Capítulo 44

128 17 2
                                    

Cassie

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Cassie

Eu me inclinei sobre o corvo, observando-o beber a água que deixei num pequeno copo.

— Você vai ficar aí, e não vai tocar em nada! Me ouviu? — adverti, sentindo o peso do absurdo ao ameaçar uma criatura tão pequena.

— Se cagar em alguma coisa, eu te jogo no lixo! — continuei, com mais desdém do que raiva, já me convencendo de que aquele corvo não poderia, de jeito nenhum, ser Pietro.

Peguei minha bolsa, ajeitando-a no ombro.

— Eu volto logo — murmurei, saindo de casa com uma pressa que não sabia se vinha da ansiedade ou do desejo de fugir de tudo que vinha se acumulando.

As ruas da Califórnia estavam cheias de vida, mas aquela agitação só me deixava mais inquieta. Eu me perguntava como aquele corvo, ou Pietro, se quisesse, conseguiria me encontrar no meio de tantos rostos. A vida parecia tão simples para essas pessoas, mas para mim, cada passo era um peso.

Acelerei o passo até chegar ao carro. O vi estacionado do outro lado da rua, um desastre de latas amassadas e embalagens de chocolate espalhadas pelo banco de trás, que gritavam minha própria bagunça interna.

Respirei fundo.

— Como eu cheguei nesse ponto? — resmunguei, jogando a bolsa no banco do passageiro e ligando o carro com a mesma energia esgotada.

Dei partida, tentando me concentrar na estrada e não no caos que fervia na minha mente. O chefe havia ligado, algo sobre um projeto aprovado, uma ideia que eu sabia que estava longe de ser boa. Eu deveria estar aliviada, mas a incerteza apenas me fazia duvidar ainda mais do que estava por vir.

Liguei o rádio, tentando abafar os pensamentos que me corroíam. Linkin park ecoou nos alto-falantes, mas a lembrança daquela música só apertou mais meu peito. Troquei de estação sem pensar duas vezes.

Estacionei em frente ao prédio comercial e, com uma resignação amarga, peguei meus papéis e entrei. Sentia os olhares sobre mim, como se o mundo soubesse do meu fracasso iminente. Ignorei tudo e segui para o elevador, apertando o botão do último andar. O vigésimo segundo.

Cheguei à sala do meu chefe, batendo três vezes antes de ouvir a resposta que já esperava.

— Entre.

Lá estava ele, Mark R. Whitmire, imerso em seus jornais, como se nada mais no mundo importasse. Quem ainda lia jornais físicos hoje em dia? Aquele homem parecia um anacronismo ambulante, preso em uma era que já devia ter acabado.

— Sente-se — ordenou, sem nem desviar o olhar do papel impresso.

Obedeci. Ele estendeu a mão sem tirar os olhos da leitura, e eu lhe entreguei os rascunhos. Observava-o analisar as folhas, esperando pelo julgamento. Quando ele finalmente largou o jornal e seus óculos, foi como se ele finalmente visse, de fato, quem estava à sua frente.

A Maldição De WesterfairOnde histórias criam vida. Descubra agora