— Cassete, você está vivo...
Abri os olhos lentamente, enxergando tudo embaçado ao meu redor. A figura à minha frente era apenas um vulto, e a grama sob meu corpo começou a espetar e incomodar.
Uma risada ecoou, uma que me parecia familiar, embora eu não soubesse de onde.
— Claro que está vivo, você é imortal, garoto — ele disse, dando três tapinhas no meu ombro. — Vamos, levante.
Não me mexi. Estava exausto, confuso, e a ideia de continuar deitado ali por décadas não me parecia tão ruim.
— Não acredito que você hibernou por um ano aqui na mata — ele arqueou as sobrancelhas.
Um ano?
— Espera... O quê? — foi tudo que consegui dizer.
— Você deve estar confuso pra caralho... — ele acendeu um charuto estranho. — Vamos, temos muito o que fazer.
— Quem é você? — me sentei devagar, ainda ajustando meus olhos à luz do sol.
— Fylanor — respondeu, dando de ombros. — Não se lembra de nada, então não faz sentido esconder minha identidade.
— O que você sabe sobre minhas memórias? — meu coração disparou. Ele soltou uma baforada de fumaça, observando as montanhas no horizonte.
Rosnei. — Responda, porra!
— Sei de tudo, garoto — ele apontou para mim, seu olhar sério. — E também sei que ficar aí no chão, se lamentando, não vai resolver nada.
Levantei num salto, limpando a sujeira da minha calça com tapas rápidos. Olhei ao redor, focando no horizonte. Aquele lugar era lindo, muito mais bonito que o reino estranho de onde eu vim.
— Eu nem sei qual é o meu nome — suspirei. — Só sei que acordei e achei que matei uma mulher... talvez seja por isso que vieram atrás de mim.
Ele respirou fundo, apagando o charuto branco no chão com um pisão pesado. — Tenho pena de você, garoto.
Garoto...
Aquele apelido soava familiar, mas eu não conseguia identificar de onde vinha.
— Sabe quem eu sou? — perguntei, com um fio de esperança.
Fylanor esticou os braços, alongando-se preguiçosamente. — Hm...! Talvez... — não se importou com o meu desespero.
Minha paciência estava se esgotando.
Era incrível como eu estava suscetível a me irritar com facilidade.
— Qual é o meu nome?
Ele olhou ao redor, pensativo. — Seu nome...? Bem... — ele olhou para uma pedra próxima. — P... — vimos um esquilo passar, com uma noz na boca. — E... Não! Pedro é muito comum. Tem que ser algo diferente...
Do que diabos ele estava falando!?
— Pietro! — ele bateu palmas, me assustando. — Isso! Seu nome é Pietro!
— Pietro? — ri baixinho, descrente. — Você está brincando comigo?
— Aceite, é seu novo nome! Sou ótimo com nomes.
Pietro...
Que nome horrível.
— Pietro significa pedra, e você dormiu feito uma pedra! — ele riu, uma risada rouca de fumante, tossindo em seguida e batendo no peito. — Cassete! Estou ficando velho!
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A Maldição De Westerfair
Romance"Não adianta fugir de mim, coelhinha. Eu sempre estarei escutando cada passo que você der na Terra." Uma vila amaldiçoada, um mundo alternativo, um casarão assombrado, e um stalker. Cassie Kennedy decidiu trancar sua faculdade de psicologia na Calif...