41 - Verdades

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04:35 AM

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04:35 AM

Abro os olhos com dificuldade, tentando me acostumar com a luz do celular, eu olho para o celular, vendo a enxurrada de mensagens de Beto. Coloco rapidamente o shorts, movendo-me em direção à porta. 

Já são mais de duas da manhã. Agradeço mentalmente por Amanda estar na casa do namorado, poupando-a desta confusão.

_ Beto... o que aconteceu? – Pergunto, ao abrir a porta.

Beto está com uma expressão séria, uma das mãos apoiada no batente da porta. Seu olhar é intenso, quase raivoso. Ele me puxa para dentro e fecha a porta com um estrondo.

_ Eu estava em uma operação – ele diz, a voz carregada de frustração e raiva, enquanto me empurra para dentro da casa.

_ Você está bem? – Pergunto, sentindo um frio na espinha e tentando manter a calma.

_ Ele está aqui? – Beto pergunta, olhando ao redor da sala com uma expressão tensa.

_ Quem? – Pergunto, confusa e assustada.

_ O pai da sua filha – as palavras dele são como um balde de água fria, e meu corpo fica gelado. 

A garganta aperta, e engulo em seco, tentando processar a informação.

_ Do que você está falando? – Minha voz sai trêmula enquanto me afasto dele, meu coração acelerado.

A imagem de um passado que pensei estar enterrado começa a se formar em minha mente, e o medo se instala. 

_ Estou falando dessa merda! – Beto grita, jogando a caixa aos meus pés com raiva.

Olho para a caixa no chão e, com as mãos trêmulas, a pego. Dentro estão fotos antigas da minha adolescência, incluindo algumas de mim e Foguinho. Reconheço também fotos recentes de Manu e também de recém-nascida. 

O peso das lembranças e da situação faz com que meu coração bata mais rápido.

_ Onde... onde você achou isso? – Pergunto, a voz saindo tremida, enquanto examino as fotos.

_ Na casa dele, no Complexo do Alemão – Beto responde, sua voz carregada de frustração e desprezo. 

Engulo em seco, o medo e a culpa misturando-se em meu peito.

_ Beto, deixa eu explicar – peço, tentando manter a calma apesar do pânico crescente.

_ Explicar o quê, Amália? – Ele pergunta, seus olhos vermelhos e cheios de raiva. -  Explicar que Manuela é filha de um traficante? Explicar que você colocou a minha vida e a do meu filho em risco? – Ele eleva a voz, o tom cheio de acusação.

_ Não grita, a Manu está dormindo – digo, sentindo lágrimas começarem a se formar em meus olhos. 

Meu coração se aperta, pensando no risco que Manu pode estar correndo.

_ Isso não é o pior – Beto diz, o tom de sua voz mudando para uma mistura de raiva e desesperança. - O pior é isso aqui.

Ele joga mais algumas fotos em minha direção. Olho para elas, e meu estômago se revira ao ver imagens de mim em Angra, no pagode, na clínica na sexta-feira, e em uma praça de alimentação com Rafa e Manu. 

_ Esse filho da puta sabe a cara do meu filho! – Beto grita novamente, a raiva agora visível em sua expressão. - Você colocou a vida do Rafael em risco, sua vagabunda!

_ Eu já disse para você não gritar, que a minha filha está dormindo, caralho! – Retruco, me aproximando com uma mistura de raiva e desespero.

Meu desejo é proteger minha filha e limpar a bagunça que minha vida se tornou.

O medo pelo bem-estar de Manu domina meus pensamentos. Sinto a necessidade urgente de resolver a situação e garantir a segurança da minha família.

_ Porra! – Beto berra, dando um soco na parede. O estrondo ecoa pela casa, e seu rosto está vermelho de raiva. - Maldita foi a hora que eu me envolvi com uma puta! – ele continua, a voz cheia de desprezo e frustração. - Filha da puta!

_ Para de gritar! – exijo, batendo no seu peito, a raiva e o desespero transbordando. - Para de gritar, que minha filha está dormindo, porra! – sem pensar, dou alguns tapas em sua boca para silenciá-lo.

Ele se afasta, os olhos cheios de lágrimas e a respiração entrecortada. Funga, tentando recuperar o controle. Eu passo as mãos pela cabeça, desesperada e confusa.

_ Você devia ter me contado a verdade – ele diz, o tom de sua voz agora mais baixo, mas carregado de dor.

_ Eu não via ele há cinco anos – explico, lutando para manter a calma. - Ele apareceu esses tempos, e quando eu soube o que ele estava envolvido, me afastei.

_ Você sabia? – Beto pergunta, a incredulidade em sua voz. - Me diz a verdade. Me diz que você não foi naquele morro, Amália... Me diz que você não subiu naquele morro.

_ Beto... – começo, mas ele explode novamente, sua raiva transbordando.

_ Porra, filha da puta! – ele grita, chutando o sofá com força. - Porra!

Beto começa a andar de um lado para o outro, passando a mão na cabeça, visivelmente perturbado. Eu sinto as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas, a dor e a culpa quase me paralisando.

_ Aonde você vai? – pergunto, vendo-o se aproximar da porta e segurar a maçaneta.

Ele me encara, nega com a cabeça e abre a porta com um gesto firme.

_ Nunca... nunca mais chega perto de mim – ele diz, a voz baixa, mas cheia de ressentimento.

_ Beto... – tento falar, mas ele me interrompe com uma frieza dolorosa.

_ Some da minha vida, sua vadia – ele diz, antes de bater a porta com força, deixando-me sozinha, atônita e com o coração partido.

A verdade venho da pior maneira possível.

A verdade me mostrou o pior lado dele. 

A verdade é que eu estava apaixonada pelo Capitão Nascimento.

FIM

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Nem tudo é flores, ne?

Beijocas

Esse capitulo tem 1000 palavras aproximadamente.

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