24 - Beto

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Aviso de gatilho: Agressão física e psicológica, se for sensível por favor não leia

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Antes...

O suspiro escapa de meus lábios ao ver a mensagem de Beto. Ele avisava que estava começando um turno de 72 horas, me deixando saber que só teríamos tempo para conversar no final de semana, provavelmente durante o casamento de Igor. 

Desde que Beto partiu naquela madrugada de domingo, não trocamos uma palavra sequer. O silêncio entre nós estava me corroendo, mas, com julho já à porta, logo Manu teria férias, e eu precisaria arranjar uma forma de sair do calçadão de vez.

Deitada ao lado de Manu, sinto o cheirinho doce dela, embalando meu cansaço. Passo a mão delicadamente por seus cabelos macios, um sorriso suave brotando em meu rosto. 

A tranquilidade daquela noite estava prestes a me levar ao sono, quando sou interrompido por batidas secas na porta. O coração aperta, e, olhando para o celular, vejo que já passa da meia-noite.

Minha mente rapidamente analisa as possibilidades. O Alemão não estava mais subindo o morro, e o BOPE havia intensificado as rondas por aqui. Um calafrio percorre minha espinha ao ouvir a voz familiar que vem do outro lado da porta.

— Quem é? — Pergunto, tentando manter a voz firme, embora a ansiedade comece a me invadir.

— Abre a porta, Amália. — A voz de Júlia, a enfermeira de Alemão, atravessa a madeira da porta com uma urgência controlada. — Agora.

Engulo em seco, meus instintos gritando alerta. Destranco a porta com cautela e, ao abri-la, me deparo com Júlia carregando uma mochila nas costas. Ao lado dela, TH, com dois capacetes pendurados no braço, me encara com um ar impaciente.

— Bora, Medusa. — TH fala com seu tom áspero, jogando um dos capacetes na minha direção. 

Meus olhos se estreitam. A raiva borbulha sob a pele. 

— Eu não vou. — Digo com firmeza, segurando o capacete, mas me recusando a ceder.

Antes que eu possa argumentar mais, Júlia intervém, seus olhos sérios, e a voz mais suave, mas carregada de uma autoridade que não permite contestação.

— É melhor você ir... — Ela dá um passo em minha direção, abaixando o tom como se estivesse tentando me proteger. — Pela Manu...

As palavras dela batem como um soco no estômago. Meu olhar vacila por um momento, meus pensamentos correndo para Manu, que dormia tranquila na cama atrás de mim. 

O medo e o instinto de proteção me cercam. Não se tratava apenas de mim, e, embora quisesse lutar, algo na expressão de Júlia me fazia entender que o perigo era mais real do que eu estava disposta a admitir.

Olho de volta para TH, que agora tamborila os dedos impacientemente contra o capacete que segura.

— Vai ser rápido. — Ele murmura, sem desviar o olhar. — Mas se você ficar, vai ser pior pra ela.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora