30 - Moleque

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Quartel do BOPE, Rio de Janeiro

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Quartel do BOPE, Rio de Janeiro

Olhei para o quadro de avisos na sala do batalhão e meus olhos pousaram na foto de Osires, o cão farejador que estava para adoção. Ele iria se aposentar em alguns meses. 

Por sorte, fui o primeiro a ver o aviso. Decidido, caminhei em direção ao canil antes de começar meu turno.

— Bom dia, Capitão — Souza cumprimentou enquanto passava apressado pelo corredor.

— Bom dia — respondi, continuando até a bancada onde Souza trabalhava.

— Osires já foi adotado? — perguntei.

— Ainda não — ele respondeu, entregando-me a ficha com as informações de Osires. — Tem interesse?

— Tenho sim — confirmei, examinando rapidamente os detalhes na ficha.

— Assim que liberarem ele, eu te aviso — Souza garantiu, e eu acenei com a cabeça em agradecimento antes de sair do local.

O dia seria agitado. Tínhamos uma operação planejada no Morro da Babilônia. O objetivo era simples: identificar o roubo de armas da UPP local. A polícia convencional não fazia porra nenhuma direito, e mais uma vez, o BOPE tinha que intervir.

Quando cheguei ao pátio, vi Neto, meu melhor soldado, terminando de encaixar o pente no fuzil. Ele suspirou profundamente antes de entrar no caveirão, e aquilo chamou minha atenção.

— Matias! — chamei, e ele veio até mim prontamente.

— O que o Neto tem? — perguntei, sem rodeios.

— Sei não, Capitão — Matias respondeu, balançando a cabeça em negativa.

— Porra, vocês não cresceram juntos? Ele não é teu amigo? — insisti, irritado com a falta de respostas.

— Amigo, Capitão... não é minha mulher não — Matias respondeu de forma evasiva, afastando-se em seguida.

A frustração tomou conta de mim. Neto sempre fora meu soldado mais promissor. Quando ele e Matias passaram pelo curso, a expectativa era que Neto tomasse o meu lugar quando chegasse a hora. Mas as coisas saíram do controle, e eu acabei ficando no batalhão por mais tempo do que planejava.

Caminhei até o caveirão, observando Neto dar a partida no motor. Enquanto ele dirigia, olhei ao redor, vendo os homens se preparando, verificando seus equipamentos.

— Quero tranquilidade e agilidade hoje — comecei, minha voz firme ecoando dentro do veículo. — Estamos de dia. Vamos entrar na favela, e pode ter civil na área.

Olhei diretamente para Neto, que suspirou mais uma vez, o olhar fixo na estrada à frente.

— Não quero ninguém morrendo hoje, estamos entendidos? — minha voz era uma ordem.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora