Capítulo 39

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Lysander

Com a contagem finalizada, Alden apertou com força, e o estalo seco do osso quebrado ecoou pelo quarto. A dor foi tão intensa que meu grito de agonia foi sufocado pela falta de ar. Meu corpo se contorceu involuntariamente, tentando escapar daquele tormento, mas era inútil.

Alden continuou segurando minha perna com firmeza, enquanto lágrimas finalmente escorriam por seu rosto, mesmo ele tentando manter sua expressão de determinação. Ele sabia o que havia feito. Sabia que, com isso, me tornava incapaz de fugir, incapaz de desafiá-lo, e isso era o que ele queria.

A dor era insuportável, e tudo o que consegui fazer foi continuar chorando, sentindo uma raiva crescente por aquele que deveria me proteger, mas que, ao invés disso, se tornou meu maior tormento.

Alden se levantou lentamente, passando a mão pelo rosto, tentando secar as lágrimas teimosas que ainda caíam. Ele olhou para mim uma última vez, seu olhar misturando arrependimento e algo que eu não conseguia decifrar.

- Isso é para o seu bem, Lysander. Você ainda vai entender - disse ele, com a voz rouca.

Sem esperar por resposta, ele se afastou, saindo do quarto e me deixando ali, sozinho com a dor e a solidão. Eu sabia que Alden estava errado, que sua forma de me proteger estava destruindo a nós dois, mas não tinha mais forças para resistir. Meu corpo tremia de dor, e minha mente estava exausta.

Enquanto a escuridão da inconsciência se aproximava, uma única certeza ocupava minha mente: eu precisava escapar desse inferno. Mesmo que isso significasse sacrificar o último laço que ainda me unia ao meu irmão.

Alden

Caminhei pelos corredores de Etherion, meus passos ecoando pesadamente no silêncio do castelo. Cada passo era um lembrete do que acabara de fazer, e a tensão nos meus músculos refletia o tumulto na minha mente. As lágrimas haviam secado, mas a culpa ainda estava presente. Sabia que não podia voltar atrás, e o que eu fiz era irreversível.

O som de passos apressados se aproximou, e eu olhei para trás. Gideon estava vindo em minha direção com um olhar preocupado.

- Alden! - exclamou Gideon, parando a poucos passos de mim. - Onde você esteve? E onde está Lysander?

Parei e encarei Gideon, tentando manter a indiferença. O peso da responsabilidade estava sobre meus ombros, e precisava manter a compostura para cumprir meu papel.

- Lysander está em seu quarto - respondi, com a voz controlada, embora minha expressão revelasse um cansaço e dor profundos. - Ele... precisava ser contido. Eu cuidei disso.

Gideon franziu a testa, misturando confusão e preocupação crescente.

- Contido? O que exatamente você fez, Alden? O que aconteceu com ele?

Suspirei, sentindo a dor das minhas decisões misturar-se com a pressão de responder a Gideon.

- Fiz o que era necessário para garantir que ele não fugisse - disse, com uma determinação sombria. - A situação está fora de controle, e é meu dever proteger o reino de qualquer ameaça, mesmo que isso signifique medidas drásticas.

Gideon olhou para mim com desconfiança. - E o que você planeja fazer agora? O povo está se rebelando, e você... Você parece estar em conflito consigo mesmo. É isso que o rei Baltazar quer?

Desviei o olhar, sentindo o peso das palavras de Gideon. Sabia que ele estava certo, mas minhas ações eram ditadas pela necessidade de controle e pela crença de que estava agindo para o bem maior.

Porque eu de fato estava.

- O que eu faço agora é enfrentar a rebelião e proteger o reino - respondi, tentando manter a autoridade na voz. - O resto é secundário. Preciso me concentrar na tarefa diante de mim.

A Maldição De WesterfairOnde histórias criam vida. Descubra agora