14 - Presa

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Acordo Manuela antes do amanhecer, ainda envolta na serenidade do quarto

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Acordo Manuela antes do amanhecer, ainda envolta na serenidade do quarto. Com cuidado, troco sua roupa enquanto ela está meio adormecida, e logo estamos prontas para sair. 

O relógio mal marca 07:30, e a casa ainda está silenciosa. Ele não havia acordado, e isso me deu a chance de partir sem precisar enfrentar mais uma despedida.

Antes de sair, faço questão de deixar tudo organizado no quarto, arrumando a cama e recolhendo qualquer vestígio da nossa estadia. Fecho a porta com cuidado, e com Manuela ao meu lado, caminho pelos corredores do apartamento, o som dos nossos passos ecoando suavemente. Não olho para trás, concentrada em seguir em frente até chegarmos ao ponto de ônibus.

O sol já está brilhando forte sobre o Rio de Janeiro quando finalmente embarcamos. A cidade começa a despertar para o sábado, e eu sinto o calor do sol filtrando pelas janelas do ônibus. 

Manuela, que havia ficado sonolenta durante a caminhada, desperta completamente agora, seus olhos curiosos observando tudo ao redor. Ela se ajeita no assento ao meu lado, cheia de energia, sem vontade de voltar a dormir.

É sábado, e isso significa que ela passará o dia inteiro comigo. Sorrio para ela, sentindo uma leveza no peito ao pensar nas horas que teremos juntas.

Manuela pula alegremente de degrau em degrau no escadão, sua energia contagiante me faz sorrir enquanto a sigo, apreciando a leveza do momento. O sol já está alto no céu, e o calor começa a se intensificar à medida que subimos.

Amanda já havia saído para o trabalho quando decidi aproveitar o sol para lavar as roupas. Manuela estava animada com suas bonecas, mergulhada em seu mundo imaginário. Enquanto eu brincava de casinha com ela, a tarde passava de forma tranquila.

Estava terminando de preparar o jantar para Manu quando ouvi a porta da frente se abrir. 

— Tô entrando! — a voz de Igor ressoou pela casa. — Oi, amor do tio! — ele completou, e eu pude sentir o beijo suave em minha bochecha enquanto eu me concentrava em finalizar o molho para o macarrão.

— Oi — respondi, sem tirar os olhos do fogão.

— Vim aqui ontem, mas você não estava — ele disse, encostando-se casualmente na pia. 

Igor era um velho amigo, talvez um dos poucos que eu tinha. Com seus cabelos castanhos penteados em um topete um tanto quanto peculiar, ele era alto e magro. A camisa que usava deixava seu umbigo à mostra, o que me fez sorrir.

— Decidiu me ver então? — brinquei, enquanto provava o molho para ajustá-lo.

— Ai, assim parece que eu não te vejo há anos — ele respondeu com um tom de brincadeira, e eu ri.

— Você me trocou pelo Guilherme, lembra? — perguntei, com um tom de leveza, e ele revirou os olhos.

Igor havia começado a namorar um rapaz e parecia ter se distanciado dos amigos. A mudança no foco da sua vida não passou despercebida, mas ainda assim, era bom ver um rosto familiar e sentir um pouco de conexão em meio às suas novas prioridades.

Ambições Secretas | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora