se vira para mim, um sorriso suave iluminando seu rosto ao me ver vestindo apenas uma camisa.
_ Tem que ir mesmo? – peço com uma voz manhosa, meu tom carregado de uma súplica silenciosa.
Ele assente, os olhos fixos nos meus, mas sei que sua mente já está voltando ao que o espera lá fora. Mesmo assim, há um toque de tristeza e relutância em sua expressão, como se também quisesse prolongar esse momento.
Engatinho pela cama, me aproximando dele, cada movimento feito com uma lentidão calculada, tentando roubar mais alguns segundos juntos. Deixo um beijo suave em seus lábios, sentindo o gosto familiar e reconfortante dele.
Ele responde, sua mão subindo até meu rosto, os dedos firmes mas gentis enquanto traçam as linhas dos machucados que ainda marcam minha pele.
_ Tá passando a pomada direitinho? – ele pergunta, a voz baixa e carregada de cuidado.
Assinto, e ele parece aliviado. Seus olhos escurecem por um instante, refletindo a preocupação que tenta esconder, mas que sempre se revela nos pequenos gestos.
Ele inclina-se e deposita um beijo suave sobre o machucado mais próximo, sua boca quente contrastando com a dor fria que às vezes ainda sinto ali.
_ Logo vai estar bem melhor – diz, sua voz como uma promessa, antes de se afastar.
Ele se distancia com um movimento controlado, como se estivesse tentando impedir que a despedida fosse mais dolorosa do que já é. Coloca o colete com precisão, cada gesto meticuloso e calculado, voltando a se vestir no papel que precisa desempenhar fora desse quarto.
Observo cada detalhe, o som do tecido se ajustando ao seu corpo, a forma como seus músculos se movem sob a farda, e a determinação em seu olhar.
Sinto uma mistura de admiração e tristeza, sabendo que ele precisa ir, mas desejando que tivesse mais tempo. Cada momento que passamos juntos parece tão breve, tão precioso.
_ Sabe o Village Mall Barra? – Beto pergunta enquanto pega a carteira no bolso.
_ O shopping de granfino na Tijuca? – pergunto, e ele assente com um aceno de cabeça. - Sei sim.
_ A loja que tem os travesseiros de pena de ganso fica lá – ele continua, tirando um cartão da carteira. Seus dedos hesitam por um momento enquanto ele coça o canto da boca, como se estivesse pensando na melhor maneira de explicar o que vem a seguir. – O nome é Essenza Luxe Home. Vai lá amanhã, compra o que quiser – ele estende o cartão preto para mim.
