Roberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...
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Dez anos depois...
Viro o rosto ao ouvir o assobio de Beto pra mim, eu sorrio o olhando e caminho até ele me sentando em seu colo com o potinho de salada de frutas na mãos.
Pego um ouço dividindo com ele enquanto.
— Paizinho! — a voz de Manuela ecoa pela sala, doce e insistente, e eu não consigo evitar revirar os olhos com um sorriso discreto.
Ela sabia exatamente o que fazia. Sempre que vinha com o "Papai" ou "Paizinho", Beto ficava indefeso. Era uma tática antiga, e funcionava desde que ela era pequena.
— Oi, princesa — responde Beto, a voz cheia de carinho, enquanto afaga o cabelo dela.
Eu me levanto do colo dele, deixando o potinho de frutas na mesinha de centro, observando a cena com um misto de diversão e antecipação.
Manuela, agora com 15 anos, já dominava essa arte da persuasão. Ela junta as mãos em frente ao peito, inclinando a cabeça ligeiramente, os grandes olhos castanhos fixos em Beto com uma expressão angelical que poderia derreter qualquer coração.
— Papai, por favor... deixa eu ir na festa da Ângela? — ela pede, a voz doce e cheia de expectativa.
Eu não consigo segurar o riso ao ver como ela apela, com as mãos unidas como se estivesse fazendo uma prece. Ela sabia exatamente como conseguir o que queria.
Desde o dia em que Beto a registrou oficialmente como Manuela Nascimento, sua confiança parecia ter crescido. Agora, aos 15 anos, ela já não era mais aquela garotinha tímida de antes, mas sim uma adolescente segura de si.
— E lá vem... — murmuro com um sorriso, sabendo que Beto teria dificuldades para dizer não.
Miguel, nosso caçula, também estava crescendo rápido. Com seus 10 anos, ele era a mistura perfeita entre a esperteza de Beto e a curiosidade de Rafa, um garoto lindo e inteligente. Ele tinha um jeito sério, mas também uma sensibilidade que lembrava muito o irmão mais velho.
Falando em Rafa, ele estava morando na Inglaterra agora, prestes a se casar. Conheceu uma garota encantadora por lá, uma surpresa para mim, já que eu tinha quase certeza de que ele era gay.
Mas o amor sempre encontra um jeito de surpreender, e o sorriso que Rafa exibia nas fotos ao lado dela era prova disso.
A vida havia mudado tanto nos últimos anos, mas algumas coisas permaneciam as mesmas, como Manuela tentando dobrar Beto com seus "Paizinhos" estratégicos e aquele olhar irresistível.
Eu me acomodo no sofá, observando a cena familiar, sentindo o calor confortável da nossa rotina diária, mas sempre com um toque de carinho e humor nas pequenas interações.
— Mãããããeeeee! — ouço a voz de Miguel, e quando olho, lá está ele, sujo de barro da cabeça aos pés, junto com Osires, o cachorro dele, igualmente imundo.
