23 - Yin

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Gatilho: Uso de substancias Ilícitas

Eu sou yin, você é yang, tu é alma, eu sou sangueE a nossa hora vai ser outra, não adianta bater cabeçaVida Longa, Mundo Pequeno - Oriente

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Eu sou yin, você é yang, tu é alma, eu sou sangue
E a nossa hora vai ser outra, não adianta bater cabeça
Vida Longa, Mundo Pequeno - Oriente

Turano, Rio de Janeiro

Coloquei o capacete, ajustando-o firmemente na cabeça antes de subir na moto do Th, o garoto que Foguinho enviou para me buscar. O plano era passar o fim de semana com ele no Alemão.

Tinha deixado Manuela com minha mãe, a pedido dela, que queria aproveitar mais tempo com a neta. Eu sabia que só a pegaria de volta na segunda-feira de tarde, então tinha um pouco de espaço para respirar, ou pelo menos, era o que eu me dizia.

Enquanto a moto acelerava pelas ruas sinuosas do Rio, senti o vento cortante bater contra o meu corpo, uma mistura de adrenalina e inquietação crescendo dentro de mim. As mensagens de Nascimento ainda pairavam na minha mente, ele insistindo para me ver.

Tive que mentir, dizendo que ficaria com minha mãe o fim de semana, que ela estava preocupada e eu não podia simplesmente deixá-la. Era a desculpa mais segura para evitar um encontro que eu ainda não sabia como lidar.

Th manobrava com habilidade, desviando do trânsito, cortando pelos becos estreitos e irregulares que formavam um labirinto conhecido apenas pelos locais. A moto ziguezagueava por entre as vielas, pegando o caminho mais rápido para o Alemão, onde o som distante do funk se misturava ao cheiro de comida frita vindo das barracas.

A cada curva, a tensão em meus ombros parecia aumentar, mas eu mantinha a cabeça baixa, focada em chegar logo ao destino.

Desço da moto e desligo o motor, sentindo a vibração cessar lentamente enquanto olho ao redor. A casa à minha frente não era a mesma da última vez; esta era mais isolada, situada bem no topo do morro, cercada por vegetação densa e apenas algumas outras construções esparsas.

O vento batia mais forte aqui, carregando o cheiro de terra úmida e folhas secas e maconha.
Seguro firme a alça da mochila, que parecia mais pesada do que o habitual, como se ela também sentisse a tensão no ar.

Foguinho aparece na porta, acompanhado de dois garotos que, mesmo jovens, exibiam uma maturidade endurecida pela vida no crime. Todos estavam armados, as armas pendendo de forma casual, mas alerta.

Foguinho estava mais magro do que me lembrava, o rosto mais anguloso, com olheiras profundas que destacavam os olhos inquietos.

Ele me encara por um momento antes de sorrir e vir ao meu encontro.

— Medusa — ele diz, puxando-me para um abraço apertado. O cheiro de suor e pólvora se misturava ao perfume barato que ele ainda usava. — Que bom que você veio — ele completa, e antes que eu possa responder, sinto seus lábios nos meus, um beijo rápido, mas carregado de familiaridade.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora