50 - Escolhas

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Coloco minha mão suavemente sobre a de Lia, que sorri de forma fraca, mas tenta me oferecer algum conforto

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Coloco minha mão suavemente sobre a de Lia, que sorri de forma fraca, mas tenta me oferecer algum conforto.

Estamos a caminho do consultório médico, o som do motor preenchendo o silêncio entre nós, enquanto ela aproveita o ar fresco que entra pela janela entreaberta.

Seus cabelos balançam suavemente com a brisa, mas seu olhar está distante, como se seus pensamentos estivessem em um lugar muito longe daqui.

— Acha que vamos descobrir o sexo hoje? — pergunto com um toque de animação, tentando aliviar a tensão no carro.

A ideia de finalmente saber se será um menino ou uma menina me enche de expectativa.

— Talvez... — ela responde, sem muita emoção, seus olhos fixos na paisagem que passa rapidamente pela janela.

Sei que Lia ainda não se acostumou com a ideia de ser mãe novamente. O peso de tudo o que estamos vivendo parece demais para ela, e às vezes, até para mim.

Mas acredito que, com o tempo, ela vai encontrar um espaço em seu coração para essa criança. Ou pelo menos, é o que eu tento acreditar. O silêncio no carro continua até que finalmente estaciono em frente à clínica.

Passamos pelas portas de vidro do consultório e Lia vai direto ao balcão para fazer sua ficha. Ela responde as perguntas da recepcionista de forma rápida e automática, como se estivesse em um piloto automático, enquanto eu observo ao redor.

O ambiente está calmo, mas há um canto na sala de espera onde algumas crianças brincam alegremente com brinquedos espalhados. Seus risos e grunhidos ecoam pelo local, enchendo o espaço com um som que deveria ser reconfortante, mas que só faz Lia suspirar pesadamente.

Ela observa as crianças por um momento, mas logo desvia o olhar, quase como se aquele som a incomodasse mais do que qualquer coisa. Eu posso sentir o peso desse momento nela, a tensão em seu corpo é quase palpável.

— Amália Oliveira — chama a enfermeira, e nós dois nos levantamos. Sinto um leve tremor na mão de Lia quando toco seu braço para guiá-la.

Caminhamos em direção à enfermeira, e enquanto seguimos pelo corredor, uma mulher grávida, já com a barriga bastante avançada, passa por nós.

Lia não consegue evitar encará-la por um breve momento, seus olhos se fixam na barriga da mulher com uma mistura de fascínio e medo. Então, ela desvia o olhar e segue em frente, sem dizer nada.

— Pode se trocar ali, mãezinha. A doutora já está te esperando — diz a enfermeira, gesticulando para uma pequena sala ao lado da sala de exames.

Lia hesita por um segundo, como se as palavras da enfermeira a tivessem atingido de forma inesperada. "Mãezinha." Será que ela se sente assim? Pronta para esse título de novo? Ela entra na sala sem dizer nada, e eu fico ali, esperando, tentando esconder minha própria ansiedade.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora