Capítulo 53

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— Cassete, você está vivo...

Abri os olhos lentamente, enxergando tudo embaçado ao meu redor. A figura à minha frente era apenas um vulto, e a grama sob meu corpo começou a espetar e incomodar.

Uma risada ecoou, uma que me parecia familiar, embora eu não soubesse de onde.

— Claro que está vivo, você é imortal, garoto — ele disse, dando três tapinhas no meu ombro. — Vamos, levante.

Não me mexi. Estava exausto, confuso, e a ideia de continuar deitado ali por décadas não me parecia tão ruim.

— Não acredito que você hibernou por um ano aqui na mata — ele arqueou as sobrancelhas.

Um ano?

— Espera... O quê? — foi tudo que consegui dizer.

— Você deve estar confuso pra caralho... — ele acendeu um charuto estranho. — Vamos, temos muito o que fazer.

— Quem é você? — me sentei devagar, ainda ajustando meus olhos à luz do sol.

— Fylanor — respondeu, dando de ombros. — Não se lembra de nada, então não faz sentido esconder minha identidade.

— O que você sabe sobre minhas memórias? — meu coração disparou. Ele soltou uma baforada de fumaça, observando as montanhas no horizonte.

Rosnei. — Responda, porra!

— Sei de tudo, garoto — ele apontou para mim, seu olhar sério. — E também sei que ficar aí no chão, se lamentando, não vai resolver nada.

Levantei num salto, limpando a sujeira da minha calça com tapas rápidos. Olhei ao redor, focando no horizonte. Aquele lugar era lindo, muito mais bonito que o reino estranho de onde eu vim.

— Eu nem sei qual é o meu nome — suspirei. — Só sei que acordei e achei que matei uma mulher... talvez seja por isso que vieram atrás de mim.

Ele respirou fundo, apagando o charuto branco no chão com um pisão pesado. — Tenho pena de você, garoto.

Garoto...

Aquele apelido soava familiar, mas eu não conseguia identificar de onde vinha.

— Sabe quem eu sou? — perguntei, com um fio de esperança.

Fylanor esticou os braços, alongando-se preguiçosamente. — Hm...! Talvez... — não se importou com o meu desespero.

Minha paciência estava se esgotando.

Era incrível como eu estava suscetível a me irritar com facilidade.

— Qual é o meu nome?

Ele olhou ao redor, pensativo. — Seu nome...? Bem... — ele olhou para uma pedra próxima. — P... — vimos um esquilo passar, com uma noz na boca. — E... Não! Pedro é muito comum. Tem que ser algo diferente...

Do que diabos ele estava falando!?

— Pietro! — ele bateu palmas, me assustando. — Isso! Seu nome é Pietro!

— Pietro? — ri baixinho, descrente. — Você está brincando comigo?

— Aceite, é seu novo nome! Sou ótimo com nomes.

Pietro...

Que nome horrível.

— Pietro significa pedra, e você dormiu feito uma pedra! — ele riu, uma risada rouca de fumante, tossindo em seguida e batendo no peito. — Cassete! Estou ficando velho!

A Maldição De WesterfairOnde histórias criam vida. Descubra agora