Roberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...
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Complexo do Alemão, Rio de Janeiro
Ninguém nasce com o desejo de se tornar prostituta.
Quando eu tinha quatorze anos, eu queria era ser advogada, aquelas que ganham dinheiro pra caralho e têm uma vida de sucesso, sabe? Eu sonhava com o poder de argumentar e vencer casos importantes, com a segurança e o prestígio que vinha com a profissão.
Mas o mundo real é implacável, e as coisas nem sempre saem como planejamos. A vida não segue um caminho claro e direto.
Às vezes, nossos sonhos são desviados por circunstâncias fora de nosso controle, e acabamos seguindo trilhas que nunca imaginamos.
A realidade é mais complexa e dura do que os sonhos de juventude podem prever. As oportunidades nem sempre estão ao nosso alcance, e muitas vezes, somos forçados a fazer escolhas que não fazem parte dos nossos planos originais. Assim, o que era um sonho de um futuro brilhante pode se transformar em uma luta diária para sobreviver.
Quando a Manuela nasceu, o pai dela simplesmente desapareceu. Nunca mais vi Luiz em lugar nenhum, e minha mãe insistia para que eu fosse atrás dele.
Mas o que eu ia fazer? Subir morro atrás de morro, procurando pelo pai da minha filha? Não, definitivamente não. O único motivo que me faria correr atrás de um homem seria se ele fosse milionário.
Eu sempre gostei do pai da Manu. Quando engravidei, tinha apenas dezenove anos, era praticamente uma criança.
Naquela época, eu ainda estava aprendendo a lidar com a vida, mas já tinha uma compreensão suficiente para saber que, apesar das minhas inseguranças e incertezas, o que eu realmente precisava era encontrar um caminho que garantisse um futuro melhor para mim e para minha filha
O desaparecimento dele foi um golpe duro, mas foi também um momento de despertar. Eu percebi que, por mais que eu tivesse sentimentos por ele, a responsabilidade de criar minha filha era minha, e eu precisava me concentrar em garantir a estabilidade e o bem-estar dela, independente do que tivesse acontecido com ele.
Olhar para Luiz agora é como ser invadida por uma avalanche de sentimentos conflitantes. É uma mistura avassaladora de ódio pelo abandono, amor guardado, saudade acumulada de cinco anos, e a raiva intensa por ter sido deixada sozinha para lidar com tudo.
— Medusa... — ele diz, e um calafrio percorre minha coluna.
Luiz era moreno, com olhos verdes intensos e cabelos curtos, cobertos por um boné virado para trás. Ele estava visivelmente magro, e a camisa da Lacoste – falsificada – pendia larga sobre seu corpo. O contraste entre sua aparência agora e o homem que eu conheci é chocante.
Sem pensar, levanto a bolsa e bato em seu ombro com força.
— Onde você esteve? — grito, a voz carregada de raiva e frustração. — Cinco anos, e agora você vem aqui me contratar?
