Capítulo 55

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Pietro

O choque foi imediato. Cassie congelou, seus olhos arregalados, a expressão oscilando entre incredulidade e constrangimento. O silêncio que se seguiu foi denso, como se o próprio mar tivesse parado de se mover.

Ela piscou várias vezes, tentando processar o que eu tinha acabado de dizer. O rubor começou a subir por seu pescoço e tomou conta de seu rosto, seus lábios tremendo levemente antes de conseguir emitir qualquer som.

- O quê? - Sua voz saiu como um sussurro abafado, a confusão evidente, mas também... algo mais.

Havia vergonha e choque, claro, mas talvez um traço de algo que ela não queria admitir.

Apertando o pote nas mãos, Cassie desviou o olhar para o mar, tentando escapar da pergunta, mas sua respiração acelerada a traía.

Eu sabia que havia algo ali.

A hesitação, a forma como ela tentou disfarçar seu desconforto, tudo indicava que Noah tinha plantado essa ideia na cabeça dela.

E agora, era hora de descobrir quão fundo essa semente havia crescido.

Enquanto ela hesitava, voltei a me concentrar nas comidas simples espalhadas pelo piquenique improvisado. Cortei uma fatia de bolo com precisão, mas o silêncio dela estava começando a me incomodar.

Mesmo já sabendo qual seria a resposta, queria ouvir da boca dela.

- Sim ou não?

Minhas mãos continuavam o movimento mecânico de cortar o bolo, enquanto minha atenção permanecia fixa nela.

Vi seus dedos trêmulos apertarem o tecido do vestido, como se fosse a única âncora em um mar de incertezas. Sua voz saiu hesitante, quase trêmula:

- É... Se você... quiser...

Ela gaguejou, e isso me deu uma sensação estranha, uma mistura de controle e poder.

Analisei cada movimento, cada respiração presa, cada mínima reação. O olhar intenso que lancei sobre ela parecia só aumentar sua ansiedade, e, por algum motivo que eu não entendia completamente, estava gostando disso.

O desconforto dela, sua submissão nervosa...

Era quase viciante.

- Eu também quero você, Cassie. – menti.

A surpresa em seu rosto foi imediata.

Ela arregalou os olhos, e, por um instante, tive a impressão de que podia ouvir seu coração disparar dentro do peito. Um sorriso torto se formou em meu rosto. Ela estava acreditando em cada palavra, cada mentira.

- Ah, mas... – ela começou, tropeçando nas palavras – esse piquenique não tem... segundas intenções... É só para eu conhecer você melhor...

Me conhecer melhor? Sério?

Essa garota é mesmo ingênua.

Ela mal conhece o Noah e já está pronta para se entregar como um presente embrulhado? Ela não faz ideia do perigo que está correndo, e por algum motivo, isso a torna ainda mais vulnerável aos meus olhos.

Pobrezinha, nunca teve ninguém para ensiná-la a se proteger de tipos como ele.

Meu silêncio falou mais do que mil palavras, enquanto eu pensava como aquele idiota, o verdadeiro Noah, reagiria a isso.

Provavelmente, ele já teria avançado nela sem pensar duas vezes. Era quase patético o quanto ela estava perdida, sem saber que estava à mercê de alguém como eu.

A Maldição De WesterfairOnde histórias criam vida. Descubra agora