Capítulo 41

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Chorinho

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Chorinho

Assim que cruzei a linha das árvores e entrei na vila, o silêncio foi o primeiro a me abraçar. A excitação que antes tremulava em meu peito deu lugar a uma inquietação crescente. Não havia o som de risadas, de passos apressados, ou de vozes conversando nas ruas. Apenas o vazio, rompido ocasionalmente por um vento que sussurrava através das construções em ruínas.

Meu olhar subiu, encontrando o castelo no horizonte. Uma luz azul, que antes envolvia suas torres, se dissipava lentamente, como uma última respiração. Algo dentro de mim se agitou, uma sensação estranha de que aquela barreira esquisita—talvez a única coisa que separava o caos do que restava—tinha desaparecido.

Sem pensar, corri em direção ao castelo. Eu precisava saber, precisava ver com meus próprios olhos que tudo estava bem. Que os sorrisos voltariam e que aquela era a Etherion que eu conhecia. Mas à medida que me aproximava, o som de vozes carregadas de ódio e amargura começou a preencher o ar. A multidão estava furiosa, lançando suas palavras afiadas como lanças contra um homem que eu reconheci como Baltazar.

— Com licença... — minha voz era apenas um sussurro contra a fúria do povo. Tentei abrir caminho, empurrando-me contra a maré de corpos que se amontoavam. Finalmente, com muito esforço, alcancei a frente da multidão e meus olhos captaram a figura de Pietro. Ele estava lá, forte e imponente, mas havia uma tristeza em seu semblante enquanto segurava Lys em seus braços, com uma suavidade que contrastava com a severidade do momento.

Meu coração pulou no peito e corri até ele. — Tio Pietro! — Eu o abracei com toda a força que tinha, tentando transmitir tudo o que não conseguia dizer em palavras.

Ele olhou para mim, e naquele olhar havia algo indecifrável, algo que me fez sentir pequena e protegida ao mesmo tempo. Um sorriso breve tocou seus lábios antes de sua mão se erguer para acariciar minha cabeça. Mas então ele se afastou novamente, sua atenção voltada para a multidão.

Eu estava desesperada. Meu olhar encontrou Lysander, pálido e inerte nos braços de Pietro. — O que aconteceu com ele? Ele está bem? — As lágrimas vieram antes que eu pudesse contê-las, escorrendo por meu rosto enquanto minha voz falhava.

Pietro assentiu, seu tom suave, mas firme. — Sim, pequena, ele vai ficar bem. — Ele parecia cansado, como se estivesse carregando o peso de todo o mundo nos ombros. — Hoje, o horror terminou. A tirania de Baltazar foi destruída e Etherion é nossa novamente. Mas a vitória tem um custo, e esse custo é visível nas ruas vazias, nas casas destruídas, nos olhos de quem sobreviveu.

A multidão irrompeu em gritos de celebração, mas tudo que eu conseguia sentir era um aperto no peito. Abracei Pietro com mais força, temendo que algo ainda pudesse dar errado. Mas ele, sempre o protetor, me trouxe para frente e passou a mão pelos meus cabelos, como se quisesse me assegurar de que tudo ficaria bem.

— Primeiro, reconstruiremos. Depois, a vingança virá, se necessário. Nosso povo precisa de esperança, não de mais destruição. — Seu olhar percorreu a vila, tomando nota dos estragos, das vidas que precisariam ser reerguidas do chão.

A Maldição De WesterfairOnde histórias criam vida. Descubra agora