32 - Mundo Pequeno

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BR 101, caminho para Angra dos Reis

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BR 101, caminho para Angra dos Reis.

Eu era um dos poucos que ainda tinha moral pra descer pra pista. O Alemão tava na mira da polícia, e quem vacilasse fora do morro, já era.

E adivinha quem tinha que resolver os B.O.? A porra do Foguinho.

– Tô te falando, mano, aquela mina tá na minha – solta o TH, dando um tapinha no meu ombro. Só revirei os olhos.

– Tá na tua igual a Jéssica tá na minha, né? Se liga, irmão, pra não acabar com um pivete que nem eu – retruquei, passando o beck pra ele.

TH riu, mas sabia que eu não tava de caô. Na quebrada, a vida cobrava caro de quem achava que tava no comando. A rua era cruel, e quem vacilava, rodava. Eu só queria trocar uma ideia com ele, mas no fundo, sabia que a gente tava num caminho sem volta.

Com a Jéssica grávida, eu já tinha aceitado que não ia rolar mais nada com a Medusa. Mas, na moral, não custava tentar, né?

O problema é que a Medusa é teimosa pra caralho, dessas que não arreda o pé nem a pau. Pô, se ela topasse ser minha 02, eu ia bancar ela e a cria numa boa, sem deixar faltar nada.

Porra, gostava da Medusa desde muleque, tá ligado? Sempre quis dar uma vida melhor pra ela, tirá-la desse perrengue. Mas aí, quando ela engravidou... não aguentei a pressão, vacilei feio. Dei no pé.

Prometi que ia voltar pra buscar ela, mas, mano, talvez não seja nessa vida, tá ligado? A gente pensa que manda no destino, mas, no fim das contas, ele que manda na gente.

– E aí, como vai ser lá? – TH pergunta, encarando a estrada à frente.

Estávamos a caminho de Angra dos Reis, prontos pra resolver um pepino com um dos nossos fornecedores. Um menor tava metendo a mão na nossa mercadoria, achando que traficante é otário. Esse povo pensa que a gente é tudo burro.

A real é que a gente só se faz de desentendido. Porra, nossa contabilidade é sinistra, percebeu rapidinho a falta de raio.

– Vai ser na moral – respondo, sem tirar os olhos da estrada. - O Alemão falou que se eles não entregarem o resto da carga, a gente pode mandar pros quintos.

TH concorda com a cabeça. Dou uma olhada no retrovisor e vejo um carro vermelho colado na traseira, querendo passar.

– Vai, meu filho, tá com pressa, porra? – murmuro, tirando o pé do acelerador.

O carro passa voado, tão rápido que nem consigo ver quem tá dirigindo.

Depois de algumas horas de estrada, chegamos na pousada onde íamos passar o fim de semana. Decidimos que resolveríamos com o fornecedor só amanhã. Deixamos as mochilas no quarto e descemos pra praia.

Enquanto o TH se jogava no mar, eu botei meus fones e fiquei olhando pro azul infinito. Olhei mais uma vez o contato da Medusa no meu celular. Ela realmente tinha me bloqueado.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora