— Senhor Dewis! — bati repetidamente na porta, quase a ponto de machucar meus dedos.
Eu sabia que recorrer ao Sr. Dewis era uma escolha arriscada. Os boatos sobre ele não eram dos melhores, e havia a suspeita de que seu comportamento fosse... criminoso, para dizer o mínimo.
Mas o que mais eu poderia fazer?
Não havia sinal de celular, nem a mais remota chance de uma viatura policial chegar ali antes que algo terrível acontecesse.
A porta se abriu de repente, com uma força bruta que me fez dar um passo para trás. O Sr. Dewis apareceu no batente, os olhos semicerrados e uma expressão de aborrecimento estampada em seu rosto.
Ele ergueu uma sobrancelha com evidente tédio. — O que foi? — perguntou, a voz pesada de desinteresse.
Respirei fundo, tentando reunir coragem para falar. Parte de mim ainda questionava se os rumores sobre ele eram verdadeiros, se ele realmente era alguém confiável. Mas havia algo mais profundo que sussurrava dentro de mim, uma intuição primitiva que me dizia que, naquela cidade estranha, confiar em alguém, até mesmo nele, era minha única opção.
— Tem... tem um homem dentro do meu casarão! — as palavras saíram mais rápido do que eu esperava, revelando o pânico que eu tentava manter sob controle.
Para minha surpresa, ele apenas riu, como se tivesse acabado de ouvir uma piada sem graça.
Sem uma palavra a mais, ele fechou a porta na minha cara.
Fiquei ali, paralisada, sem saber como reagir. O choque percorreu meu corpo como uma corrente elétrica. Mas, antes que eu pudesse tomar qualquer decisão, a porta se abriu novamente, e dessa vez, ele segurava uma espingarda nas mãos, uma expressão diferente no rosto, ainda cínica, mas com um brilho de algo que parecia ser diversão.
— Tem certeza que não é só mais um fantasma do casarão Kennedy? — ele perguntou com uma risada curta e sarcástica.
— Fantasma? Acho que não! — repliquei, nervosa, enquanto o seguia em direção à minha casa.
Ele me fez abrir a porta, observando cada movimento das minhas mãos trêmulas enquanto eu destrancava o cadeado. Sem esperar, entrou com passos firmes e decididos, a espingarda pronta para o que quer que estivesse à espreita.
Sem hesitar, subiu as escadas como se já soubesse exatamente para onde estava indo.
Cada passo que ele dava ressoava alto no silêncio pesado da casa. Ele foi direto ao meu quarto e empurrou a porta com tanta força que ela bateu contra a parede, fazendo o som ecoar pelos corredores vazios. Ele apontou a arma pelo ar, seus olhos afiados percorrendo cada canto do ambiente.
Nada.
O quarto estava vazio.
Com um suspiro de frustração, ele saiu, andando pelo corredor e abrindo cada porta como se estivesse caçando algo invisível.
Eu o segui de perto, mal conseguindo respirar, como se o medo tivesse criado um nó apertado na minha garganta. Ele, por outro lado, parecia completamente à vontade, quase entediado, enquanto vasculhava todos os cômodos da casa.
Por fim, ele se virou para mim, e havia um sorriso irônico curvando os cantos de seus lábios. — Acho que você está vendo coisas — disse, a voz carregada de desprezo velado.
— Eu juro! Eu vi um homem... ele estava me encarando da janela do meu quarto!
Ele me lançou um olhar longo, como se estivesse me avaliando, antes de dar de ombros. — Não duvido das suas palavras. Mas como eu disse, deve ser só mais um espírito desse casarão maldito. — Com isso, saiu pela porta, voltando para sua própria casa, como se nada de extraordinário tivesse acontecido.
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A Maldição De Westerfair
Romance"Não adianta fugir de mim, coelhinha. Eu sempre estarei escutando cada passo que você der na Terra." Uma vila amaldiçoada, um mundo alternativo, um casarão assombrado, e um stalker. Cassie Kennedy decidiu trancar sua faculdade de psicologia na Calif...