Capítulo 36

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Gregório Frank

As horas passaram rápidas e silenciosas, como se o tempo conspirasse para nossa fuga. Assim que deixamos o hotel, Rubi estava ao meu lado, sua mão entrelaçada na minha com uma firmeza que parecia dizer: "não me solta". Ela usava o vestido de tecido leve que comprei, e por mais simples que fosse, ela parecia uma visão. Os óculos de sol escondiam seus olhos, mas eu sabia que por trás daquela aparência calma havia medo e cansaço.

A cidade ainda acordava enquanto entrávamos no carro que Ricardo arranjou para nós. Ele estava ao volante, sempre eficiente e discreto, sem fazer perguntas. Olhei para trás, observando a entrada do hotel sumir no retrovisor. A cada quilômetro que nos afastávamos, eu sentia meu peito relaxar um pouco, como se finalmente estivéssemos deixando para trás toda a escuridão que nos cercava.

— Tudo certo, Grego? — Ricardo perguntou, com os olhos rápidos alternando entre a estrada e o espelho.

— Sim. Direto para o aeroporto. Não quero arriscar mais nada. — Respondi com firmeza.

Rubi apertou minha mão e se inclinou um pouco para mim. — Está tudo bem, meu amor. Estamos juntos agora. — Aquelas palavras eram simples, mas tinham um peso enorme. Era como se, ao dizer isso, ela selasse uma promessa de força mútua.

A viagem até o aeroporto foi rápida, mas minha mente continuava alerta, analisando cada carro que passava, cada movimento suspeito. Eu não confiava em ninguém. A sensação de que estávamos sendo vigiados ainda pulsava na minha mente, mas eu não podia deixar que isso nos paralisasse.

Chegamos ao terminal particular onde nosso voo já estava à espera. Peguei as malas rapidamente e acompanhei Rubi até a entrada. Ricardo parou o carro e me lançou um olhar cúmplice.

— Vocês vão ficar bem? — Ele perguntou, sincero.

— Sim, amigo. Obrigado por tudo. — Apertei sua mão com gratidão antes de nos despedirmos.

Assim que pisamos no jatinho, Rubi suspirou aliviada e se jogou na poltrona ao meu lado, soltando o ar que parecia prender no peito desde a noite anterior.

— Estamos indo para casa. — Ela sussurrou para si mesma, como se finalmente acreditasse na realidade do momento.

O avião decolou, e eu não conseguia tirar os olhos dela. A cada vez que ela mexia na barriga, acariciando-a discretamente, meu coração se apertava. Havia tantas coisas que eu queria dizer, mas as palavras simplesmente não eram suficientes.

— Eu estava com medo. — Ela confessou de repente, virando o rosto para mim. — Medo de nunca mais sair daquela escuridão e ver você de novo, ver o seu sorriso, sentir o seu calor.

Peguei sua mão com cuidado e a levei aos lábios. — Eu prometo que ninguém mais vai te machucar, Rubi. Nem você, nem o nosso filho. — Minha voz saiu baixa, mas cheia de determinação.

Ela sorriu, mas ainda havia um brilho de dor em seus olhos.

— Eu só quero que as coisas voltem ao normal. — Disse baixinho, com um suspiro. — Eu quero voltar para casa, para o que a gente era antes de tudo isso.

Eu sabia que as coisas nunca seriam exatamente como antes. A inocência havia se perdido em meio ao caos, e agora carregávamos cicatrizes invisíveis. Mas eu daria tudo para reconstruir a paz dela, para criar um novo começo para nós.

*****

Quando o avião finalmente tocou o solo em Los Angeles, eu senti um peso sair dos meus ombros. Estávamos em casa. Estávamos a salvo. Peguei a mão de Rubi e a ajudei a descer as escadas da aeronave, onde um motorista aguardava para nos levar direto para a casa dos pais dela.

Doce pecado - Os Irmãos Frank 2Onde histórias criam vida. Descubra agora