11 - 38ºC

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Morro do Turano, Rio de Janeiro

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Morro do Turano, Rio de Janeiro

— Droga — murmuro, desligando o fogo antes que o leite transborde. O som do líquido fervendo ainda ecoa pela cozinha, mas minha preocupação agora é outra. — Manu, vamos logo com esse banho — chamo, enquanto procuro uma peneira para coar o leite.

Ouço os passinhos de Manuela se aproximando, leves e arrastados, e me viro para vê-la entrando na cozinha. Seu rostinho está abatido, e a palidez amarelada que toma conta de sua pele me faz gelar por dentro.

— Mamãe... não tô legal — ela murmura, com a voz fraca, enquanto se aproxima de mim.

Meu coração aperta. Abandono o leite e me aproximo dela, a preocupação estampada no rosto.

— O que você tá sentindo, amor? — pergunto, me ajoelhando à sua altura. 

Ela coloca a mãozinha na barriga, e seus olhos me olham com um misto de dor e cansaço.

— Dói... — responde baixinho, e imediatamente coloco a mão na sua testa.

Está quente, quente demais. Meu instinto de mãe toma conta, e sem hesitar, pego minha pequena nos braços. Sinto seu corpo febril contra o meu.

— Vamos, meu amor, vamos ver o que está acontecendo — digo, tentando manter a calma enquanto corro atrás do termômetro, segurando Manu com todo o cuidado. 

Coloco o termômetro sob o braço de Manuela, meu coração bate acelerado enquanto espero pelos longos minutos que parecem se arrastar. 

Finalmente, o termômetro apita e o número que aparece me faz engolir em seco: 38ºC. Uma onda de preocupação me invade.

Pego a caixinha de remédios e procuro um antitérmico para ajudar a abaixar a febre. Com cuidado, dou a dose adequada a Manuela e a deito em meu colo, acomodando-a para que possa dormir. 

Começo a ninar a pequena, sentindo a pressão no peito e torcendo para que seja apenas um mal-estar passageiro. 

A noite avança, e o relógio marca 00:32 quando a febre parece piorar. Olho para Manuela, que agora está queimando em febre, quase 40ºC. 

A inquietação me toma por completo. Coloco uma roupa um pouco mais quente nela, a pego nos braços e começo a sair de casa.

O vento frio corta meu corpo enquanto caminhamos pela viela escura, e a sensação de desamparo é quase palpável. 

Seguro Manuela firmemente, sinto seu calor elevado contra mim e a pressão de manter tudo em ordem. Tranco a porta atrás de nós, com as mãos trêmulas.

De repente, uma voz familiar ecoa pela viela. 

— Lia?

Viro-me abruptamente e vejo Silmara e Luiz avançando na escuridão. A visão deles me atinge como um soco no estômago. A

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora