13 - Camomila

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Leme, Rio de Janeiro

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Leme, Rio de Janeiro

— Não começa, mãe — imploro, balançando a cabeça enquanto saímos do restaurante.

— Amália, se ele voltou... talvez... — ela insiste, sua voz carregada de esperança.

— Não! — corto sua fala, o tom mais afiado do que eu pretendia. — Ele está morando no Alemão, mãe! Eu nem sei com o que ele está trabalhando agora... — A irritação cresce dentro de mim. Nunca devia ter mencionado o Foginho para ela.

— Manuela precisa de um pai — ela argumenta, sua expressão preocupada.

— E seu ônibus está chegando — interrompo, apontando para o veículo que se aproxima. Agradeço silenciosamente pelo fim dessa conversa

_ Pensa nisso meu amor – ela diz beijando meu rosto – Beijo menina – ela diz beijando minha filha

_ Tchau Vovó – ela diz antes de minha mãe entrar no ônibus.

Dou uma última olhada para o Setran branco que sai da vaga, sinto um pingo de chuva bater em minha testa.

Olho para o relógio no celular, vendo que ainda faltam quarenta minutos para o meu ônibus passar. Solto um suspiro, esperando que a chuva não resolva piorar.

Eu definitivamente não sou a filha favorita de Deus.

A chuva engrossa em questão de minutos. Cada gota pesada parece zombar de mim, batendo com força no asfalto e respingando em todas as direções. Abraço Manuela com firmeza, tentando protegê-la do frio e da umidade, e corro para me abrigar sob o toldo do ponto de ônibus.

Mas é inútil; a água nos encontra mesmo ali, escorrendo do teto e nos atingindo em rajadas inesperadas. Sinto o frio da chuva penetrando na minha roupa, deixando-me encharcada e frustrada.

O maldito Setran branco para bem na minha frente, o barulho dos freios cortando o som da chuva. A janela do motorista desce lentamente, revelando o rosto do Capitão.

— Entra — ele ordena, sua voz firme e direta.

Solto um suspiro pesado, pensando se devo realmente aceitar. Ainda falta bastante para o ônibus chegar, e Manuela já começa a tremer, as pequenas gotinhas de chuva escorrendo pelo seu rostinho. Não posso deixá-la assim.

Sem perder mais tempo, corro pela chuva, sentindo as gotas geladas chicotearem meu rosto. Abro a porta de trás com pressa e entro, puxando Manuela para o meu colo.

Ele me observa pelo retrovisor, seus olhos encontrando os meus em um olhar sério, mas sem julgamento.

— Obrigada — murmuro, quase sem voz, tentando esconder o alívio que sinto.

Ele começa a dirigir sem dizer uma palavra. A chuva continua martelando o carro com força, cada gota ressoando no teto como pequenos golpes.

Com cuidado, passo o cinto de segurança pelo corpo de Manuela, tentando ao máximo mantê-la segura e aquecida. Ela se aninha em meu colo, e eu sinto o calor frágil de seu corpo, contrastando com o frio úmido que nos cerca.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora