Roberto Nascimento, conhecido como o "Diabo de Preto", é um dos capitães mais temidos do BOPE, a elite da polícia militar. Sua vida é marcada pela violência das favelas do Rio de Janeiro, onde ele enfrenta diariamente traficantes e criminosos, impon...
Gatilhos: Temas sobre o abuso sexual infantojuvenil, não terá detalhamentos, somente informações. Caso seja sensível por favor pule.
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Quartel do BOPE, Laranjeiras, Rio de Janeiro
_ Esse é o morro do Alemão inteiro? – Lia pergunta, observando o grande mapa espalhado sobre a mesa.
Seus olhos percorrem cada detalhe com atenção, e eu aceno em concordância, confirmando.
_ Fique tranquila, você não está sendo presa – digo, puxando uma cadeira para ela se sentar. Meu tom é firme, mas tranquilo, tentando quebrar o clima tenso da sala.
Ela se acomoda, e seu olhar continua atento, embora cauteloso. Ao pegar o copo de plástico com água sobre a mesa, dá um gole pequeno, como se precisasse de um momento para organizar os pensamentos. Seu corpo estava tenso, como se estivesse prestes a desabar, mas mantendo uma postura firme.
A decisão de fazer essa reunião com Lia veio após percebermos que ela poderia ser uma peça crucial para entender a situação.
Não podíamos mais nos dar ao luxo de ignorar qualquer informação, por mínima que fosse. O Complexo do Alemão estava estranhamente calmo, e precisávamos saber tudo que ela sabia.
Encaro o mapa do Complexo do Alemão, analisando o mapeamento completo das bocas de fumo e a localização estratégica dos "soldados" do Alemão. Apesar do trabalho minucioso, um detalhe me incomodava profundamente.
A calma.
Estava tudo tranquilo demais. Nem os bailes funk, que normalmente infernizavam as madrugadas, estava acontecendo. O movimento havia diminuído drasticamente.
Alemão tinha cortado pela metade as "biqueiras". Antes, cada rua contava com três ou quatro pontos de venda, agora havia uma a cada duas ruas. Algo estava fora do lugar, como se fosse a calmaria antes da tempestade.
_ Bom dia – Francis entra na sala de reuniões com passos firmes.
_ Bom dia – respondo sem desviar os olhos do mapa, o nó na minha mente ainda se formando – Cadê o resto?
_ Já estão vindo, capitão – ela responde, ajeitando o cabelo, enquanto me lança um olhar rápido. Eu aceno em resposta.
Aos poucos, os outros membros da equipe entram na sala. Eu me sento, tentando controlar o estresse. Girei a caneta entre os dedos repetidamente, uma tentativa inútil de manter a calma. O silêncio se instala, apenas quebrado pelo ranger das cadeiras.
_ Bem, o celular já está com nossos técnicos. Estão verificando se conseguem extrair algo a mais – diz o coronel, firme. Eu assinto lentamente, ainda refletindo sobre o vazio nas ruas.
_ Você tem alguma ideia de quem possa ser? – ele continua, o tom mais direto.
_ Não... – digo com um leve pesar – Eu nunca vi esse cara antes. Não o reconheço como um dos homens do Alemão.
