Quartel do BOPE, Rio de Janeiro
Olhei para o quadro de avisos na sala do batalhão e meus olhos pousaram na foto de Osires, o cão farejador que estava para adoção. Ele iria se aposentar em alguns meses.
Por sorte, fui o primeiro a ver o aviso. Decidido, caminhei em direção ao canil antes de começar meu turno.
— Bom dia, Capitão — Souza cumprimentou enquanto passava apressado pelo corredor.
— Bom dia — respondi, continuando até a bancada onde Souza trabalhava.
— Osires já foi adotado? — perguntei.
— Ainda não — ele respondeu, entregando-me a ficha com as informações de Osires. — Tem interesse?
— Tenho sim — confirmei, examinando rapidamente os detalhes na ficha.
— Assim que liberarem ele, eu te aviso — Souza garantiu, e eu acenei com a cabeça em agradecimento antes de sair do local.
O dia seria agitado. Tínhamos uma operação planejada no Morro da Babilônia. O objetivo era simples: identificar o roubo de armas da UPP local. A polícia convencional não fazia porra nenhuma direito, e mais uma vez, o BOPE tinha que intervir.
Quando cheguei ao pátio, vi Neto, meu melhor soldado, terminando de encaixar o pente no fuzil. Ele suspirou profundamente antes de entrar no caveirão, e aquilo chamou minha atenção.
— Matias! — chamei, e ele veio até mim prontamente.
— O que o Neto tem? — perguntei, sem rodeios.
— Sei não, Capitão — Matias respondeu, balançando a cabeça em negativa.
— Porra, vocês não cresceram juntos? Ele não é teu amigo? — insisti, irritado com a falta de respostas.
— Amigo, Capitão... não é minha mulher não — Matias respondeu de forma evasiva, afastando-se em seguida.
A frustração tomou conta de mim. Neto sempre fora meu soldado mais promissor. Quando ele e Matias passaram pelo curso, a expectativa era que Neto tomasse o meu lugar quando chegasse a hora. Mas as coisas saíram do controle, e eu acabei ficando no batalhão por mais tempo do que planejava.
Caminhei até o caveirão, observando Neto dar a partida no motor. Enquanto ele dirigia, olhei ao redor, vendo os homens se preparando, verificando seus equipamentos.
— Quero tranquilidade e agilidade hoje — comecei, minha voz firme ecoando dentro do veículo. — Estamos de dia. Vamos entrar na favela, e pode ter civil na área.
Olhei diretamente para Neto, que suspirou mais uma vez, o olhar fixo na estrada à frente.
— Não quero ninguém morrendo hoje, estamos entendidos? — minha voz era uma ordem.
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Ambições Secretas | Capitão Nascimento
Fiksi PenggemarRoberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...