34 - Sotaque

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Manuela corre até mim, seus olhinhos brilhando de entusiasmo enquanto segura um punhado de conchinhas na mão

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Manuela corre até mim, seus olhinhos brilhando de entusiasmo enquanto segura um punhado de conchinhas na mão.

— Olha, mamãe! — ela exclama, empolgada.

— São lindas, meu amor — digo, sorrindo para ela enquanto examino as conchinhas. — Pediu licença para mamãe Yemanjá antes de pegar?

— Pedi sim — ela responde com um sorriso radiante e coloca cuidadosamente as conchinhas sobre a mesa antes de sair correndo de volta para o mar.

— Você é de alguma religião, Amália? - Rosane pede, eu me viro a olhando, ela esta focada em um livro de autoajuda

— Sim, sou umbandista — respondo, tentando manter a calma na conversa.

Rosane solta um som baixo em concordância, sem desviar o olhar do livro. Meu olhar se volta para Beto, que está jogando bola com os meninos.

Ele parece tão relaxado e envolvido no jogo, com os óculos de sol conferindo um charme extra ao seu visual. Mordo o lábio, admirando seu corpo definido enquanto o sol reflete nas suas costas.

Beto corre em direção a Manuela antes que a bola possa atingi-la. Com um movimento ágil e cuidadoso, ele a pega no colo, envolvendo-a em seus braços com ternura. 

Ele começa a fazer cócegas nela, e a risada contagiante de Manuela ressoa pela praia. Vejo um sorriso se abrir no meu rosto, contagiada pela alegria dela.

— Ele é encantador, não é? — pergunta Rosane, que está ainda concentrada em seu livro. — Você devia ter visto quando ele perdeu a festa de dois anos do filho porque estava de tocaia no morro.

Reviro os olhos, sentindo a paciência esgotar-se com a postura distante de Rosane. 

Sei bem as intenções dela, que mulher vem passar o feriado com o ex esposo, na ex casa de praia só pra acompanhar o filhinho numa festa? 

Essa mulher tá é pronta para dar o bote no meu Beto. 

Levanto-me, enrolo a canga vermelha ao redor do corpo e sigo em direção a Manuela, que está no mar pegando conchinhas.

Ajoelho-me ao lado dela, observando as conchinhas que ela encontrou. Manuela sorri, mostrando-as com orgulho e depois olha para trás, onde Beto está brincando de lutinha com Rafael.

— Ele tem muita sorte — diz Manuela, sentando-se na areia. — Ter um papai como o capitão deve ser muito legal.

Engulo em seco, um misto de medo e tristeza se formando. Manuela é só uma criança, e esse era meu receio... 

— Você tem a mamãe — digo, tentando esconder a preocupação na voz. — Eu não sou legal?

Um sorriso radiante se abre no rosto de Manuela. 

— A mais legal do Muuundoo! — ela exclama, e eu sinto meu coração se aquecer enquanto beijo suavemente sua cabeça.

Levanto-me, sentindo a água fria bater nos meus pés enquanto varro a praia com os olhos. Beto está perto de deixar a praia, e eu vejo uma mulher loira, que aparenta ser não muito mais velha que Rafael, se aproximar dele. 

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora