41 - Sorte

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Vila das Laranjeiras, Rio de JaneiroAntes

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Vila das Laranjeiras, Rio de Janeiro
Antes...

Fiz um biquinho quando vi Beto entrando na cozinha. Vestido com aquela calça tática preta e a blusa cinza do BOPE, ele irradiava seriedade.

Meus planos de passar o dia inteiro com ele no quarto tinham de ir por água abaixo. Suspirei, frustrada, mas não pude deixar de admirar o quanto ele parecia imponente naquele uniforme.

— Bom dia — disse ele, com a voz grave, enquanto se abaixava para beijar o topo da cabeça de Rafa, que estava entretido no seu café da manhã. Em seguida, ele foi até Manu, e a envolveu num abraço afetuoso. — Meu amor — murmurou ele com ternura, beijando sua testa.

Ele caminhou de mim e, antes de se sentar ao meu lado, me deu um beijo rápido, daqueles que deixam um gosto de quero mais.

Seus olhos encontraram os meus, e por um breve momento, eu perguntei se ele também estava desapontado por não podermos passar o dia juntos como eu havia planejado.

— Só vou tomar um café. Vocês já estão prontos? Vou levar vocês pra escola — diz, olhando pros dois. Manu acena animada, enquanto Rafa murmura um "sim" sem tirar os olhos da tela.

— Que pressa é essa? — pergunto, enchendo a xícara dele.

— Preciso chegar cedo no batalhão — ele responde, soprando o café antes de tomar um gole. — Ah, e teu carro chega hoje. Não deixa ninguém entrar aqui, pega o carro lá fora.

— Sim, senhor! — digo, batendo uma continência exagerada, arrancando uma risada de Manu e até um sorriso de canto do Rafa.

Beto ri e termina o café com aquele jeito de quem tá apressado, mas ainda curte esses momentos de bagunça e rotina em casa.

O sol já estava alto, perto das nove da manhã, e eu estava impaciente, andando de um lado para o outro na sala.

Esperava pelo meu carro há dias, e a ansiedade de tê-lo de fazia meus pensamentos girarem em círculos. Sentia que, a cada minuto, minha paciência se esvaía um pouco mais.

– Vai abrir um buraco no chão desse jeito, Dona Amália – disse a mulher que lavava a louça na cozinha, sem nem tirar os olhos do que fazia.

Parei de andar na mesma hora, mas já tinha desistido de corrigir. Pedi mil vezes para me chamar de Lia, e até funcionava por uns dias, mas logo ela voltava ao "Dona Amália" como se fosse impossível gravar outro nome.

– Ai, esse carro não chega nunca! – resmunguei, impaciente, puxando uma cadeira na bancada, pronta para me sentar e tentar acalmar os nervos.

Mas, antes que pudesse afundar na cadeira, o som estridente do interfone ecoou pela casa, fazendo meu coração disparar. Finalmente! Mal consegui me controlar e praticamente corri para a porta, atravessando o corredor e abrindo o portão.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora