Capítulo 64

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Anne Campbell

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Anne Campbell

O som do trem despencando em minha direção foi a última coisa que ouvi. As luzes que brilhavam nos belos estilhaços de gelo se desmancharam ao lado do trem, e, por um momento, achei que vi Edric, Gideon e Reynard caindo da mesma forma.

Não havia para onde correr, não havia o que fazer.

A escuridão tomou conta. Aquele limbo nos envolveu, e minha visão foi desaparecendo aos poucos até que o frio me dominou por completo, e eu me perdi no vazio. Um silêncio se abateu sobre mim, um vazio que parecia eterno.

Nem sequer tive tempo de pedir desculpas a Lysander, de me despedir dele ou de aceitar que estava morrendo pela segunda vez. É tão estranho... a morte nunca parecia definitiva para mim. Eu sentia que ela era apenas um ponto de transição, um portal entre as histórias, entre as vidas.

A morte, afinal, não é o fim. Talvez, em nenhum lugar. Talvez seja sempre o início de uma nova jornada.

Memórias de minha antiga vida em Westerfair começaram a se infiltrar em minha mente. Eu me via ao lado de minha mãe e meu pai, suas figuras me confortando por um breve instante.

Eu sonhava com eles todas as noites, ainda que tentasse, desesperadamente, esquecê-los. Nada daquilo fazia sentido agora. Tudo o que importava havia sido deixado para trás.

...

Senti meu corpo flutuando em um espaço indefinido, um barulho forte de vento ressoando ao meu redor, como se me empurrasse para algum lugar desconhecido.

O ar estava sufocante, e eu não conseguia respirar direito. Era como estar sendo arrastada por uma corrente de vento.

Então, em meio àquela confusão, uma visão horrível tomou conta de mim. Um homem mascarado, empunhando um machado, veio em minha direção. O pânico tomou conta do meu corpo e meus olhos se abriram num ato desesperado.

Acordei sendo engolida por uma onda gigantesca. Fui jogada para o fundo, me debatendo freneticamente enquanto lutava para subir à superfície. Minhas pernas queimavam de exaustão, e meus pulmões pareciam prontos para explodir de tanta água que eu já havia engolido.

Quando finalmente consegui alcançar o ar, olhei ao redor para entender o que estava acontecendo. Estava no meio de um oceano imenso e hostil, com ondas impiedosas ameaçando me afundar a cada segundo.

— Socorro! — gritei com o que me restava de voz, mas o som era abafado pelas ondas e pelos ventos furiosos.

Meus pulmões ardiam, cada respiração era uma batalha. Olhei para cima e vi uma estrutura de metal imensa. Era uma plataforma de petróleo, igual àquelas das histórias que meu pai me contava, mostrando-me fotos sempre que voltava para casa.

A maré continuava a me arrastar, e as vigas estavam longe demais para eu conseguir agarrá-las.

Mais uma onda dessas e eu estaria frita.

A Maldição De WesterfairOnde histórias criam vida. Descubra agora