Roberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...
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Dias depois...
— Amália, atende essa merda, por favor — gravo a mensagem de áudio e a envio pelo Instagram.
Sinto o peso da semana que passou, desde a gira que expôs meus erros de forma tão crua. Naquele dia, eu percebi que não podia mais me afastar delas, mas antes precisava resolver a situação com o pai de Manuela. Não podia permitir que ele se aproveitasse das minhas fraquezas — isso incluía Rafael, Lia e Manu.
— Pronto? — pergunto, vendo Rafael entrar no carro e acenar com a cabeça.
Dirigimos em direção ao interior do Rio de Janeiro, onde acontecerá o casamento de Igor e Neto. Após o evento, Amália e Manuela seguirão diretamente para a minha casa.
Rafael, ao meu lado, mantém um silêncio concentrado. O som do motor é a única companhia enquanto atravessamos as paisagens que passam pela janela, um borrão de verde e marrom que reflete a passagem do tempo.
O casamento é o último grande evento antes de iniciar uma nova fase para todos nós. Em breve, Amália e Manuela estarão sob o mesmo teto.
Não demorou mais que duas horas para chegarmos ao local do casamento. Ao nos aproximarmos, vi alguns carros estacionados na entrada. Buzinei uma vez, e logo avistei Neto descendo a pequena ladeira para abrir o portão.
Passamos pela entrada, e eu estacionei o carro, observando o sítio com mais atenção. No centro havia um lago tranquilo, refletindo a luz suave da tarde. A casa era ampla, com uma piscina ao lado e um parquinho que dava um toque de simplicidade ao lugar.
— E aí, irmão — cumprimento Neto, apertando sua mão firmemente.
— Capitão. Oi, Rafa — ele responde com um sorriso. Rafa acena em silêncio, sempre discreto.
— Vamos entrar — Neto diz, gesticulando para a casa.
Caminho ao lado dele, os olhos percorrendo o lugar. A casa parecia tranquila, meio vazia, o que me causou uma leve estranheza.
— Onde está o resto do pessoal? — pergunto, notando apenas Matias e Jeiza dentro da casa, com ela ajeitando algumas decorações.
— Meus pais saíram para dar uma volta — Neto responde, dando de ombros. — Igor já deve estar chegando, ele ficou de dar carona para a Lia.
Ele nos guia até um dos quartos.
— Esse aqui é o quarto de vocês — ele aponta para a porta entreaberta.
Entro, deixando minhas malas perto da cama, e Rafa faz o mesmo, acomodando-se no canto. A janela do quarto dava uma vista para o lago, e o silêncio ali parecia sereno, quase convidativo. O casamento seria íntimo, mas essa calmaria era apenas a superfície.
Senti um leve desconforto, uma pressão interna que sabia que precisaria encarar em breve, especialmente quando Lia chegasse.
— Tudo bem, vamos esperar por eles — murmuro, mais para mim mesmo do que para Neto, enquanto me preparo mentalmente para o que está por vir.
