Morro do Turano, Rio de Janeiro
— Droga — murmuro, desligando o fogo antes que o leite transborde. O som do líquido fervendo ainda ecoa pela cozinha, mas minha preocupação agora é outra. — Manu, vamos logo com esse banho — chamo, enquanto procuro uma peneira para coar o leite.
Ouço os passinhos de Manuela se aproximando, leves e arrastados, e me viro para vê-la entrando na cozinha. Seu rostinho está abatido, e a palidez amarelada que toma conta de sua pele me faz gelar por dentro.
— Mamãe... não tô legal — ela murmura, com a voz fraca, enquanto se aproxima de mim.
Meu coração aperta. Abandono o leite e me aproximo dela, a preocupação estampada no rosto.
— O que você tá sentindo, amor? — pergunto, me ajoelhando à sua altura.
Ela coloca a mãozinha na barriga, e seus olhos me olham com um misto de dor e cansaço.
— Dói... — responde baixinho, e imediatamente coloco a mão na sua testa.
Está quente, quente demais. Meu instinto de mãe toma conta, e sem hesitar, pego minha pequena nos braços. Sinto seu corpo febril contra o meu.
— Vamos, meu amor, vamos ver o que está acontecendo — digo, tentando manter a calma enquanto corro atrás do termômetro, segurando Manu com todo o cuidado.
Coloco o termômetro sob o braço de Manuela, meu coração bate acelerado enquanto espero pelos longos minutos que parecem se arrastar.
Finalmente, o termômetro apita e o número que aparece me faz engolir em seco: 38ºC. Uma onda de preocupação me invade.
Pego a caixinha de remédios e procuro um antitérmico para ajudar a abaixar a febre. Com cuidado, dou a dose adequada a Manuela e a deito em meu colo, acomodando-a para que possa dormir.
Começo a ninar a pequena, sentindo a pressão no peito e torcendo para que seja apenas um mal-estar passageiro.
A noite avança, e o relógio marca 00:32 quando a febre parece piorar. Olho para Manuela, que agora está queimando em febre, quase 40ºC.
A inquietação me toma por completo. Coloco uma roupa um pouco mais quente nela, a pego nos braços e começo a sair de casa.
O vento frio corta meu corpo enquanto caminhamos pela viela escura, e a sensação de desamparo é quase palpável.
Seguro Manuela firmemente, sinto seu calor elevado contra mim e a pressão de manter tudo em ordem. Tranco a porta atrás de nós, com as mãos trêmulas.
De repente, uma voz familiar ecoa pela viela.
— Lia?
Viro-me abruptamente e vejo Silmara e Luiz avançando na escuridão. A visão deles me atinge como um soco no estômago. A
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ambições Secretas | Capitão Nascimento
FanfictionRoberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...