Roberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...
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— Lia! — Igor me chama, tirando-me dos meus pensamentos. — Meu Deus, onde você tá?
— Desculpa, só me distraí — respondo, forçando um sorriso fraco para ele.
Igor continua dirigindo em direção à boate, onde vai comemorar sua despedida de solteiro. Tento me animar para a noite, mas a verdade é que a dor que estou sentindo é maior do que qualquer tentativa de me distrair.
Enquanto ele tagarela sobre os preparativos para o casamento, faço o possível para acompanhá-lo, embora minha mente esteja em outro lugar.
— Você tá bem mesmo? — ele pergunta pela segunda vez, a preocupação evidente em seu tom.
— Tô sim, só preocupada com a Manu — respondo, e ele franze o cenho, concordando.
Manu ficou com minha mãe, mas a situação em casa está cada vez pior. Alemão insiste em me ver quase todos os dias, me sufocando com sua presença.
Mal consigo ir para o calçadão, e quando vou, é sempre com a sensação de estar sendo vigiada.
Ele colocou vapores para "cuidar" da minha casa, mas isso só fez com que eu me sentisse como um bicho enjaulado.
A cada dia, a sensação de estar presa se intensifica, como se as paredes ao meu redor estivessem se fechando lentamente.
Tento afastar esses pensamentos enquanto Igor fala, mas é difícil ignorar a sombra que paira sobre mim.
Igor continua falando, sua voz um borrão ao fundo enquanto luto para manter a fachada de normalidade. Sei que ele percebe que algo está errado, mas não quero envolvê-lo nessa confusão.
O que ele não sabe não pode machucá-lo. Pelo menos, é o que tento me convencer.
Desço do carro e olho para o galpão onde Igor estacionou. As luzes vermelhas brilhantes do letreiro piscam, formando as palavras "Delírio Coletivo". Arqueio uma sobrancelha, intrigada com o nome que se destaca na fachada.
Igor, com pressa, agarra minha mão e me puxa com firmeza. Tento acompanhar seus passos rápidos, esforçando-me para me equilibrar nos saltos altos que ecoam pelo chão a cada passo.
A música pulsante do local nos envolve antes mesmo de entrarmos, as batidas graves vibram no ar, quase fazendo o chão tremer sob nossos pés. As luzes piscam freneticamente em varias de cores, iluminando rostos desconhecidos que se movem em sincronia com a batida da música.
Ao atravessarmos a pista, sinto os olhares curiosos nos seguindo enquanto Igor abre caminho. Finalmente, chegamos ao camarote exclusivo, onde garçons vestidos apenas com cuecas apertadas e suspensórios prateados deslizam entre os convidados, carregando bandejas de bebidas coloridas.
— Finalmente! — exclama Jeiza, com um sorriso largo, enquanto se aproxima de Igor. — Lia, que bom que você veio!
Ela me abraça calorosamente, e eu retribuo o gesto com um sorriso sincero. Jeiza, sempre enérgica, nos conduz até a mesa onde está sentada com um grupo de mulheres.
