Capítulo 07

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Gregório Frank

Eu acordo com o som do despertador, mas minha mente já estava desperta há algum tempo. Uma nova manhã, mas os mesmos pensamentos me perseguem. Rubi Sentinelli ocupa minha mente desde o momento em que a conheci, e agora parece que ela se enraizou em cada canto do meu cérebro. Mas não posso me deixar levar. Tenho um trabalho sério pela frente, uma investigação delicada que não me dá espaço para distrações.

Saio da cama, faço minha rotina de exercícios matinais e depois sigo para o banho. A água fria ajuda a acalmar o turbilhão de pensamentos. Enquanto o chuveiro derrama sobre mim, organizo o dia na minha cabeça: a investigação, as reuniões com a equipe, e, claro, como conseguir novas informações sobre essa rede de tráfico de mulheres. Mais de mil mulheres já foram levadas à força para a Europa, e as autoridades ainda estão de mãos atadas. Isso precisa mudar. Eu preciso ser parte dessa mudança.

Visto uma camisa preta ajustada, que realça meus ombros largos e peitoral, e uma calça social cinza escura. Completo o conjunto com um relógio prateado no pulso e sapatos de couro bem polidos. Eu me olho no espelho rapidamente, ajeito o cabelo para trás e saio decidido.

Chegando à minha agência, percebo que o clima está tenso. A equipe está focada, imersa nos relatórios e pesquisas. Entro na minha sala, e logo sou informado que o encontro com os detetives e a força-tarefa da polícia está marcado para daqui a uma hora.

Enquanto reviso os últimos arquivos, me permito um momento para pensar em Rubi. Ela, com toda sua energia e determinação, tão diferente do mundo sombrio em que eu vivo. Por mais que eu queira me aproximar mais dela, eu sei que minha realidade não combina com os sonhos dela de moda e criatividade. Mas uma parte de mim deseja protegê-la desse submundo horrível com o qual eu lido diariamente.

Pouco depois, o detetive chefe, Mendes, chega à minha sala.

— Frank, temos novas pistas. Mas, para agir, precisamos de provas mais concretas. — Ele diz, jogando um novo relatório na mesa.

— Eu sei, Mendes. Temos que pegar esses traficantes no ato. Se não tivermos algo sólido, eles escapam como sempre. — Respondo, frustrado. O nível de sofisticação desse esquema de tráfico é assustador. Eles são meticulosos, escolhendo mulheres específicas e utilizando métodos tão bem planejados que deixam poucas pistas.

A reunião é produtiva, mas a sensação de impotência ainda me corrói. Estamos perto, mas ainda longe o suficiente para que esses criminosos continuem livres. Precisamos de uma brecha, algo que nos leve direto ao topo da organização. A polícia já está infiltrada em alguns pontos-chave, mas ainda faltam peças nesse quebra-cabeça.

Depois de horas discutindo estratégias, volto à minha sala e fico pensando sobre como a vida de tantas jovens pode mudar num piscar de olhos, enquanto outras, como Rubi, lutam por seus sonhos em um mundo completamente diferente. É um contraste brutal.

O dia avança e continuo analisando documentos, procurando conexões que possam nos dar a prova necessária para derrubar essa rede. Mas mesmo com toda essa concentração, os olhos de Rubi continuam rondando meus pensamentos. Como se, de alguma forma, a doçura dela fosse o equilíbrio perfeito para a escuridão que estou acostumado a ver.

Ao cair da noite, deixo a agência com um misto de frustração e determinação. Não posso desistir, não até conseguir colocar esses criminosos atrás das grades e trazer paz para as famílias das vítimas.

Doce pecado - Os Irmãos Frank 2Onde histórias criam vida. Descubra agora