48 - Três

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Hospital São José, Rio de Janeiro

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Hospital São José, Rio de Janeiro

— Eu tô bem — digo à enfermeira enquanto ela ajusta o curativo acima do meu supercílio. O corte latejava, mas não era nada comparado ao alívio que eu sentia. — Quero ver minha noiva agora...

Antes que ela responda, ouço uma voz familiar.

— Pai! — Rafa corre até mim, o rosto pálido de preocupação.

O coração acelera ao ver meu filho. Ele parecia tão vulnerável, os olhos arregalados, a respiração rápida.

Mal me dou conta de que estou me movendo até ele, e antes que perceba, já o puxei para um abraço apertado, sentindo seus cachos tocarem meu queixo enquanto ele se encosta em meu peito. 

Seguro ele com força, como se pudesse protegê-lo de tudo que aconteceu e do que ainda estava por vir.

— Tá tudo bem, filho — murmuro, tentando acalmá-lo, mas talvez tentando me convencer também. — Eu tô bem.

Beijo o topo da cabeça de Rafael, o cheiro familiar do cabelo dele me trazendo um conforto inexplicável. Quando ele se afasta, seus olhos estão cheios de lágrimas, e o rosto dele, que eu tanto amo, parece mais jovem, mais frágil. 

Um sorriso fraco se forma nos meus lábios ao vê-lo ali, vivo e ao meu lado, como um sopro de alívio depois da tempestade.

— Eu amo você — digo, minha voz saindo mais suave, quase um sussurro, mas o suficiente para que ele ouça.

Rafael tenta sorrir, mas o peso das emoções parece ser demais. Ele está em pedaços, mas está aqui, e isso é tudo o que importa agora.

— Eu também te amo, pai — ele responde, a voz entrecortada, mas sincera.

Sem pensar duas vezes, o puxo para mais um abraço, ainda mais apertado. As lágrimas que ele tenta segurar escorrem, e as minhas também. 

Sinto a umidade nas minhas bochechas, mas não me importo. Tudo o que importa é o fato de que, apesar de tudo, estamos juntos.

— Tá tudo bem agora... — sussurro, mas desta vez, falando para mim mesmo.

— Cadê a Lia? — Rafa pergunta, a voz tremendo de preocupação.

Suspiro, passando a mão pelos cabelos dele em um gesto reconfortante.

— Deixa eu ver ela primeiro, depois eu te chamo, tá bom? — digo com calma.

Ele concorda com um aceno de cabeça, embora eu possa ver a ansiedade em seus olhos. Deixo Rafa na sala de recepção com Rosane, que tenta distrair ele enquanto eu me viro e caminho em direção ao quarto de Lia.

Cada passo que dou parece mais pesado que o anterior. Quando chego à porta, respiro fundo e a abro com cuidado. O som suave da porta se abrindo faz Lia virar o rosto em minha direção. 

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